De acordo com a Polícia Civil, três
pessoas foram presas temporariamente na manhã desta segunda-feira devido ao
incêndio em uma boate em Santa Maria (RS) que matou ao menos 231 pessoas na
madrugada de domingo. "Eles foram presos porque é essencial para ajudar
nas investigações e não estão sendo responsabilizados de nada ainda",
explicou o delegado Ranolfo Vieira.
Incêndio de grandes proporções em uma casa noturna ocorreu na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS) Foto: Daniel Favero / Terra |
Segundo o Tribunal de Justiça (TJ),
o juiz Régis Adil Bertolini emitiu mandados de prisão temporária para os
proprietários da Boate Kiss Elissandro Callegaro Sphor, que está detido sob
custódia em um hospital de Cruz Alta, onde está internado, e Mauro Hoffman, que
não foi encontrado, mas deve se apresentar até o final do dia.
Os outros dois presos são
integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local no
momento da tragédia: Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos
Santos. O primeiro, segundo o TJ, foi quem acionava o dispositivo do show
pirotécnico à distância. O segundo é o vocalista, que foi quem estava com o
sinalizador que teria provocado o incêndio. Os dois foram presos em Mata e
encaminhados para a delegacia de Santa Maria.
A delegada Luiza Santos Souza estava
de plantão na noite de domingo e conduziu as investigações preliminares.
Segundo ela, "obstáculos" fizeram com que as prisões fossem
decretadas. "Conforme fomos conseguindo visualizar bem os fatos, começaram
a surgir obstáculos. Vimos que foi necessário representar por mandado de busca
e apreensão para coletar algumas provas e, ao final do dia, após ouvir 20
pessoas, a percebemos que era necessário representar pela prisão temporária de
quatro pessoas".
Após concluir os trabalhos da força
tarefa montada pela Polícia Civil, que liberou os corpos, a polícia deve focar
os esforços nas investigações, segundo afirma o delegado Marcelo Arigony. Ele
diz que já existe uma linha de investigação, que vai apurar se as saídas de
emergências tinham o tamanho apropriado para dar vazão às pessoas e se o
incêndio foi provocado por algum aparelho pirotécnico.
"Hoje pela manhã, conseguimos
liberar o último corpo. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul está esgotando a
força-tarefa que foi montada no Centro Desportivo Municipal; agora vamos
canalizar esforços na investigação", disse o delegado Arigony, afirmando que
novas diligências serão realizadas para comprovar a linha de investigação.
A polícia trabalhou primeiro na
frente de identificação e liberação dos corpos. Em seguida, partiu para as
investigações. Com a conclusão da primeira etapa, a prioridade são as investigações.
"Esses presos temporários são para que a investigação consiga esclarecer o
fato com todas as suas circunstâncias. Para esclarecer se o fogo foi provocado
pelo aparelho pirotécnico e a questão das entradas, se tinha condições de dar
vazão”, afirmou Arigony.
A polícia não encontrou imagens do
circuito de segurança no local. O equipamento, segundo os proprietários, não
estaria funcionando há dois meses. A polícia, no entanto, cogita que ele possa
ter sido tirado do local propositalmente.
Incêndio na Boate Kiss
Um incêndio de grandes proporções
deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O
incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos
Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou
com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa
universitária.
Segundo um segurança que trabalhava
no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi
um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e
muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente
morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram
levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em
busca de informações.
A prefeitura da cidade decretou luto
oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e
psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma
Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde
se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.
Terra
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