Deputados
da base aliada do governo retiraram seus nomes da lista de inscrição para
discursar na etapa de debate sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer
na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara. A discussão
em torno da possibilidade de admitir ou não que a denúncia prossiga na Justiça
começou ontem (12) com mais de 100 parlamentares governistas e oposicionistas
inscritos para falar.
Para
hoje, havia 35 inscritos, mas, com a retirada dos nomes dos governistas da
lista o debate, que foi retomado hoje por volta das 9h05, pode terminar mais
cedo. Com isso, daria para garantir que a votação ocorra ainda hoje. Agora
restam para falar 18 parlamentares, todos favoráveis à admissibilidade da
denúncia.
Encerrado
o debate, o relator Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) e o advogado de defesa de Michel
Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, se manifestarão novamente em réplica
aos argumentos expostos pelos deputados. Em seguida, os membros da CCJ estarão
aptos para votar nominalmente em favor ou não do parecer de Zveiter.
O
deputado pede em seu relatório o deferimento da autorização para que a acusação
pelo crime de corrupção passiva apresentada pela Procuradoria Geral da
República (PGR) seja julgada no Supremo Tribunal Federal (STF). Se o parecer de
Zveiter for aprovado pela maioria simples dos deputados presentes na comissão,
seguirá para a apreciação do plenário.
Caso
seja rejeitado, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), designará
outro relator que deve apresentar um parecer com mérito divergente do relatório
vencido. Se o novo parecer for aprovado, é este que seguirá para votação no
plenário da Câmara.
Plenário
Apesar
da intenção da base aliada de agilizar a tramitação, a votação no plenário pode
não ocorrer até segunda-feira (17) como previsto. Depois da troca de mais de 20
membros na CCJ, o desafio dos governistas tem sido agora conseguir quórum
mínimo para abrir sessão no plenário.
De
acordo com o regimento interno da Câmara, uma sessão deliberativa pode ser
aberta com o registro de pelo menos 257 votos, mas o número é inferior ao
mínimo necessário para autorizar ou barrar a denúncia.
Segundo
a Constituição Federal, uma denúncia contra presidente da República precisa ser
autorizada por 342 deputados, o que representa dois terços dos 513
parlamentares da Câmara.
Se
a CCJ encerrar hoje a votação do parecer da denúncia, a intenção da base aliada
é de colocar o processo sob análise do plenário já amanhã (14) ou na próxima
segunda, dias tradicionalmente sem movimento no Congresso.
Os
deputados da oposição já anunciaram obstrução e querem deixar que os
governistas garantam o quórum no plenário. “A oposição está liberando seus
deputados pra ir embora. A oposição denuncia, atrapalha um pouco o Brasil, vai
embora e não quer votar. Aí não tem milagre. Sexta-feira de recesso e a
oposição foge do voto. Acho que estão com medo”, disse o vice-líder do governo
Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Diante
da estratégia oposicionista, a base já admite que a votação em plenário pode
ficar para agosto. “É possível [que fique pra agosto], isso não está fechado,
mas é possível. E a responsabilidade de 342 é da oposição: denunciou, se juntou
com JBS, se juntou com Janot, tem que votar 342, a responsabilidade é da
oposição. Por isso é que não está definido se votamos amanhã ou não. É pouco
provável, porque os regimentalistas da Câmara não conseguiram convergir se abre
[a sessão] com 257 ou 342”, explicou Perondi.
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