O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, relator do processo da Operação
Lava Jato, homologou o acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral
(PT-MS) firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para colaborar com
as investigações da operação. Segundo a assessoria de comunicação do STF, o
ministro determinou ainda a retirada do sigilo do processo, mas ainda não se
sabe a extensão da queda do sigilo. A decisão foi assinada pelo ministro Teori
ontem (14), mas a informação sobre a homologação foi divulgada somente hoje
(15) pelo STF.
A íntegra da
decisão do ministro do STF sobre a homologação deve sair no início desta tarde.
O acordo de delação foi firmado entre o senador e a Procuradoria-Geral da República
(PGR) para colaborar com as investigações da Lava Jato.
Em sua
decisão, o ministro diz que, “dos documentos juntados com o pedido [da PGR] é
possível constatar que, efetivamente, há elementos indicativos, a partir dos
termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras
de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, a exemplo de
parlamentares federais, o que atrai a competência do Supremo tribunal Federal”.
Teori diz, na
decisão, que, nas declarações prestadas à Justiça, Delcídio citou a família do
pecuarista José Carlos Bumlai e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro do STF, a PGR alega, em seu pedido para a homologação, que o
acordo está diretamente relacionado com os fatos que são apurados no inquérito
no qual foi oferecida denúncia contra o senador e completa que, nas declarações
de Delcídio, outras informações foram prestadas. “Contudo, nas declarações
prestadas no bojo do presente acordo, o colaborador esclarece que outras
pessoas estão envolvidas na trama, tais como a família Bumlai e o ex-presidente
Luiz Inacio Lula da Silva”, diz Teori na decisão.
O ministro
também diz que a PGR afirma que o o acordo “foi firmado com a finalidade de
obtenção de elementos de provas para o desvelamento dos agentes e partícipes
responsáveis, estrutura hierárquica, divisão de tarefas e crimes praticados
pelas organizações criminosas no âmbito do Palácio do Planalto, do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados, do Ministério de Minas e Energia e da
companhia Petróleo Brasileiro S/A entres outras". A PGR diz ainda que o
acordo prevê que o senador devolva 1,5 milhão de reais. “O acordo de
colaboração celebrado também teve por fim a recuperação do proveito das
infrações penais praticadas pelo colaborador, no valor de R$ 1.500.000,00 (um
milhão e meio de reais)”, diz a procuradoria.
Prisão
O senador
Delcídio do Amaral foi preso no dia 25 de novembro do ano passado depois que
Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, entregou ao Ministério Público o
áudio de uma reunião na qual Delcídio propunha o pagamento de R$ 50 mil por mês
à família e um plano de fuga para o ex-diretor deixar o país, que estava preso
em Curitiba. O senador garantia ainda que poderia interferir junto a alguns
ministros do Supremo para conseguir um habeas corpus para Nestor Cerveró.
Delcídio foi
solto no dia 18 de fevereiro sob condição de se manter em recolhimento
domiciliar, podendo deixar a sua residência apenas para ir ao Senado trabalhar
e retornando no período noturno. Desde então, ele está de licença médica,
devendo retornar ao trabalho no próximo dia 23.
A delação
premiada é um intrumento pelo qual o acusado fornece informações úteis para
esclarecer os crimes investigados, podendo inclusive apontar responsáveis. Em troca,
ele pode obter benefícios, tais como a redução de pena se condenado.
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