O relatório da
inspeção feita no Hospital de Jutaí, a 750 quilômetros Manaus, onde um bebê
morreu após usar máscara de oxigênio improvisada, mostra que a unidade possui
máscaras de oxigênio em estoque, mas não no tamanho apropriado para atendimento
a bebês prematuros.
A Secretaria
Estadual de Saúde do Amazonas (Susam) enviou uma equipe ao município no começo
da semana para apurar as circunstâncias do atendimento aos gêmeos prematuros,
que nasceram no hospital no último dia 27. Para auxiliar a respiração dos
recém-nascidos, foram utilizadas máscaras de oxigênio improvisadas com garrafa pet.
Um dos bebês, uma menina, faleceu poucas horas após o nascimento.
As máscaras
disponíveis no hospital são de tamanho padrão e não se adequaram aos rostos
muito pequenos dos bebês, que nasceram em situação de “prematuridade extrema”,
segundo o relatório. O texto, divulgado pela secretaria na noite de ontem (2),
é composto por depoimentos e pela documentação relativa ao atendimento, e diz
que “o médico, então, decidiu improvisar, usando garrafas do tipo pet,
para assegurar um melhor acesso de oxigênio para as duas crianças”.
O secretário
estadual de Saúde, Pedro Elias de Souza, disse, em nota, que o médico relatou à
equipe de sindicância que o procedimento foi feito com o objetivo de
“estabilizar as duas crianças para, então, avaliar a possibilidade de remoção
para Manaus”.
Segundo Souza,
a secretaria deveria ter sido acionada rapidamente para dar orientações e
providenciar a imediata remoção aérea dos bebês. “Uma vez solicitada a remoção,
os gêmeos poderiam ser trazidos para Manaus ou mesmo levados para o município
de Tabatinga, também na região do Alto Solimões, onde há uma estrutura melhor
para o atendimento preliminar de prematuros”, disse.
O secretário
estadual informou ainda que, devido às distâncias geográficas entre os
municípios amazonenses, o governo oferece serviço aeromédico: “Isso quer dizer
que o atendimento aos pacientes não é feito de forma aleatória, mas sim
orientado, conforme o grau de gravidade, pela atuação de médicos reguladores”,
explicou.
Ainda na nota,
Pedro Elias destacou que “as unidades hospitalares de municípios de interior
fora dos grandes centros, em sua grande maioria, são serviços de porte médio,
que não têm Unidades de Terapia Intensiva (UTI) neonatais, dotadas de
equipamentos como capacetes de oxigênio, por exemplo, usados na oxigenoterapia
de prematuros”.
Bebê
em estado grave
O gêmeo que
sobreviveu foi transferido para a Maternidade Ana Braga, em Manaus, por meio de
UTI aérea, na noite de segunda-feira. O menino está internado na Unidade de
Terapia Intensiva, em quadro grave.
O relatório da
inspeção indica ainda que o parto prematuro dos bebês pode estar associado a um
quadro de infecção urinária reincidente da mãe, de 20 anos, que já estava na
quinta gestação.
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