A avaliação é do Conselho Paulista de
Médicos, que reprovou 54,5% dos alunos no exame deste ano da entidade, o
primeiro obrigatório para tirar o registro profissional.
É considerado reprovado quem acerta menos de
60% da prova, de 120 questões, noticia a Folha de São Paulo (07/12/2012). Em
saúde mental e pediatria a média de acerto não atingiu 56%. Em suma, mais da
metade dos quase 2.500 estudantes de medicina que se formaram neste ano no Estado
de São Paulo não possuem condições mínimas para atender a população. Imaginem
em outros estados da Federação!
Aqueles que adoram ser considerados
politicamente corretos sabem que cálculos estatísticos, informáticos,
científicos, qualquer que seja o nome que se use para designá-los,têm antes de
ser pesquisados, para saber qual a hipótese que se deseja provar.
Verdade cientifica pode ser transitória,
principalmente na Medicina. Vocação? Não significa levar uma vida de Madre
Tereza de Calcutá. Ser fraterno não significa levar uma vida sem direito aos
desejos de consumo ou a argumentos líricos. Chega de dizer que a medicina é um
sacerdócio ou vocação. O ato médico pressupõe cuidado, empatia, destreza e
outros sinônimos dos sentimentos que levam a uma misteriosa relação com o
paciente. Por não conhecer uma palavra que os defina, direi Humanismo, além de
um longo preparo profissional com grandes Mestres. Tudo isto já sabemos.
O mais preocupante quanto a essa notícia é
que a formação dos mais despreparados se concentra (grosso modo, como dizem os
‘estaticistas’) nas doenças das crianças (pediatras) e nos sofrimentos mentais
(psiquiatras).
O meu apelo à mídia é para uma mudança de
destaque, ou melhor, de foco, porque destaque é coisa de escola de samba e não
é para quem ama seus semelhantes.
O foco das mídias sociais deveria estar
concentrado na situação do ensino médico no Brasil. Por enquanto, só me resta
dizer: “coitadas de nossas crianças e dos portadores de sofrimentos psíquicos”.
Ajudem-nos, senhores da imprensa. Divulguem essa situação e abram o debate para
deixarmos de ser um povo de coitadinhos.
Contribuição do médico Meraldo Zisman,
graduado no dia 8 de dezembro de 1958, pela atual UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco). Email: meraldozisman@uol.com.br
(Carta Capital)
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