Democracia é uma palavra
de origem grega que pode ser definida como governo (kratos) do povo (demo).
Dessa forma, a democracia pode ser entendida como um regime de governo onde o
povo (cidadão) é quem deve tomar as decisões políticas e de poder. A democracia
pode ser direta, indireta ou semi-direta: diante da impossibilidade de todos os
cidadãos tomarem as decisões de poder (democracia direta), estas passam a ser
tomadas por representantes eleitos (democracia indireta ou representativa) e,
nesse caso, são os representantes que tomam as decisões em nome daqueles que os
elegeram.
De modo geral, um governo é dito
democrático por oposição aos sistemas monárquicos, onde o poder está
centralizado nas mãos de uma única pessoa, o monarca, e aos sistemas
oligárquicos, onde o poder está concentrado nas mãos de um grupo de indivíduos.
Esta é a classificação dada por Aristóteles, em sua obra Política.
Historicamente, a democracia surgiu na
Grécia antiga (ver mais na sessão Filosofia Antiga). Mas mesmo em Atenas, onde a democracia
se consolidou como uma forma de organização política das cidades-Estados gregas
(as polis), não havia uma democracia no sentido literal do termo, pois, de
fato, a grande maioria da população ateniense não era formada de cidadãos (por
definição, aqueles que poderiam participar da coisa pública) e sim, de
escravos, mulheres, crianças, além de estrangeiros.
Em Atenas, vale ressaltar a figura de
Clístenes, um reformador ateniense que ampliou o poder da assembleia popular,
permitindo a existência do que na época passou a se chamar de isonomia, ou
seja, a igualdade sob a lei, além da isegoria, direitos iguais de falar e, por
isso, é considerado o pai da democracia.
No caso do Brasil, só é possível falar no
processo de redemocratização levando-se em consideração o período obscuro que
teve início com o golpe militar em 1964.
O período que antecedeu a
promulgação da Constituição Federal de 1988 deixou marcas profundas
no seio da sociedade brasileira, isto se deu em razão de prevalecer no regime
ditatorial então vigente, um total cerceamento ao exercício dos direitos de
cidadania política. Esse quadro começou a ser mudado a partir da Assemblei
Nacional Constituinte, que reconhecendo a importância da participação popular
na elaboração do texto Constitucional, proporcionou a oportunidade da
concretização dos anseios da população brasileira (FONSECA, 2009, p. 14).
A fórmula de Abraham Lincoln: a
democracia é “o governo do povo, pelo povo e para o povo” é uma das definições
que melhor expressam a ideia de uma democracia. Esta definição está bem próxima
do sentido etimológico da palavra, do grego antigo. Contudo, é preciso
considerar, como já dissemos, que mesmo na Grécia Antiga, a democracia era um
regime de governo onde apenas os cidadãos poderiam participar diretamente da coisa
pública e, nesse caso, apenas 10% da população ateniense era considerada
cidadão, excluídos aí mulheres, crianças, escravos e estrangeiros.
Carole Pateman afirma (1992) que desde o
início do século XX muitos teóricos políticos levantaram sérias dúvidas sobre a
possibilidade de se colocar em prática um regime democrático no sentido literal
do termo (governo do povo por meio da máxima participação do povo). E Bobbio
(2000) indica pelo menos três fatores a partir dos quais um projeto democrático
tem-se tornado difícil de se concretizar nas sociedades contemporâneas: a
especialidade, a burocracia e a lentidão do processo
O primeiro obstáculo diz
respeito ao aumento da necessidade de competências técnicas que exigem
especialistas para a solução de problemas públicos, com o desenvolvimento de
uma economia regulada e planificada. A necessidade do especialista
impossibilita que a solução possa vir a ser encontrada pelo cidadão comum. Não
se aplica mais a hipótese democrática de que todos podem decidir a respeito de
tudo. O segundo obstáculo refere-se ao crescimento da burocracia, um aparato de
poder ordenado hierarquicamente de cima para baixo, em direção, portanto,
completamente oposta ao sistema de poder burocrático. Apesar de terem
características contraditórias, o desenvolvimento da burocracia é, em parte,
decorrente do desenvolvimento da democracia [...] O terceiro obstáculo traduz
uma tensão intrínseca à própria democracia. À medida que o processo de
democratização evoluiu promovendo a emancipação da sociedade civil, aumentou a
quantidade de demandas dirigidas ao Estado gerando a necessidade de fazer
opções que resultam em descontentamento pelo não-atendimento ou pelo
atendimento não-satisfatório. Existe, como agravante, o fato de que os procedimentos
de resposta do sistema político são lentos relativamente à rapidez com que
novas demandas são dirigidas ao governo (BOBBIO, 2000 apud NASSUNO, 2006, p.
173-174).
Hoje em dia a democracia tornou-se um
sistema político (e não mais apenas um simples regime) no qual a soberania é
atribuída ao povo que o exerce de modo :
Direto : quando o povo
promulga ele mesmo as leis, tomas as decisões importantes e escolhe os agente
de execução, geralmente revogáveis. Temos aqui a democracia direta ;
Indireto : quando o povo elege
representantes, eleitos através do voto, por um mandato de duração limitada, e
que devem representar os interesses da maioria. Temos a democracia
indireta ou Democracia Representativa;
Semi-direta : no caso das
democracias indiretas, onde o povo é chamado a estabelecer algumas leis,
através de referendos (que pode ser um referendo de iniciativa popular), ou
também para impor um veto a um projeto de lei, ou ainda propor, ele mesmo,
projetos de lei.
Referências Bibliográficas
FONSECA, Jumária Fernandes Ribeiro. O Orçamento Participativo e a Gestão Democrática de Goiânia.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial). Programa
de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Planejamento Territorial da Universidade
Católica de Goiás. Goiânia, 2009.
NASSUNO, Marianne. Burocracia e Participação: a experiência do
orçamento participativo em Porto Alegre. Tese (Doutorado em Ciências Sociais).
Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília. Brasília, 2006.
PATEMAN, C. Participação e Teoria Democrática. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1992.
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