O advogado
carioca Luiz Roberto Barroso, indicado ao cargo de novo ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), fez uma palestra na manhã desta sexta-feira no 13º
Congresso Brasileiro de Direito do Estado, em Salvador, mas evitou comentar a
indicação aos jornalistas. Segundo ele, em respeito à futura sabatina que fará
no Senado, não se pronunciará sobre nenhum assunto que faça referência ao cargo
que deve ocupar. Entretanto, tocou em pontos polêmicos durante sua exposição no
evento.
“As minhas
últimas 24 horas foram bastante tumultuadas e eu me sinto honrado com a
indicação, mas eu não sinto que tenha ainda chegado a algum lugar.
Atualmente
eu sofro de crise de falta de opinião”, comentou. Ele também disse ter
considerado a indicação “agradável” e se recusou a dar “declarações
substantivas” sobre qualquer tema relativo ao STF apesar dos apelos. “Mas a
reunião com a presidente Dilma foi muito agradável e totalmente republicana”,
descreveu.
Na palestra,
porém, revelou um pouco do que pensa sobre a relação entre a política e a
Justiça no Brasil. Ao falar da interferência entre os poderes, o advogado cedeu
o poder de decisão política cotidiana “a quem possui voto”, citando o Executivo
e Legislativo. Porém, defendeu que o Judiciário deverá interferir quando as
normas vigentes e, especialmente, a Constituição, forem desrespeitadas por
estas decisões. “Cito uma frase que diz que ninguém deve querer ser mais do que
é”, discursou.
De acordo com
o indicado ao STF, o Brasil precisa de “política de qualidade” e que uma
reforma política deve ser efetuada para que, de uma forma geral, todos os
poderes saiam fortalecidos. O advogado ponderou também que atualmente não é
mais possível adequar a realidade às normas jurídicas e que a complexidade do
cotidiano obriga os entes jurídicos a praticar a interpretação dos fatos e
criar novas normas.
Para
exemplificar o fato, Barroso citou que atualmente já há múltiplas
interpretações judiciais do que constitui uma família e que uma delas é a da
união estável homoafetiva. “A única obrigação que temos de seguir é a da
tolerância”, defendeu. Em entrevista, por outro lado, Barroso evitou se
posicionar como um jurista “liberal” e disse que as bandeiras que sustenta
estão escritas em vasta bibliografia instrucional e que quem desejar
conhecê-las pode recorrer a seus livros.
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