Mais uma prova
clara de que os parlamentares não permitirão que no Brasil possa haver uma
democracia direta, onde, além deles, os políticos, também o povo tenha direito
de opinar sobre tudo que seja do seu interesse. Eles não abrem mão de serem os
únicos a terem voz, e a única arma do povo continuará sendo o voto, que,
diga-se de passagem, é uma arma perigosa quando em mãos que não sabem manuseá-la.
Infelizmente o clima eleitoral instalado influenciou sobremaneira para que o
real objetivo da lei fosse deturpado tanto por políticos oposicionistas, quanto
pelos da situação. Esse é um daqueles casos em que, tanto parlamentares da
situação quanto os da oposição, se entendem perfeitamente e pactuam de um mesmo
pensamento, afinal, tanto uma quanto a outra parte morrem de medo de dividir o
poder com o povo e, matérias como a reforma política, por exemplo, sejam
aprovadas pelo povo.
Mariana
Jungmann da Agência Brasil
Está pronto
para entrar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado o
projeto de decreto legislativo (PDS) que susta os efeitos do decreto
presidencial que institui a Política Nacional de Participação Social, conhecido
como Decreto dos Conselhos Populares. Com isso, o PDS já poderá ser votado na
CCJ na sessão de quarta-feira (10).
O parecer do
senador Pedro Taques (PDT-MT) é favorável ao projeto e defende a aprovação. Do
ponto de vista técnico, Taques considerou que o decreto presidencial extrapola
as prerrogativas do Executivo, porque deveria ser utilizado apenas para
regulamentar uma lei já existente, mas vai além disso e cria nova legislação.
Para o relator,
a Presidência da República pode ser auxiliada por sua Secretaria-Geral no
relacionamento com entidades da sociedade civil, mas não pode “inovar no
ordenamento jurídico, muito menos enfraquecer regras delineadas pela própria
Constituição”.
O relator
ressaltou que o Executivo não pode estabelecer programas e políticas públicas
com representantes eleitos por organizações sociais que não tenham passado pelo
processo eleitoral regular para se tornarem parlamentares.
“A Constituição
Federal, ao adotar o regime democrático representativo, legitima como
representantes do povo os eleitos para o exercício do mandato em processo
eleitoral e de acordo com as condições previstas no texto constitucional. É
contrário aos preceitos constitucionais permitir que programas e políticas
públicas do Poder Executivo sejam implementados com base na participação de
'representantes dos cidadãos' que não têm legitimidade constitucional para tal
mister”, alegou o relator.
O PDS sustando
o decreto dos Conselhos Populares foi aprovado na Câmara, após o fim do segundo
turno das eleições presidenciais deste ano, e foi considerado a primeira
derrota da presidenta reeleita Dilma Rousseff.
Quando o texto
chegou ao Senado, o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
disse que o mais provável era que ele também fosse aprovado pelos senadores. No
início de novembro, Renan disse que “a criação de conselhos é conflituosa e não
prospera consensualmente no Parlamento. Deverá cair”.
Aprovado na
CCJ, o PDS seguirá direto para o plenário do Senado. Como o relator não
modificou o texto, se for aprovado em plenário não precisará voltar à Câmara.
Enquanto isso não ocorrer, o decreto dos Conselhos Populares estará valendo e a
Política Nacional de Participação Popular pode ser implementada pelo governo
federal.
A ministra do
Planejamento, Míriam Belchior, voltou a defender a proposta de participação
popular. Segundo ela, a aprovação do projeto que derruba o decreto presidencial
foi influenciada pelo clima eleitoral. “A gente precisa se unir. Já fizemos
isso durante o processo de crítica [ao decreto]. O momento não era favorável,
muito influenciado pela disputa eleitoral, mas acredito que ele precisa voltar
à pauta, com força, porque é democrático”, acrescentou a ministra.
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