Agência
Brasil
O
relatório do Projeto de Lei (PL) 6.787/16, que trata da reforma trabalhista,
deve ser apresentado na Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira (12). Ao
todo, o projeto recebeu 844 emendas nos 13 pontos abordados pela reforma. O
relator, deputado Rogério Marinho (PSDB/RN), criou uma força-tarefa para
agrupar as propostas de acordo com os temas tratados pelos parlamentares em
suas sugestões. A equipe vai trabalhar no próximo fim de semana para cumprir o
prazo estabelecido pelo relator.
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“O volume de emendas que recebemos é uma
demanda reprimida não para uma minirreforma, mas para uma reforma estruturante
das relações de trabalho no país. O número de emendas nos dá uma
responsabilidade maior, porque temos o compromisso de analisar todas”,
disse Marinho à Agência Brasil. O deputado também defende a análise do
texto pelo plenário da Câmara, mesmo o projeto tendo tramitação conclusiva nas
comissões.
O
PL 6.787/2016 altera as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
outros dispositivos. Também possibilita que, nas negociações entre patrão e
empregado, os acordos coletivos tenham mais valor do que o previsto na
legislação, permitindo, entre outros pontos, o parcelamento de férias e
mudanças na jornada de trabalho.
Segundo
Rogério Marinho, o parecer inclui ainda uma série de questões não abordadas no
PL. “Existe uma série de emendas que
tratam de novas formas de trabalho que não estão contempladas na legislação
atual. No nossos substitutivo, vamos ampliar o escopo, justamente por esse
processo de demanda reprimida, vamos buscar o consenso possível”,
ressaltou.
Para
o relator, a proposta enviada pelo governo visa a modernizar a legislação e
desburocratizar o setor, ao preservar empregos e abrir novas oportunidades de
trabalho. “Existe hoje um protagonismo
excessivo da Justiça do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, muitas
vezes legislando. A regra deve ficar clara e transparente para dar segurança
jurídica”, afirmou.
Sugestões
De
acordo com o deputado Vitor Lippi (PSDB/SP), o alto índice de sugestões parlamentares
representa a terceira maior contribuição da história da Câmara dos Deputados.
Autor de 21 emendas, Lippi argumenta que as sugestões avançam em relação ao
conteúdo do PL enviado pelo governo federal, pois os parlamentares identificaram,
no atual debate, a oportunidade para aperfeiçoar as relações trabalhistas.
“Ninguém vai retirar nenhum direito dos
trabalhores e não vão diminuir as exigências de trabalho, somos favoráveis a
manter os direitos previstos na CLT. No entanto, entendemos que a legislação
precisa encontrar formas de atender às novas necessidades de mercado, à
evolução da atividade da economia e novas profissões”, disse.
Segundo
o parlamentar, o Brasil é campeão de ações trabalhistas no mundo. “Temos 50 vezes mais ações trabalhistas do que
países com a mesma dimensão, como os Estados Unidos e a França. São 4 milhões
de novas ações por ano, isso é inédito no mundo e significa que nossas
instituições não têm conseguido alcançar harmonia, percebemos que somos campeões
absolutos em conflitos”.
Entre
as sugestões de Lippi, está a proporcionalidade das indenizações reivindicadas
na Justiça do Trabalho. “Vemos alguns
excessos desonestos, absolutamente imorais. Pessoas que trabalham há um ou dois
anos e pedem indenizações milionárias de R$ 100 mil, R$ 200 mil, R$ 500 mil. É
praticamente uma litigância de má-fé. Na minha proposta, essas indenizações
ficam limitadas ao numero de salário vezes o número de anos trabalhados. Assim,
há uma proporcionalidade e razoabilidade dentro do que a pessoa vai pedir”,
explica.
Precarização
O
deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) pediu a retirada integral de três artigos do
projeto. Ao justificar a supressão do item que dá novo texto ao Artigo 58 da
CLT, o parlamentar considera que a nova regra “permite que trabalhadores sejam contratados para exercer funções que
deveriam ser provisórias, temporárias e parciais, de modo quase integral”.
Em
outro pedido de supressão, Alencar justifica que o texto sobre trabalho
temporário segue a lógica de precarização do trabalho. “Há também nas alterações promovidas por esse artigo a exclusão dos
trabalhadores domésticos dos mínimos direitos assegurados aos trabalhadores
temporários, o que caminha no sentido contrário da tendência internacional de
proteger mais pessoas em relações de desigualdade extrema”, afirma.
Para
o parlamentar, a comissão especial que trata do tema já tem maioria para a
aprovação do PL. A tendência, segundo Alencar, é de resistência dentro do
plenário da Câmara. Segundo ele, um grupo de parlamentares do PT, PSOL e PCdoB
decidiu não apresentar emendas ao PL por não concordar com praticamente a
totalidade de novas regras.
“No meio do nosso trabalho [da Comissão
Especial de Reforma Trabalhista], o plenário aprovou a terceirização
irrestrita, ilimitada, já sancionada por Temer. Pode ser que isso,
paradoxalmente, já nos dê oportunidade de barrar um ou outro projeto. O cenário
é desfavorável às categorias menos organizadas, mais fracas, que são muito
atingidas pelas propostas”.
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