Por Camila Betoni no Infoescola
A Social-democracia é
uma ideologia política surgida no fim do século XIX a partir de uma cisão
interna do socialismo. É difícil chegar a uma definição precisa do que é
que defendem os sociais-democratas, uma vez que as elaborações teóricas de
grupos e indivíduos que se identificam com esse termo foram se alterando
através da história. Como essa ideologia sempre esteve ligada a ideia de
necessidade de representação partidária, a definição do que se entende como
social-democrata acaba dependendo muito da interpretação que tem o partido que
adota esse termo.
Quando surgiu,
dentro do movimento operário de caráter marxista, a social-democracia
apontava para a importância de conquista da democracia através da
universalização do voto e da possibilidade de participação política por meio de
assembleias populares. Nesse período, os social-democratas também defendiam a
necessidade de ampliação da democracia para além da esfera política, apontando
para a emancipação da classe trabalhadora e a ruptura com o sistema de classes
sociais(o que significaria também a realização da democracia na esfera
econômica). Aos poucos, esses partidos ganharam mais adeptos, conquistando
espaço nos parlamentos europeus, sobretudo na Alemanha. O crescimento e a
massificação desses partidos trouxe algumas consequências; como a necessidade
de compor alianças com outros setores (não só a classe operária) e o
distanciamento entre a base dos partidos e os seus dirigentes, estes último
tornando-se cada vez mais alinhados aos interesses da burguesia.
Até meados da
década de 1910 os partidos social-democratas ainda se reconheciam – e eram
reconhecidos – como partidos revolucionários. No entanto, o início da I Guerra Mundial – quando os social-democratas apoiaram os dirigentes de
seus respectivos países – e o sucesso da revolução bolchevique na Rússia, mudam
o cenário, provocando uma divisão dentro do socialismo. De um lado, os comunistas,
influenciados por Lenin e pela Revolução Russa, continuaram a
defender a necessidade de uma revolução que rompesse de forma radical com o
modo de produção capitalista. De outro lado, os social-democratas
argumentaram que, através da via partidária, seria possível promover uma série
de reformas dentro do capitalismo, pequenas conquistas que poderiam se acumular
até a vitória do socialismo em si. Para esses últimos, o comunismo representava
uma forma autoritária do socialismo, enquanto a social-democracia seria sua
face democrática. Entretanto, com o tempo, o foco nas pequenas reformas e a
constante preocupação de garantir a representatividade nos parlamentos, foram
fazendo com que o horizonte socialista fosse se afastando das perspectivas
social-democratas. Ainda assim, deve-se notar que elas foram responsáveis por
muitos ganhos para a classe trabalhadora europeia.
Ao final da II Guerra Mundial, a social-democracia começa a ganhar outros sentidos,
afastando-se definitivamente da perspectiva de ruptura com o capitalismo. O
dilema entre reforma e revolução deixa de ser o centro do debate e os partidos
social-democratas passam a se diferenciar dos declaradamente liberais apenas
pela sua defesa do Estado de bem-estar social. Nos dias de hoje,
normalmente são partidos que se localizam no centro do espectro político e se
diferenciam da direita pela importância que dão a necessidade de defesa do meio
ambiente, dos setores mais vulneráveis da sociedade, dos direitos trabalhistas
e da regulamentação do mercado. Alguns países com ampla tradição
social-democrata são a Alemanha, Holanda, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e
Bélgica.
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