A possível ida
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um ministério do governo da
presidenta Dilma Rousseff foi um dos assuntos mais comentados hoje (15) entre
os parlamentares na Câmara dos Deputados. A bancada federal do PT na Casa
recebeu com entusiasmo a notícia e considerou que isso representaria a ida de
um mestre na articulação política para o governo. Já os oposicionistas
reclamaram e prometeram recorrer à Justiça para impedir uma possível nomeação
de Lula para um ministério.
Lula tem apoio
unânime da bancada federal do PT na Câmara para integrar o governo. “A possível
ida do presidente Lula para o governo é algo que nós saudamos, mas é claro que
isso precisa primeiro de a presidenta Dilma convidá-lo e de ele aceitar”, disse
o deputado Wadih Damous (PT-RJ), que recorreu a uma metáfora futebolística para
justificar o apoio. “Quem tem um Pelé, quem tem um Maradona, um Messi; quer um
Pelé, um Maradona, um Messi no seu time. Então, o presidente Lula engrossando o
time do governo é bom para o governo”, acrescentou.
As notícias a
respeito da ida de Lula para o governo começaram a circular mais fortemente no
início da noite desta segunda-feira (14). Há a possibilidade de o ex-presidente
se reunir nesta terça-feira em Brasília com a presidenta Dilma para discutir a
nomeação. As expectativas giram em torno de uma possível nomeação para a Casa
Civil ou para a Secretaria de Governo, onde ficaria a cargo das relações
políticas.
Para o
deputado Wadih Damous, a reconhecida habilidade do ex-presidente de dialogar e
formar consensos vai ajudar o governo a superar as inúmeras dificuldades com a
base aliada, especialmente com o PMDB, que dá sinais de que pretende se afastar
do governo. “Nós não podemos negar as evidência de que o governo está muito
fragilizado e o presidente Lula é muito agregador, tem passado por todos os
segmentos da política, tem prestígio internacional, foi o presidente mais bem
avaliado da história do Brasil”, afirmou o petista.
Na avaliação
da oposição, a nomeação seria uma forma de o governo tentar blindar o
ex-presidente diante das investigações da Operação Lava Jato, uma vez que,
tornando-se ministro, Lula teria direito a foro privilegiado, fazendo com que
as investigações saiam do âmbito da Justiça Federal do Paraná e passem para o
Supremo Tribunal Federal (STF). “Esse ato de nomeação é nulo, uma vez que a
nomeação não tem outro objetivo que não blindar o Lula para o STF”, disse o
líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
De acordo com
Pauderney Avelino, os oposicionistas pretendem recorrer à Justiça para impedir
uma eventual nomeação de Lula. Eles argumentam que o ato seria uma tentativa de
“fraude à lei” e “desvio de finalidade”, pois, segundo, Avelino, a nomeação só teria
como objetivo fazer com que Lula consiga o foro privilegiado. “Nós do
Democratas e dos outros partidos de oposição vamos entrar com ações na Justiça
Federal e no STF, assim como aconteceu com o caso do ministro da Justiça. A
ação popular do DEM será em todo o Brasil”, disse o líder do DEM.
Pauderney
Avelino afirmou que nomear Lula ministro seria um “tapa” na cara da população
que foi às ruas no último domingo (13). Para o deputado oposicionista, os
milhares de brasileiros que foram às ruas "Já disseram que não querem o
governo do PT”.
Wadih Damous
disse que o argumento da oposição demonstra um “desapreço pela ordem jurídica”,
pois, com a eventual nomeação de Lula para um ministério, as investigações
teriam seguimento, apenas mudaria o foro. “Há algum dispositivo legal que diz
que se alguém vier para o governo parará de ser investigado, se colocará acima
da lei e do ordenamento jurídico? Não. Apenas mudará o foro para o STF”,
destacou.
Segundo
Damous, a atitude da oposição colocaria em dúvida a lisura do STF. “Há alguma
dúvida sobre a lisura do STF? Um tribunal que julgou o caso do mensalão e
inclusive condenou vários líderes petistas não pode ser colocado em dúvida
dessa forma”, afirmou.
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