O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou hoje (6) nova denúncia
contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, por suposto crime de obstrução de Justiça. No entendimento de Janot, a
nomeação de Lula para ministro da Casa Civil em 2016 teve objetivo de combater
as investigações porque ele já figurava como réu em um dos processos da Lava
Jato. O ex-ministro Aloizio Mercadante também foi denunciado.
Em
março de 2016, por uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Gilmar Mendes, a nomeação de Lula foi suspensa, por entender que a nomeação
para o cargo teve o objetivo de retirar a competência do juiz federal Sérgio
Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, para julgá-lo e passar
a tarefa ao Supremo, instância que julga ministros de Estado.
Terça-feira
(5), Janot apresentou outra denúncia contra Lula e Dilma, além dos ex-ministros
da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, pelo crime de organização
criminosa. Na denúncia, Janot sustenta que os acusados formaram uma organização
criminosa no Partido dos Trabalhadores (PT) para receber propina desviada da
Petrobras durante as investigações da Operação Lava Jato.
Outro lado
Em
nota, a defesa do ex-presidente Lula declarou que Janot tem atuação “afoita e
atabalhoada” nos últimos dias do seu mandato. “Essa é a denúncia apresentada pelo
Procurador-Geral da República para o próprio Supremo Tribunal Federal, talvez
na busca de gerar algum ruído midiático que encubra questionamentos sobre sua
atuação no crepúsculo do seu mandato”, diz o texto.
A
assessoria de Mercadante disse que o ex-ministro foi absolvido das mesmas
acusações pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Em nota,
os assessores também destacam que a delação do ex-senador Delcídio do Amaral,
usada pela PGR para basear as acusações, é questionada pelo próprio Ministério
Público.
“Por
tudo isso, temos plena convicção, que agora na Justiça, teremos uma nova
oportunidade de absolvição definitiva desta mesma denúncia já julgada pela
Comissão de Ética Pública”, diz a nota de Mercadante.
A
ex-presidenta Dilma considerou lamentável que o procurador-geral da República
faça duas denúncias seguidas em menos de 24 horas com base em “provas ilegais e
nulas”. Dilma também questionou que a divulgação de uma conversa dela com o
ex-presidente Lula, pelo juiz Sérgio Moro, não tenha sido investigada.
“É
curiosa a inversão de papéis. Os que praticam abusos de direitos e vazamentos
ilegais de informações recobertas pelo sigilo legal não são sequer investigados
e seus delitos punidos. Os que são vítimas destas situações abusivas e ilícitas,
ao ver do procurador-geral da República, devem ser transformados em réus de uma
ação penal. A presidenta eleita Dilma Rousseff acredita na Justiça. A verdade
será restabelecida nos autos dos processos e na história”, diz nota divulgada
por sua assessoria.
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