Jornal
liderado por João Roberto Marinho diz que eleitos para o encontro com o
ex-presidente Lula atuam em “blogs que polarizam, invariavelmente, à esquerda,
e são cada vez mais usados como munição na disputa eleitoral”; Conceição Lemes,
que representou o Viomundo, acusa Globo de querer promover uma caça aos
blogueiros progressistas: “Um macartismo à brasileira”, em referência ao
movimento dos EUA da década de 40 que se caracterizou por intensa patrulha
anticomunista, perseguição política e desrespeito aos direitos civis; Paulo
Nogueira, do DCM, também ironiza publicação e sugere nomes como Reinaldo
Azevedo e Diogo Mainardi para bancada de entrevistadores de Lula na linha
sugerida pelo Globo
Com uma
matéria intitulada “A entrevista dos camaradas”, o jornal O Globo, liderado por
João Roberto Marinho coloca em questão time de blogueiros convidados pelo
Instituto Lula para entrevista exclusiva com o ex-presidente Lula na semana
passada.
Com evidente
dor de cotovelo, publicação diz que os eleitos para o encontro com o
ex-presidente Lula atuam em “blogs que polarizam, invariavelmente, à esquerda,
e são cada vez mais usados como munição na disputa eleitoral”.
Tentativa de
descreditar entrevista é rebatida por Conceição Lemes, que representou o Viomundo no encontro, e por Paulo Nogueira, do DCM.
Leia as respectivas respostas:
Conceição
Lemes, 33 anos de estrada: Resposta em público a O Globo por Conceição Lemes.
Nessa
segunda-feira 13, uma repórter de O Globo enviou-nos um e-mail:
“Estou fazendo
uma matéria sobre a entrevista que o ex-presidente Lula concedeu a blogueiros
na semana passada. Gostaria de conversar contigo por telefone”.
Pedi que
enviasse as perguntas por e-mail. Hoje, às 12h27 elas foram encaminhadas:
Nada contra a repórter. Embora não a conheça, respeito-a profissionalmente como colega.
Nada contra a repórter. Embora não a conheça, respeito-a profissionalmente como colega.
Já a empresa
para a qual trabalha, não merece a nossa consideração.
Com essas
perguntas aos blogueiros, O Globo parece estar com saudades da ditadura, quando
apresentava como verdadeira a versão dos órgãos de repressão. Exemplo disso foi
a da prisão, tortura e assassinato de Raul Amaro Nin Ferreira, em 1971, no Rio
de Janeiro.
Com essas
perguntas, O Globo parece querer promover uma caça aos blogueiros
progressistas. Um macartismo à brasileira.
O marcartismo,
como todos sabem, consistiu num movimento que vigorou nos EUA do final da
década de 1940 até meados da década de 1950. Caracterizou-se por intensa
patrulha anticomunista, perseguição política e dersrespeito aos direitos civis.
O
interrogatório emblemático daqueles tempos nos EUA:
Mr. Willis: Well, are you now, or have you ever been,
a member of the Communist Party? (Bem,
você é agora ou já foi membro do Partido Comunista?)
A sensação com
as perguntas de O Globo é que voltamos à ditadura. Agora, a ditadura midiática
das Organizações Globo. É como estivéssemos sendo colocados numa sala de
interrogatório.
Afinal, qual o
objetivo de saber se pertencemos a algum partido político?
Será que O
Globo faria essa pergunta aos jornalistas de direita, travestidos de neutros,
que rezam pela sua cartilha?
E se fossemos
nós, blogueiros progressistas, que fizessemos essas perguntas aos jornalistas
de O Globo?
Imediatamente,
seríamos tachados de antidemocratas, cerceadores da liberdade de expressão,
chavistas e outros mantras do gênero.
Como um grupo
empresarial que cresceu graças aos bons serviços prestados à ditadura
civil-militar tem moral de questionar ideologicamente os blogueiros que
participaram da entrevista coletiva?
