Os
advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram hoje (12), em
entrevista coletiva na capital paulista, que a sentença que o
condenou tem finalidade de “perseguição política”, é “meramente especulativa”.
Segundo eles, o juiz Sérgio Moro, autor da condenação, não tem a necessária
imparcialidade para julgar este processo.
A
defesa, que vai entrar com recurso contra a decisão, manifestou indignação e
apontou pontos considerados como "irregularidades" ao longo do
processo. Os advogados apontaram que a condenação usou como prova fundamental o
depoimento de Léo Pinheiro, que também é réu neste processo, e desconsiderou as
provas da inocência de Lula, apresentadas pela defesa.
“A
sentença é meramente especulativa, ela despreza as provas da inocência e dá
valor a um depoimento prestado pelo senhor Léo Pinheiro na condição de delator
informal, sem o compromisso de dizer a verdade e com manifesta intenção de
destravar um acordo de colaboração premiada”, disse o advogado Cristiano Zanin
Martins, que considera esta uma das ilegalidades cometidas no processo. Também
participou da entrevista a advogada Valeska Teixeira Zanin Martins, que chamou
a sentença de “peça de ficção”.
“Depois
de três anos de investigações, uma devassa na vida do ex-presidente, de seus
familiares e colaboradores, a única coisa que a sentença identificou para dar
sustentação a uma condenação pré-anunciada foi o depoimento do senhor Léo
Pinheiro, nada mais”, disse o advogado.
De
acordo com ele, Moro perdeu sua imparcialidade "há muito tempo", o
que é um dos fatores que caracterizam o processo como “ilegítimo”. “Hoje essa
sentença materializa o lawfare [uso de instrumentos jurídicos para
perseguição política], essa sentença materializa a perseguição política por
parte deste magistrado contra o ex-presidente Lula, que submeteu Lula a
inúmeras arbitrariedades e ilegalidades”, acrescentou Martins.
Segundo
o advogado, haveria uma terceira conduta ilegal, o cerceamento da defesa. “Ao
longo de todo o processo, nós pedimos a realização de diversas provas
documentais, periciais e outras, que foram manifestamente desprezadas e
expressamente negadas pelo juiz”.
Sobre
a reação de Lula com a condenação, o advogado disse que teve uma conversa
rápida com o ex-presidente. “[Ele] está bastante sereno, mas, como qualquer
pessoa que é condenada sem provas, que é condenada a despeito de ter feito a
prova da sua inocência, existe uma indignação natural que é a condenação diante
desse quadro”.
Prisão preventiva
Sobre
a decisão de Moro de manter Lula em liberdade, apesar de constar na sua
sentença que haveria risco de destruição de provas e de influenciar
testemunhas, o advogado disse que esse trecho da decisão é “uma afirmação
claramente de teor político”.
“Se
ele [juiz] tivesse algum elemento concreto, ele não pode julgar A ou B por ser
presidente da república ou não. Então esta sentença e essas afirmações fazem
parte de um contexto político. Qual é a prova de que o ex-presidente teve
qualquer atuação que ensejaria qualquer medida cautelar? Nenhuma. Mais uma vez
ele se refere ao depoimento de Leo Pinheiro”, disse.
Segundo
Martins, essa afirmação tem somente o objetivo de alcançar manchetes, de
macular a imagem e a honra de Lula, além de “potencializar o espetáculo
midiático penal que se transformou esse processo”.
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