Apesar de
prever queda em torno de R$ 7 bilhões na arrecadação, o governo não cortou mais
gastos para o Orçamento de 2015. Segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e
Despesas, divulgado hoje (22) pelo Ministério do Planejamento, a equipe
econômica manteve a meta de superávit primário – economia para pagar os juros
da dívida pública – em 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e
serviços produzidos no país).
Enviado ao
Congresso a cada dois meses, o relatório contém revisões dos parâmetros da
economia e das projeções de receitas e despesas que permitem o acompanhamento
da execução do Orçamento Geral da União. Embora seja divulgado pelo
Planejamento, as estimativas para a economia são de autoria da Secretaria de
Política Econômica do Ministério da Fazenda. As previsões de arrecadação são
elaboradas pela Receita Federal.
De acordo com
o relatório, a estimativa de arrecadação federal para este ano caiu de R$ 1,325
trilhão para R$ 1,318, queda de R$ 7,080 bilhões. Os principais
responsáveis pela redução são a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), com recuo de R$ 3,996 bilhões, o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), com recuo de R$ 3,658 bilhões, e o Imposto de Renda,
com retração de R$ 3,242 bilhões.
Os três
tributos são os principais responsáveis pela queda das receitas do governo
neste ano por causa da contração da indústria, no caso do IPI, e da redução do
lucro das empresas, no caso do Imposto de Renda e da CSLL.
O governo
também reduziu a previsão de arrecadação com receitas não relacionadas a
tributos. A estimativa de pagamento de dividendos das estatais ao Tesouro
Nacional caiu R$ 1,051 bilhão, de R$ 17,043 bilhões para R$ 15,991 bilhões.
Os dividendos
são a parcela do lucro que as empresas pagam aos acionistas. No caso das
estatais federais, o principal acionista é o Tesouro Nacional. As receitas com
concessões de portos, aeroportos, rodovias e telefonia, no entanto, foram
mantidas em R$ 18,252 bilhões.
Por causa da
queda do preço do petróleo, que diminui o pagamento de royalties, a
estimativa com receitas de cota-parte de compensações financeiras em 2015 caiu
R$ 1,766 bilhão, de R$ 31,112 bilhões para R$ 29,345 bilhões. Para chegar à
variação negativa de R$ 7,080 bilhões, a equipe econômica aumentou a previsão
de arrecadação de receitas extraordinárias em R$ 5,845 bilhões, de R$ 45,937
bilhões para R$ 51,782 bilhões.
Para reforçar
o caixa com receitas extraordinárias ainda este ano, o governo conta com a
aprovação do projeto de lei de repatriação de recursos mantidos no exterior,
com programas especiais de renegociação de dívidas como o Prorelit e a abertura
de capital (venda de ações no mercado) da Caixa Seguridade e do Instituto de
Resseguros do Brasil.
Mesmo com a
queda na arrecadação bruta, o governo não fez novos cortes de gastos porque
entendeu que o recuo na arrecadação do IPI e do Imposto de Renda fará o governo
federal repassar menos aos estados e aos municípios.
Dessa forma, a
estimativa de receita líquida federal caiu apenas R$ 11,3 milhões. A quantia
não precisou ser compensada com cortes de gastos porque o governo revisou para
baixo, no mesmo valor, a estimativa de despesas obrigatórias, que não podem ser
cortadas.
No início do
ano, a meta de esforço fiscal para União, estados, municípios e estatais em
2015 era de R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB). Desse total, R$ 55,3 bilhões
correspondiam ao Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco
Central) e R$ 10 bilhões para os governos locais.
Por causa da
crise econômica, que diminuiu a arrecadação, o governo reduziu a meta de
superávit primário para 0,15% do PIB (R$ 8,7 bilhões). Desse total, R$ 5,8
bilhões (0,1% do PIB) correspondem ao Governo Central e R$ 2,9 bilhões (0,05%
do PIB), aos estados e municípios.
Da Agência Brasil
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