A delegada Erika Mialik Marena, responsável por coordenar as
investigações da Operação Lava Jato na Polícia Federal (PF) de Curitiba,
foi a mais votada pelos delegados da PF para assumir a direção da
entidade.
Ela é um dos nomes que compõe a lista tríplice que será
encaminhada ao presidente da República interino, Michel Temer, pela
Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF), que
organizou a votação.
Atualmente, a nomeação para o cargo é uma
atribuição do presidente da República, mas a ADPF argumenta que a
escolha por meio da lista tríplice, mesma prática adotada na seleção do
procurador-geral da República, é o modo mais seguro de garantir gestão
técnica e autonomia à Polícia Federal.
Por meio da PEC 412/2009,
que terá parecer votado pela Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara (CCJ) na tarde desta terça-feira (31), os delegados querem que a
lista tríplice se torne lei. A ADPF defende também um mandato de três
anos para o diretor-geral, renovável apenas uma vez por igual período,
de modo a impedir que o ocupante do cargo seja destituído
intempestivamente.
O atual diretor-geral da PF, Leandro Daiello,
está no cargo desde o início de 2011, ainda no primeiro mandato da
presidenta afastada Dilma Rousseff, e deixará o posto após o fim das
Olimpíadas do Rio 2016, segundo a associação, motivo pelo qual a
categoria resolveu se antecipar e apresentar uma lista tríplice.
“O
atual diretor-geral já informou por diversas fontes que fica só até o
fim das Olimpíadas. Para que haja tempo do novo governo preparar uma
transição, nós fizemos esse processo agora”, disse o delegado Carlos
Eduardo Sobral, presidente da ADPF.
“Como o presidente disse que
vai respeitar a cultura e a prática que vale para o MPF [Minsitério
Público Federal], temos também a convicção de que ele respeitará a
escolha dos delegados”, disse Sobral, apesar de o ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes, já ter manifestado, publicamente, ser desfavorável à
escolha do comando da PF a partir de uma lista.
Para se
candidatar a integrar a lista, o delegado precisa ocupar a última classe
da carreira. Os nove delegados que se candidataram participaram de
debates e sabatinas ao longo das últimas duas semanas. Votaram no pleito
mais 1.338 delegados da PF, que possui 1,7 mil delegados em atividade.
“Agradeço
a todos que querem mudanças para nossa Polícia Federal”, disse Erika em
uma mensagem enviada após a divulgação do resultado da votação. Ela é
especialista no combate a crimes financeiros. Os outros nomes da lista
são Rodrigo de Melo Teixeira e Marcelo Eduardo Freitas, ambos de Minas
Gerais. Os delegados não associados à ADPF também puderam votar.
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