Liberdade de
imprensa e de expressão vale só para direita e para a esquerda, não?
Como uma
empresa que tem no seu histórico o colaboracionismo com a ditadura, o caso
pró-Consult, o debate editado do Collor vs Lula, ter sido contra a campanha
Pelas Diretas, pode se arvorar em ditar normas de bom Jornalismo e ética?
Como uma
empresa que deve R$ 900 milhões ao fisco tem moral para questionar outros
brasileiros?
Como um grupo
empresarial que recebe, disparadamente, a maior fatia da publicidade do governo
federal pode criticar os poucos blogs que recebem alguma propaganda
governamental?
O Viomundo,
repetimos, não aceita propaganda dos governos federal, estaduais e municipais.
É uma opção nossa. Mas respeitamos quem recebe. É um direito.
No Viomundo,
não temos nada a esconder. Só não admitimos que as Organizações Globo,
incluindo O Globo, com todo o seu histórico, se arvorem no direito de
fiscalizar a blogosfera.
Por isso, eu
Conceição Lemes, que representei o Viomundo na coletiva, não respondi a O
Globo. Preferi responder aos nossos milhares de leitores. Diretamente. E em
público.
Seguem as
perguntas de O Globo e as minhas respostas.
Qual a sua
formação acadêmica?
Formada em
Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA-USP).
Qual a sua
atuação profissional antes do blog? Já cobriu política por outros veículos?
Sou editora do
Viomundo, onde faço política, direitos humanos, movimentos sociais. Toco ainda
o nosso Blog da Saúde.
No início da
carreira, fiz um pouco de tudo: economia, política, revistas femininas, rádio…
Há 33 anos
atuo principalmente como jornalista especializada em saúde, tendo ganho mais de
20 prêmios por reportagens nessa área.
Entre eles, o
Esso de Informação Científica, o José Reis de Jornalismo Científico, concedido
pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), e o Sheila Cortopassi de Direitos
Humanos na área de Comunicação, outorgado pela Associação para Prevenção e
Tratamento da Aids e Saúde Preventiva (APTA) com apoio do Unicef.
Conquistei
também vários prêmios Abril de Jornalismo, a maioria por matérias publicadas na
revista Saúde!, da qual foi repórter, editora-assistente, editora e
redatora-chefe.
Em 1995, fui
premiada pela reportagem “Aids — A Distância entre Intenção e Gesto”, publicada
pela revista Playboy. O projeto que desenvolvi para essa matéria foi
selecionado para apresentação oral na 10ª Conferência Internacional de Aids,
realizada em 1994 no Japão.
Pela primeira
vez um jornalista brasileiro teve o seu trabalho aprovado para esse congresso.
Concorri com cerca de 5 mil trabalhos enviados por pesquisadores de todo o
mundo. Aproximadamente 300 foram escolhidos para apresentação oral, sendo
apenas dez de investigadores brasileiros. Entre eles, o meu. Em consequência,
fui ao Japão como consultora da Organização Mundial da Saúde.
Tenho oito
livros publicados na área.
O mais
recente, lançado em 2010, é Saúde – A hora é agora, em parceria com o professor
Mílton de Arruda Martins, titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da
USP, e o médico Mario Ferreira Júnior, coordenador de Centro de Promoção de
Saúde do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Em 2003/2004,
foi a vez da coleção Urologia Sem Segredos, da Sociedade Brasileira de
Urologia, destinada ao público em geral.
Os primeiros
livros foram em 1995. Um deles, o Olha a pressão!, em parceira com o médico
Artur Beltrame Ribeiro.
O outro foi a
adaptação e texto da edição brasileira do livro Tratamento Clínico da Infecção
pelo HIV, do professor John G. Bartlett, da Universidade Johns Hopkins, nos
EUA. A tradução e supervisão científica são do médico Drauzio Varella.
Você é filiada
a algum partido político?
Não sou nem
nunca fui filiada a qualquer partido político.
