Presidente
ganharia tempo com recursos e conta com demora na convocação de eleições
BRASÍLIA
— O presidente Michel Temer definiu uma estratégia jurídica para tentar ter um
desfecho favorável no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e traçou diferentes
cenários nos quais pode permanecer no cargo por pelo menos 120 dias. O primeiro
passo foi tentar devolver ao Ministério da Justiça o status perdido, com a
escolha do jurista Torquato Jardim para comandar a Pasta. O Planalto avalia que
o respaldo do jurista e especialista Torquato Jardim resulte num ambiente mais
favorável no TSE, onde Temer já tem aliados. Torquato é muito respeitado no
setor jurídico e foi advogado de vários partidos em questões eleitorais. Em
caso de cassação da chapa vencedora da eleição de 2014 e do mandato do
presidente, Temer ganharia tempo com vários recursos e contaria com uma demora
na decisão de chamar eleições indiretas.
Temer se reuniu com ministros e caciques do PMDB para tratar de vários cenários durante o final de semana. Aliados dizem que estão surpresos com a "firmeza" de Temer, que adotou um linguajar até mais enfático. O próprio Temer é jurista e conhece todos os ministros do TSE e do STF.
Temer se reuniu com ministros e caciques do PMDB para tratar de vários cenários durante o final de semana. Aliados dizem que estão surpresos com a "firmeza" de Temer, que adotou um linguajar até mais enfático. O próprio Temer é jurista e conhece todos os ministros do TSE e do STF.
Nos
encontros, Temer disse que vai recorrer, ou seja, usar de todos os meios
jurídicos à disposição.
—
Essa situação pode levar uns 120 dias. E o Temer disse que é sim um democrata e
que vai afirmar democraticamente os direitos de presidente — disse um aliado
que esteve no Palácio do Jaburu.
O
Planalto aposta que o julgamento da chapa Dilma-Temer, marcado para o próximo
dia 6, não vai terminar até o dia 8, conforme a previsão inicial. Há ainda a
expectativa de que ministros peçam vista, apesar da pressão política por um
desfecho rápido. Um dos ministros avaliou que o caso é "muito difícil e
complexo" e que não se pode prever o que vai acontecer.
A
declaração do presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, de que o Tribunal não
resolve crises políticas não foi visto como um ultimato. O planalto avalia que
Gilmar deixou claro que a questão será decidida "juridicamente" e não
com base em pressões políticas. E, no campo jurídico, Temer acredita ter armas.
Além
disso, Temer gostaria de ganhar tempo para definir a sucessão do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
ELEIÇÕES INDIRETAS
No
caso de Temer perder o mandato, as eleições indiretas serão comandadas pelo
presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (CE). E, neste caso, a
avaliação do Planalto é de que há vácuos na lei. Acreditam que não é certo que
a eleição será bicameral (Câmara primeiro e Senado depois). A um aliado,
Eunício disse que não há regras e que ele terá que definí-las. O presidente do
Congresso esteve com Temer no sábado, em encontro reservado, depois do
ex-presidente José Sarney, e viajou no domingo ao lado do presidente para
Alagoas e Pernambuco para ver os estragos das chuvas.
Eunício
tem adotado o discurso de que atua para aprovar as reformas do país e não de
Temer. Isso para tentar manter uma postura institucional se tiver que comandar
um processo de eleição indireta. Quando perguntado sobre isso, “Eunício
dispara: só falo sobre esse assunto se houver vacância do cargo”.
Via G1
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