Por
Zilda Borges*
Às
vezes, muitas vezes, no pequeno jardim de minha casa, na janela do meu olhar eu
fico contemplando a longitude histórica do discurso sobre o preconceito e
estigma. Eu pergunto o que o estudo sobre estes fatores ajudaram concretamente
a vida de quem sofre preconceito e o estigma?
Quando escuto uma pessoa com hanseníase, debaixo de um pé de manga no fundo do quintal, numa comunidade onde a maioria das pessoas vive do lixo da cidade, eu posso ver a longitude do discurso sobre o preconceito, estigma…
Eu pergunto para que serve este significante preconceito e estigma…? Para que serve? Estas palavras não iluminam os des-caminhos de nossas vidas… Então para que servem?
No silêncio da noite eu fiquei tentando tentando burilar estas palavras e fazer delas varias ações. Uma das ações foi reunir com pessoas atingidas pela hanseníase e juntos realizamos um levantamento sobre o que estas duas palavrinhas alteram em nossas vidas. Em poucos minutos nos vimos embruralhadas na dor de quem sofreu na pele a rejeição.
Percebemos o poder que as palavras estigma e preconceito têm, a ponto de evocar em nosso íntimo dor emocional. Uma dor que deixa nossa vida na penumbra, quase que no escuro, paralisados.
O desafio do grupo era: Vamos iluminar nossas vidas.
E a primeira luz que acendemos em nossas vidas foi; com toda dignidade, com toda autoridade substituímos a palavra preconceito por conceito e a palavra estigma por estima. Nos propusemos em falar mais do conceito da hanseníase e da estima para com as pessoas afetadas pela hanseníase.
E felizmente quando estamos embrulhados com o conceito e com a estima, somos convocadas a responsabilidade e ao acolhimento e tudo que sobra é uma pitada de alegria, um pouco de suavidade e a luz que ilumina o caminho. A estima nos cobre de esperança, afasta o medo e nos reveste de coragem.
Eu quero a movimento e a dança das palavras. Isso é LUZ
*Zilda
Borges (Psicóloga, Presidente da IDEA-Brasil)
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