Adolescente de
16 anos vai cumprir medida sócio educativa por, no máximo, 3 anos pelo crime
No momento de
ser reconhecido pela mulher a quem estuprou em um ônibus na avenida
Brasil, no Rio de Janeiro, o agressor debochou, conforme informou o
delegado Fábio Pacífico. O adolescente de 16 anos manteve postura despreocupada
na Delegacia de São Cristóvão (17ª DP), ciente de que a pena pelo crime não vai
passar de três anos em um reformatório, cumprindo medidas sócioeducativas. Aos
19, estará solto.
Com a mesma
tranquilidade demonstrada ao praticar os abusos sexuais, prosseguiu o
terrorismo à vítima no reencontro. Pôs o rosto bem colado ao vidro espelhado
que o separava da jovem. Tentou assustá-la. Conseguiu. A moça chorou ao
relembrar a violência, conforme relatou o delegado Pacífico.
— Ele é uma
pessoa fria. Tinha um sorriso de deboche quando eram apresentados os fatos
praticados. Ele é banal, não tem preocupação nenhuma com a consequencia dos
atos que praticou.
O adolescente
confessou tudo que já havia sido flagrado pela câmera de segurança do ônibus da
linha 369. Disse que cometeu os atos sob efeito de cocaína e que tinha a
intenção, ao entrar no coletivo, de arrecadar dinheiro para a festa de 17 anos
dele, que aconteceria no próximo domingo. No meio do caminho, ao se interessar
por uma das passageiras, a separou do restante do grupo e realizou o estupro,
na frente de todos e com o veículo em movimento.
A arma do
crime não foi encontrada pela polícia, que negociou a rendição com o padrasto e
a mãe do rapaz. A casa da avó, na Baixada Fluminense, vinha servindo de
esconderijo desde o episódio. Apesar dos apelos do Disque-Denúncia à população
com a oferta de R$ 2.000 para quem desse pistas importantes, foi um policial
que desvendou o caso e localizou o menor.
Para a vítima,
recém-separada e mãe de uma criança de 10 anos, a comemoração da notícia da
captura do agressor durou pouco. Ela ficou revoltada ao saber da idade do
estuprador, conforme contou à reportagem da Rede Record.
— Isso é uma
injustiça muito grande. Aqui no Brasil quem tem 16 anos pode votar, mas não
pode responder pelos crimes que comete. Fiquei muito revoltada em saber que ele
não vai pagar por nada.
A mulher
revelou detalhes sobre os 40 minutos de terror que passou na avenida Brasil.
— Ele falou
que se eu não colaborasse iria me matar. Ele colocou a pistola nas minhas
costelas e bateu com a arma na minha cabeça. Ele me fez fazer sexo oral. Foi
nesse momento que ele bateu com a arma na minha cabeça. Depois, mandou eu
deitar e subiu em cima de mim puxando o meu cabelo. Pediu para eu abrir a boca
e ele colocou a arma. Eu não tentei reagir em nenhum momento.
Polêmica sobre a
maioridade penal
Os três
delegados envolvidos no caso fizeram coro à revolta da vítima por saber que o
adolescente, beneficiado pela legislação brasileira, não vai cumprir a pena
pelo estupro como um adulto. Carlos Augusto Nogueira, titular da Delegacia de
Realengo (33ª DP), deu a impressão dele sobre o crime após interrogar o rapaz.
— Eu vi uma
personalidade consciente dos seus atos. Não vislumbrei ali qualquer tipo de
outra coisa senão o conhecimento de sua conduta.
Já Mauricio
Luciano (17ª DP), apelou às autoridades pela mudança urgente nas leis.
— Isso tem que
servir de reflexão, o que a sociedade quer. Eu sou a favor da redução da maioridade
penal. Um adolescente da idade dele tem consciência do que está fazendo, sabe o
que está praticando.
O delegado
Fábio Pacífico disse que o adolescente já vem se beneficiando da condição de
menor de idade há alguns anos para cometer delitos.
— Ele já tem
um histórico de crimes patrimoniais. Em setembro do ano passado, foi flagrado
roubando na área da 27ª DP. O cartão Riocard que ele usou para entrar no ônibus
369 era de uma pessoa que tinha sido roubada por ele.
As informações
são do R7
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