Mas me
estranha muito uma empresa que apoiou a ditadura, cresceu devido a benesses do
regime e hoje se alinhe com todos os espectros da direita brasileira, questione
a a filiação partidária de um jornalista.
Quer dizer de
direita, tudo bem, e de esquerda, não?
Como você
definiria os “blogueiros progressistas”? Existe uma linha política?
Somos de
esquerda.
Defendemos:
ü
Melhor
distribuição da renda no país.
ü Reforma agrária.
ü Os movimentos sociais por
melhores condições de moradia, trabalho, defesa do meio ambiente, saúde e
educação.
ü Regulamentação dos meios de
comunicação.
ü Valorização do salário
mínimo.
ü Política de cotas raciais nas
universidades.
ü Direitos reprodutivos e
sexuais das mulheres brasileiras.
ü Combate à discriminação e
promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
ü Imposto sobre grandes
fortunas.
ü Financiamento público de
campanha.
ü Reforma política.
ü Fortalecimento da Petrobras.
ü Sistema Único de Saúde.
ü
Como você foi
chamada para a entrevista? Recebeu alguma ajuda de custo do instituto?
Por e-mail.
Nenhuma ajuda.
O que você
achou da seleção de blogueiros para a entrevista? Incluiria, por exemplo,
representantes da mídia ninja ou blogueiros “de oposição”, como Reinaldo
Azevedo?
O Instituto
Lula tem o direito de chamar para entrevistar o ex-presidente quem ele quiser.
Engraçado O
Globo perguntar isso. De manhã à madrugada, de domingo a domingo, todos os
veículos das Organizações Globo privilegiam, ostensivamente, sem o menor
pundonor, vozes do conservadorismo brasileiro e internacional. Pior é que
travestido de uma falsa neutralidade.
Por que O
Globo pode chamar quem quiser e o ex-presidente Lula, não?
Por que as
Organizações Globo não dão espaços iguais à esquerda e à direita, garantindo a
pluralidade de opiniões?
No dia em que
as Organizações Globo garantirem efetivamente a pluralidade de opiniões,
respeitando a verdade factual, aí, sim, seus profissionais poderão questionar
os nomes escolhidos por Lula.
Qual foi o
ponto mais relevante da entrevista para você?
Ter falado
três horas e meia com os blogueiros. Uma conversa em que nenhum assunto foi
proibido. Tivemos liberdade plena de perguntar o que queríamos. Uma lição de
democracia.
O instituto
arcou com os seus custos de deslocamento?
Não. Fui de
táxi. Paguei do meu próprio bolso.
Por que você
acredita ter sido escolhida para a entrevista?
Quantos
jornalistas brasileiros têm o meu currículo profissional? Quantos repórteres da
mídia tradicional e da blogosfera produziram tantos furos jornalísticos quanto
nós no Viomundo nos últimos cinco anos?
Por isso,
deixo essa pergunta para você e os leitores do Viomundo responder.
O que você
acha do movimento “Volta Lula”?
Quem tem de
achar é a população e os militantes dos partidos da base de apoio do governo.
Sou apenas
repórter. Cabe a mim, portanto, retratar o que presencio.
Qual nota você
daria ao governo Dilma? Por quê?
O Globo tem
fetiche por nota. Quem tem de dar a nota é o eleitorado. Sou repórter e minha
opinião neste caso é irrelevante. A não ser que O Globo pretenda usá-la para
fazer o que costuma fazer: manipular informação com objetivos políticos, em
defesa de interesses da direita brasileira.
Uma bancada
alternativa para entrevistar Lula, inspirada pelo Globo por : Paulo Nogueira
E o Globo
procura os blogueiros que entrevistaram Lula em busca de informações para uma
reportagem que mostre a razão de terem sido convidados.
O Globo parece
fugir da resposta mais simples: é que fazem um jornalismo menos viciado do que
o do Globo.
