Wagner Giudice, diretor do Deic (Foto: Kleber Tomaz/G1) |
Cerca de 40
pessoas são investigadas pela Polícia Civil por suspeita de comandarem a tática
black bloc em manifestações violentas em São Paulo, segundo o diretor do
Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado Wagner
Giudice. Em entrevista ao G1 na segunda-feira (24), ele declarou que
os suspeitos poderão ser indiciados por formação de quadrilha armada no
inquérito que tenta associar os black blocs a uma organização criminosa.
“A pena para
esse tipo de crime varia de quatro a oito anos de reclusão”, afirmou o
delegado. O departamento integra a força-tarefa criada após os protestos de
junho para, juntamente com a Polícia Militar e Ministério Público, coibir,
deter, identificar e responsabilizar vândalos em manifestações violentas.
Nesse período,
a investigação compilou todos os boletins de ocorrência envolvendo os protestos
e registrados em diversos distritos policiais, bem como recebeu dados de
pessoas averiguadas e liberadas pela PM nos atos. De posse desse material, o
Deic centralizou a apuração e passou a intimar os suspeitos para serem ouvidos.
Preliminarmente,
Giudice acredita que até 40 investigados usem a internet e telefones para se
comunicarem, comandarem, organizarem, convocarem e arregimentarem pessoas para
os atos violentos.
Até o momento,
nenhum suspeito está preso. Todos aqueles que foram detidos acabaram liberados
após prestar depoimento. “São entre 30 a 40 organizadores dos black blocs em
São Paulo. Eles são suspeitos de usarem a internet e telefones para liderarem e
organizarem essas manifestações”, disse o diretor. “Foram pedidas as quebras
dos sigilos de meia dúzia de páginas do Facebook e celulares. Em relação ao
site, apesar de a Justiça ter determinado isso, ele ainda não cumpriu a decisão
para nos passar os dados dos donos das páginas.”
Segundo o
delegado, mais de 300 potenciais black blocs foram listados até o momento e são
investigados. “Além das lideranças, existem aquelas pessoas que atendem aos
chamados das convocações e vão aos atos com a intenção de quebrar e terão de
responder por danos ao patrimônio público e privado”, disse Giudice, que possui
um arquivo com mais de 700 fotografias de pessoas que foram averiguadas como
manifestantes violentos.
De acordo com
o chefe do departamento, “os black blocs se reúnem e agem como organização
criminosa”. No entendimento dele, um manifestante pacífico não vai protestar
armado com pedras, paus, estilingues com bolinhas de gude e coquetel molotov.
Parte desses objetos foi apreendida com suspeitos detidos, segundo Giudice.
O diretor
disse que o objetivo da investigação não é o de inibir as manifestações
pacíficas, mas sim os atos violentos. “Toda a vez que esse grupo de mascarados
se reuniu, houve depredação. O raciocínio é simples: depredação é crime. No
caso, quem o pratica se organiza, convoca um pessoal, um grupo, que sai para
zoar e quebrar e ele pode ser enquadrado aí na formação de quadrilha”.
Para Giudice,
além de individualizar as responsabilidades dos suspeitos, a investigação está
sendo importante para entender e saber quem são os 'black blocs'. “Daqueles
suspeitos que acompanhei os depoimentos, para mim, eles são despolitizados. Os
que eram black blocs, por exemplo, falavam que iriam para os atos como quem vai
a uma ‘micareta punk’. Eles vão para zoar e quebrar tudo. Se juntam e fazem o
efeito manada”.
Para ajudar na
investigação, dois delegados do Deic foram ao Rio de Janeiro saber como a
polícia carioca está apurando o caso dos black blocs. O intuito da visita foi a
de trocar informações, já que alguns dos detidos em São Paulo também estiveram
no Rio. “Estamos usando a expertise de prender ladrão para pegar a molecada”,
disse Giudice.
“O perfil dos
black blocs não muda. É quase sempre o mesmo: desempregado e jovem, acha que a
única maneira de resolver seu problema é quebrando tudo. Já está se tornando
uma diversão para eles, como se fosse sair numa sexta-feira à noite”, afirmou.
No sábado
(22), 262 foram detidos pela PM por suposta participação em atos de vandalismo
durante protesto no centro da capital paulista contra à Copa do Mundo. Pela
primeira vez, a corporação usou a “Tropa do Braço” nos atos violentos. Os
boletins de ocorrência desse caso foram registrados nos 3º e 5º distritos
policiais, respectivamente, Santa Ifigênia e Aclimação. “Pedimos esses boletins
para serem juntados a nossa investigação. Depois, vamos chamar esse pessoal
para ser ouvido aqui novamente.”
Mascarado quebra fachada de banco no centro de São Paulo no sábado 22 de janeiro (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress) |
Do G1.com
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