Cerca de 350 médicos percorreram as ruas de Brasília em protesto contra a vinda de profissionais estrangeiros para o Brasil sem a revalidação do diploma. No começo da tarde a categoria se concentrou no início da Asa Sul, próximo ao centro da capital federal, e percorreu a Esplanada dos Ministérios pelo Eixo Monumental, tendo o Palácio do Planalto como destino final.
Para Iran Cardoso, presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRMDF), que organizou o protesto com a Associação Brasiliense de Médicos Residentes, o que falta é estrutura para a saúde pública e não médicos. “Não precisamos trazer ninguém de fora, precisamos é de leitos, medicamentos, uma estrutura mínima e uma carreira médica que atraia os profissionais brasileiros”, disse Cardoso.
A categoria ressalta que não é contra a atuação de médicos estrangeiros no Brasil, desde que eles façam o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos , o Revalida, que é elaborado pelo Ministério da Educação.
No meio da caminhada, os manifestantes pararam em frente ao Ministério da Saúde, onde pediram a saída do ministro Alexandre Padilha. Depois os médicos seguiram para o Palácio do Planalto, onde muitos deitaram no chão, mostrando onde está a saúde pública brasileira. O presidente do CRMDF conversou com um assessor representante da secretaria-geral do Planalto, que pediu que a categoria elaborasse um documento com as reivindicações para entregar à presidenta Dilma Rousseff.
Na avaliação de Paula Lima, residente de ginecologia, a vinda de médicos estrangeiros é uma medida que visa a enganar à população. “Médico não é mágico, sem estrutura podemos fazer muito pouco”, disse Paula. A maioria dos que protestaram era médico residente, pois, segundo Paula, essa parcela da categoria é a mais prejudicada, pois é quem sente a falta de estrutura no interior do país.
Em protesto, os médicos do Distrito Federal cancelaram cerca de 3 mil consultas médicas marcadas para hoje. Além disso, várias entidades médicas, entre elas o Conselho Federal de Medicina, estão organizando o Dia Nacional de Mobilização contra a Importação de Médicos Formados Fora do Brasil sem a Revalidação do Diploma, marcada para o dia 3 de julho, quando vai haver paralisação da categoria.
Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo do governo é criar programas de autorização especial para que os profissionais que se formaram fora do país só possam atuar na atenção básica, nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. De acordo com o ministro, a ideia do governo é evitar que eles entrem no país e depois saiam das regiões onde há carência de médicos e passem a disputar o mercado de trabalho com os brasileiros.
Agencia Brasil
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