Para Alessandro Molon (PT-RJ), relator, é fundamental aprovar o projeto Foto: Leonardo Prado/Agência Câmara/Divulgação |
A votação do Marco Civil da
Internet, projeto de lei que pretende criar direitos e deveres para usuários,
governo e internautas e funcionar como uma espécie de "constituição"
da rede, pode ficar para o ano que vem. Isso porque deputados da oposição
querem esperar o fórum da União Internacional de Telecomunicações (UIT) da
Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorre em dezembro em Dubai. Já o
relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), acredita que o projeto
possa ser votado na próxima semana e afirma que o texto tem o apoio do governo
federal.
"Eu acho prudente esperar o que
vai ser decidido nessa reunião para poder votar (o projeto). A internet é um
campo sem fronteiras, e essa conferência vai definir posicionamentos globais. O
Brasil não pode se achar mais importante que um fórum pilotado pelas Nações
Unidas. Acredito que seria interessante aguardar e ver o que vai acontecer,
para não ter que refazer toda a legislação depois", afirmou ao Terra o
deputado Pauderney Avelino (AM), vice-líder do DEM na Câmara.
O relator do projeto acredita que
esperar decisões de Dubai é uma "posição de colônia". "O Brasil
não deve esperar Dubai. A gente deve votar a lei imediatamente, e não aguardar
para adotar uma decisão de fora. O Brasil tem que assumir a liderança e dar a sua
visão de internet para o resto do mundo", afirma o deputado.
O projeto estava na pauta de votação
do plenário da Câmara na terça-feira, mas foi adiado pela quarta vez, sem
acordo. O principal ponto de discórdia é o que trata da neutralidade da
internet, que diz as empresas devem tratar todos os usuários da rede
igualmente, sem dar preferência àqueles que pagam pacotes mais caros, nem dar
preferência a determinado serviço em detrimento de outros.
"É fundamental aprovarmos o
projeto para a neutralidade da rede e a liberdade de expressão, e
contrabalançar a pressão que as forças contrárias, principalmente as companhias
telefônicas, estão fazendo contra o projeto", disse Molon.
"A questão do artigo da
neutralidade é uma coisa que precisa ser resolvida. Estamos aguardando o que
vai ser proposto de alteração, temos opiniões das mais variadas de operadoras
de telefonia e produtoras de conteúdo, cada uma alegando que tem razão",
disse Pauderney, que afirma que a oposição não está fazendo força contra o projeto.
"O próprio governo não quer votar", disse.
Durante as discussões do projeto, o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, chegou a discordar do texto e
afirmar que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deveria
regulamentar as exceções à neutralidade. Já Molon defende que essas exceções
devem ser reguladas por decreto presidencial, menos suscetível à pressão das
operadoras. "Essa questão com o governo está superada. O texto vai a
plenário e o governo apoia", disse Molon.
Por Ismael Cardoso | Via Porta Terra
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