Por Luis
Nassif no GGN
Desde o
início, tinham-se todos os elementos para não se dar credibilidade ao advogado
Jonas Tadeu nas acusações de que o PSOL e o deputado Marcelo Freixo estariam
por trás do suposto financiamento aos vândalos das manifestações.
Tadeu não
apresentou uma prova, apenas sua palavra, e de maneira cautelosa para se
prevenir de futuros processos.
Bastava a
informação de que foi advogado de Natalino Guimarães - o chefe de milícia alvo
de uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio, cujo principal nome foi o próprio
Freixo - para, no mínimo, não se endossar de pronto as declarações.. Nem seria
necessário a informação adicional, de que durante a CPI Tadeu e Freixo se
desentenderam várias vezes.
A manobra do
advogado era óbvia ao se constatar que as falsas denúncias não obedeciam a uma
tática de defesa. Pelo contrário, agravavam mais a situação dos rapazes, que de
jovens tresloucados se transformavam em milicianos pagos para fazer baderna.
De Tadeu, a
Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro, se incumbirá. Depois
de rifar o destino de seus clientes, para fazer o jogo dos seus financiadores,
muito provavelmente será cassado seu direito de continuar advogando.
De qualquer
modo, a maneira como se instrumentalizou a tragédia da morte do cinegrafista
Santiago Andrade é um sinal eloquente de como se comportará a mídia durante a
campanha eleitoral.
Transformaram
Santiago em mártir da imprensa. Não é. Ele foi alvo de um rojão disparado a
esmo, que poderia ter vitimado um PM ou um manifestante. Ele é um mártir pessoa
física dessa imprudência em se dar corda a vândalos. E nem se debite exclusivamente
ao PSOL o estímulo às manifestações (não à violência) porque elas interessavam
diretamente à velha mídia, em sua cruzada diária a favor da exacerbação da
opinião pública.
A exploração
política do episódio foi tão vergonhosa quanto a falsa acusação de
financiamento dos manifestantes pelo PSOL. A culpa seria de Lula, que recebeu o
MST; dos blogs que acirram a animosidade contra a mídia. E, agora, seria uma
tática do governo para desmoralizar as manifestações contra a Copa.
Nenhuma
responsabilidade à campanha de ódio que tem marcado a velha mídia desde 2006.
Com o fim do
pluralismo na mídia, restaram duas vozes isoladas fazendo o contraponto: o
colunista Jânio de Freitas e a ombudsman Suzana Singer, da Folha.
Mas, a exemplo
de 2006, ambos estão desde já submetidos ao mesmo jogo de desgaste que, naquele
período, vitimou jornalistas independentes. Na época, a tática foi concentrada
em um colunista da Veja que, com seus ataques, fornecia o álibi para
os jornais se desfazerem dos colunistas incômodos.
Agora, a
tática consiste em trazer novos colunistas para dentro do próprio jornal, com a
incumbência objetiva de conduzir uma guerra de desgaste contra os
recalcitrantes. Para o público, passa a ideia de independência editorial e
pluralismo. Quem conhece as engrenagens sabe que há uma tática perversa atrás
dessa autorização para atacar colegas.
O fantasma de
2006 e 2010 está de volta
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