Mariana
Jungmann - da Agência Brasil
A Comissão
Processante do Impeachment concluiu, na tarde de hoje (5), a audiência com os
peritos e assistentes de defesa e acusação que analisaram os documentos que
embasam a denúncia contra a presidenta afastada Dilma Rousseff.
Pela manhã, os
peritos convidados pela comissão tinham apresentado suas conclusões, alegando
que os documentos demonstram que os atrasos no repasse de pagamentos a bancos públicos configuram operações de crédito. No
entanto, eles evitaram analisar se houve dolo da presidenta e disseram que esse
juízo caberá aos senadores.
Depois, foi a
vez da assistente de acusação, Selene Nunes, ser ouvida. Ela reiterou o que
tinha apresentado por escrito aos senadores ontem (4), quando
apontou que existe dolo por parte da presidenta afastada pelo fato de as
operações terem sido ocultadas da contabilidade fiscal e, posteriormente, o
governo ter editado uma medida provisória que permitiu o pagamento dos débitos.
“O artigo
descumprido foi o Artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que determina
que o ente da Federação está proibido de contratar operações de crédito com a
instituição financeira que ele controle. A realização de operações de crédito
deve ser analisada num conceito abrangente, que está definido no Artigo 29,
Inciso III, da Lei de Responsabilidade Fiscal, onde se incluem as operações com
o Banco do Brasil no âmbito do Plano Safra. A fraude é caracterizada pela
omissão de passivos, ou seja, a operação aconteceu e não foi registrada na
contabilidade”, disse Selene aos senadores.
A assistente
enfrentou, em alguns momentos, duras críticas de senadores favoráveis à
presidenta Dilma, entre eles a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que a
acusou de agir “de forma leviana” ao acusar a presidenta de fraude.
A senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR) também utilizou sua inscrição para lembrar que a
assistente da acusação participou, em 2005, de um seminário para falar a
prefeitos do PSDB e do DEM sobre responsabilidade fiscal e sobre planejamento
municipal. Selene Nunes participou da elaboração da Lei de Responsabilidade
Fiscal e é reconhecida por conhecer profundamente o assunto.
Em razão da
participação dela no seminário, Gleisi questionou se a técnica recebeu
pagamento do PSDB para fazer a assistência da acusação, o que provocou
protestos de outros senadores. Selene Nunes, no entanto, respondeu confirmando
que participou da palestra citada, assim como participou, em 1999 de evento em
Mato Grosso do Sul a convite do então governador Zeca do PT.
Selene também
negou que tenha filiação partidária. “Sou servidora de carreira, atualmente
licenciada. Aceitei, em colaboração com a doutora Janaina e o professor Miguel
Reale, prestar esse serviço gratuitamente, entendendo que é um dever cívico”,
disse.
Após a
conclusão da oitiva da assistente de acusação, os senadores suspenderam a
reunião para que pudessem participar das votações no plenário do Senado. Após a
ordem do dia eles retomarão a audiência para ouvir o assistente da defesa.
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