Para Kiko,
vieram poucas perguntas. Mas vejo agora que para Conceição Lemes, que
representou o Viomundo, foi uma série infindável de perguntas, como se fosse um
interrogatório.
Ela as
publicou, com as respostas – dadas não ao Globo, mas aos leitores do Viomundo.
Chegaram a
perguntar a ela se recebera dinheiro para se deslocar até o Instituto Lula, em
São Paulo, onde foi feita a entrevista.
Conceição
disse que não. Pagou o táxi com suas próprias posses. Não fez o que o Globo fez
quando foi cobrir uma palestra de Joaquim Barbosa na Costa Rica.
O contribuinte
pagou a conta da jornalista do Globo que acompanhou JB – aliás num jato da FAB.
Mas a questão
que mais me chamou a atenção no interrogatório do Globo foi o que Conceição
achava da ideia de Lula incluir entre os convidados “blogueiros de oposição”,
como Reinaldo Azevedo.
Azevedo foi
citado nominalmente, e então peço pausa para rir.
Seria de fato
uma grande ideia. Tão boa que o próprio Globo poderia adotar e convidar Paulo
Henrique Amorim para uma futura entrevista que os irmãos Marinhos concedam, de
preferência ao vivo, como foi o caso de Lula.
Outra
possibilidade é Miguel do Rosário, para discutirem o caso da sonegação
bilionária da Globo na Copa de 2002. Foi um furo de Miguel, com seu Cafezinho.
Os Marinhos
ficariam certamente felizes de ver, na entrevista, Fernando Brito, do Tijolaço.
Fernando poderia perguntar sobre o direito de resposta de Brizola, na voz de
Cid Moreira no Jornal Nacional. Brito, soube-se recentemente, foi o autor do
texto de Brizola.
De volta a
Lula.
Reinaldo
Azevedo começaria se dirigindo a Lula, respeitosamente, por “Apedeuta”. O
Brasil, para cuja autoestima ele tanto colabora, seria tratado como “Banânia”.
E os petistas seriam, claro, os “petralhas”, uma palavra da qual ele se orgulha
como se tivesse criado não ela, mas Guerra e Paz.
A bancada de
entrevistadores de Lula poderia ser reforçada com outros nomes, na linha
sugerida pelo Globo.
Diogo Mainardi
poderia enriquecer, de Veneza, por Skype, a entrevista. Ele trataria Lula, com
a devida deferência, como “Anta”. E levaria também as saudações de seu pai,
Ênio, que fraternalmente vive pedindo a Deus que traga de volta o câncer a Lula
(leia aqui na integra).
Do Brasil 247
QUEREMOS CUIDAR DE SÃO PAULO!!!!
ResponderExcluirAdoro quando eles jogam na cara em alto e bom som e ninguém do lado de lá tem como responder: " Temos lado. Ninguém teve a intenção de ser isento. Eu digo que não existe jornalista isento, existe jornalista mentiroso."
ResponderExcluirOutra pérola: “blogs que polarizam, invariavelmente, à esquerda, e são cada vez mais usados como munição na disputa eleitoral”
O "invariavelmente à esquerda" foi de causar frouxos de riso aos Isentos Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Augusto Nunes, Fulano de tal Constantino, Merval, o Imortal, Pereira etc etc etc etc etc etc etc etc etc etc etc...
...não adianta se espernear, gastar horrores, que o debate político os PTralhas perderam desde Junho/13...hoje estão tomando de goleada...a cada dia que passa eles ficam cada vez mais na defensiva...é chegado o fim do ciclo!!!!!
ResponderExcluirO PT quer se perpetuar no poder, mais desgovernos, desmandos e posturas sectárias igualam o PT a liga bolivariana, que eles se mudem e governem a venezuela
ResponderExcluirO artigo foi na veia...aberta do dinheiro público jogado aos borbotões nos sites dos ditos 'progressistas'...É UMA FESTA! Naturalmente desgostou a pelegada à soldo do lulopetismo. NATURALÍSSIMO!
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