O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, abriu hoje (22) dois inquéritos
para investigar suposto crime eleitoral envolvendo o ministro da Casa Civil,
Aloizio Mercadante, e o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Os inquéritos foram
abertos individualmente.
A abertura dos
inquéritos foi solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O
pedido de Janot se baseou em depoimentos de delação premiada do presidente da
empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, investigado na Operação Lava Jato, e que
cumpre prisão domiciliar. O ministro da Casa Civil e o senador, de acordo com o
informado na delação, receberam doações em dinheiro para campanhas, e não
declararam tal recebimento.
Inicialmente,
o pedido foi encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos da
Lava Jato no STF. No entanto, Janot solicitou que o processo fosse distribuído
a outro ministro por não se tratar de investigação com ligação com os desvios
na estatal.
Nos
depoimentos, Pessoa citou o nome de 18 pessoas que receberam contribuições
dele, e entre eles, Mercadante e Aloysio. Os trechos da delação começaram a ser
divulgados em junho.
Mercadante e
Nunes divulgaram, há pouco, notas, expressando tranquilidade sobre o fato. O
ministro da Casa Civil reiterou que recebeu R$ 500 mil, sendo R$ 250 mil da UTC
e R$ 250 mil da Constan Construções, e declarou o valor à Justiça Eleitoral.
Mercadante disse que teve apenas um encontro com Pessoa, a pedido do
empresário.
“Recebo com
serenidade a informação [...] terei a oportunidade de comprovar, no curso do
inquérito, o que tenho afirmado desde o meu primeiro pronunciamento a respeito
dos fatos […]. Em toda a minha vida me reuni uma única vez com o senhor Ricardo
Pessoa, por sua solicitação. Na oportunidade, não era ministro de Estado, mas
senador e pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, em 2010”, diz um
trecho da nota do ministro.
Aloysio Nunes,
por sua vez, disse que vê com bons olhos a abertura de inquérito. “A
investigação é bem-vinda para afastar qualquer dúvida quanto à correção da
prestação de contas da minha campanha de 2010 que, aliás, já foram aprovadas
pela Justiça Eleitoral”.
Em sua
decisão, o ministro do STF também autorizou ao senador “o acesso integral aos
autos” e à delação que o cita, conforme solicitação feita pelo parlamentar. De
acordo com a assessoria do STF, Mercadante não pediu acesso ao processo e à
delação de Pessoa.
Celso de Mello
ainda remeteu às justiças eleitorais estaduais a decisão de abrir inquérito
para investigar fatos envolvendo José de Fillipi Junior – tesoureiro do PT nas
campanhas de 2006 e 2010 – e Valdemar da Costa Neto (remetidos a São Paulo) e
Hélio Costa, ministro das Comunicações entre 2005 e 2010 (remetido a Minas
Gerais).
Leia a íntegra
das notas dos investigados:
Aloizio
Mercadante
"Recebo
com serenidade a informação de que o ministro Celso de Mello autorizou a
abertura de investigação acerca do teor da delação premiada do senhor Ricardo
Pessoa, pois terei a oportunidade de comprovar, no curso do inquérito, o que
tenho afirmado desde o meu primeiro pronunciamento a respeito dos fatos, a
saber:
1. Em toda a
minha vida me reuni uma única vez com o senhor Ricardo Pessoa, por sua
solicitação. Na oportunidade, não era ministro de Estado, mas senador e
pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, em 2010.
2. Segundo as
notícias divulgadas pela imprensa, o senhor Ricardo Pessoa, em sua delação,
teria afirmado que doou R$ 500mil, sendo R$ 250 mil de forma legal e outros R$
250 mil mediante recursos não contabilizados. A tese é absolutamente
insustentável, uma vez que são exatamente R$ 500 mil os valores declarados, em
2010, e devidamente comprovados em prestação de contas à Justiça Eleitoral,
inclusive já aprovada sem qualquer ressalva. Os dados, a propósito, são
públicos e podem ser consultados por qualquer interessado:
a) UTC, por
meio de uma única contribuição, em 27 de agosto de 2010, devidamente
contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais,
conforme recibo eleitoral nº 13001092079; e
b) Constran
Construções, por meio de uma única contribuição, em 29 de julho de 2010,
devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250
mil reais, conforme recibo eleitoral nº 13001092017.
Como sempre,
coloco-me à inteira disposição das autoridades competentes para prestar os
devidos esclarecimentos e auxiliar em eventual processo investigatório. “Tenho
certeza que todas as questões serão devidamente esclarecidas, pois mantenho
minha confiança na condução dos trabalhos pelo Ministério Público Federal e
Supremo Tribunal Federal."
Aloysio
Nunes
"A
investigação é bem-vinda para afastar qualquer dúvida quanto à correção da
prestação de contas da minha campanha de 2010 que, aliás, já foram aprovadas
pela Justiça Eleitoral."
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