O
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci decidiu negociar um acordo de delação
premiada com a Justiça. A informação foi confirmada pelo advogado José Roberto
Batocchio. Em nota, ele diz que está deixando a defesa de Palocci, que foi seu
cliente por mais de 10 anos, nos dois processos referentes à Operação Lava Jato
que correm na 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atua o juiz Sérgio Moro,
responsável pelo julgamento das ações.
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Em
diversas manifestações públicas, Batocchio declarou-se contrário, “por
princípio”, às delações premiadas, sobretudo de pessoas que estão presas.
Palocci está preso preventivamente em Curitiba desde setembro do ano passado.
Na
nota, Batocchio diz que seu afastamento deu-se “em razão de o ex-ministro haver
iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a
força-tarefa da Lava Jato, espécie de estratégia de defesa que os advogados da
referida banca não aceitam em nenhuma das causas sob seus cuidados
profissionais”.
O
advogado atuou na defesa de Palocci em diversos casos, incluindo o que levou à
renúncia de Palocci do cargo de ministro da Fazenda, sob a acusação de ter
violado o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O ex-ministro terminou
absolvido no processo.
A
decisão de Palocci de iniciar tratativas para um acordo de delação premiada
ocorre após a divulgação, ontem (11), do conteúdo dos depoimentos do
casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, que afirmaram que o então
ministro era o responsável pelo pagamento de recursos não declarados durante as
campanhas do PT à Presidência.
Em mensagem
recente ao Supremo Tribunal Federal (STF), no habeas corpus em
que Palocci pede para ser solto, o juiz Sérgio Moro ressaltou haver
indícios de que o ex-ministro movimentou cerca de R$ 150 milhões em um conta do
PT junto ao chamado departamento de propina da empreiteira Odebrecht. O pedido
de liberdade deve ser julgado pelo plenário da Corte.
Em
depoimento perante Moro em abril, Palocci negou ter atuado como intermediário
de caixa 2 para o PT e se disse disposto a colaborar com a Lava Jato,
indicando que poderia negociar uma delação. “Acredito que posso dar um caminho
que talvez vá dar um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”,
disse na ocasião.
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