quinta-feira, 21 de março de 2013

Sob vaias, pastor abandona sessão, mas não o cargo


Partidos também fizeram pressão para ele deixar comissão

Manifestantes protestam em frente à Comissão de Direitos Humanos da Câmara 
Após reunião com o líder do PSC, André Moura, e apelo do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para que deixasse a presidência da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que continuará no cargo.

“Eu continuo e sou presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados”, afirmou ao deixar o gabinete da liderança do partido. 
Feliciano é alvo de protestos pelo país em razão de declarações consideradas homofóbicas e racistas.

Sessão
Nesta quarta, o deputado entrou no plenário às 14h26 e ocupou a poltrona da presidência da comissão para a segunda sessão do colegiado. No momento em que começou a falar, ativistas gritaram palavras de ordem, como “racismo é crime”.

Pressionado a renunciar, Feliciano deixou o local cerca de oito minutos após abrir uma audiência pública que iria discutir os direitos de portadores de transtorno mental. 

Os manifestantes comemoraram a saída do deputado da sala. Quem assumiu o comando da comissão foi o Henrique Afonso (PV-AC), autor do requerimento para a convocação da audiência. Devido ao tumulto, um dos convidados, Aldo Zaiden, do Ministério da Saúde, deixou a audiência, que foi encerrada em seguida.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por declarações polêmicas contra homossexuais, passou a discutir duramente com ativistas sociais no meio do plenário e teve de ser retirado da sala sob escolta.


Frente
Uma frente suprapartidária foi criada nesta quarta contra a permanência de Feliciano na comissão. Parlamentares de vários partidos realizaram um ato contra Feliciano, num auditório lotado por representantes de entidades. Até o líder do PT, José Guimarães (CE), que teria participado do acordo que acabou levando Feliciano para presidir a comissão, criticou o deputado do PSC.

Vídeo motivou pedido de renúncia

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reuniu-se na tarde desta quarta com o líder do PSC, André Moura (SE), para discutir sobre a situação do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP).

O vídeo exibido na terça-feira no Twitter de Feliciano, com críticas aos deputados que se opuseram à sua indicação, foi a gota dágua para Henrique Alves.

Segundo Moura, o presidente da Câmara fez um apelo para que o deputado renuncie ao cargo na comissão, voltada à defesa das minorias.

O líder do PSC se comprometeu com Henrique Alves a conversar com o pastor sobre a possibilidade de ele deixar o comando da comissão, mas Feliciano se recusou a abandonar o posto.

“O presidente fez um apelo para que a gente converse com o pastor Marco Feliciano e analise a possibilidade de ele deixar a presidência da comissão. Vamos cumprir o apelo. Vamos conversar e fazer uma avaliação das manifestações externas e das ponderações do presidente da Casa”, relatou Moura.

Para Gurgel, deputado não é "adequado"
Autor da denúncia de homofobia contra o deputado Marco Feliciano no Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República Roberto Gurgel afirmou ontem que o pastor não está “minimamente indicado” para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Para Gurgel, a saída dele do cargo seria positiva. “É uma pessoa que por sua história de vida, por sua trajetória, não está minimamente indicado para presidir uma comissão importantíssima como essa”.

Em janeiro, Feliciano foi denunciado por Gurgel, que considerou homofóbica a frase do deputado no Twitter: “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”. Como não há crime de homofobia, o procurador o enquadrou em crime de discriminação, com pena de um a três anos de prisão.

O pastor ainda responde por estelionato por ter recebido R$ 13,3 mil para realizar dois cultos no Rio Grande do Sul, mas não compareceu. Ele foi intimado ontem pelo STF para prestar depoimento sobre o caso no próximo dia 5 de abril.

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Dag Vulpi

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