quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Dirceu se considera ‘prisioneiro político de julgamento de exceção’


Ex-ministro diz a aliados que está 'preparado' para o pior; PT divulgará manifesto com críticas ao Judiciário


Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, jantou na terça-feira, 23, na casa do prefeito de Osasco (SP), Emídio de Souza (PT). À mesa, bacalhau, vinho, eleições, José Serra e mensalão. No diagnóstico de Dirceu, o Supremo "leva a situação para o pior cenário possível".
Entre uma e outra recordação das disputas para deputado estadual e federal - a primeira delas em 1987, quando se tornou constituinte de São Paulo -, o ex-todo-poderoso ministro do governo Lula comentou que, se for para a cadeia, vai se declarar "prisioneiro político de um julgamento de exceção".
Depois do 2.º turno da eleição, o PT divulgará um manifesto em tom duro, com críticas ao Judiciário. A estratégia do partido também prevê a cobrança do julgamento dos réus do "mensalão tucano", por parte do Supremo.
Sem alívio. 
À espera de sua pena, que a Corte máxima vai impor, Dirceu disse estar "preparado" para o pior. Na sua avaliação, o Supremo "não vai aliviar em nada" no cálculo da punição, a chamada dosimetria - em tese, ele pode pegar de 3 a 15 anos de reclusão.
O ex-ministro chegou ao apartamento do prefeito de Osasco acompanhado da mulher, Evanise Santos. Parecia bem disposto, animado, contrapondo-se ao aspecto abatido que carregava antes de o STF dar início ao seu julgamento. Até cortou os cabelos, que já estavam abaixo da nuca.
Fixação. 
Dirceu soltou boas gargalhadas cada vez que os convivas falavam da "fixação do Serra" por ele. Era uma alusão aos debates da campanha à Prefeitura de São Paulo em que José Serra (PSDB) tem provocado Fernando Haddad, do PT, ao destacar a condenação do ex-ministro.
Foi uma noite agradável, relataram convidados. Emídio, pré- candidato do PT ao governo do Estado em 2014, recebeu dez amigos para o jantar, entre eles o deputado federal Vicente Cândido (PT) e sua mulher, Eva, o advogado José Luis Oliveira Lima, o Juca, defensor do ex-ministro na ação penal 470, o prefeito eleito de Osasco, Jorge Lapas (PT), e Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Setorial Jurídico do PT.
Solidariedade. 
"O jantar foi uma manifestação de solidariedade, um ato de carinho a nosso companheiro José Dirceu", disse Carvalho.
Emídio e Dirceu são amigos de muitos anos. Na conversa, o ex-ministro comemorou o desempenho do PT nas eleições. Para ele, o partido se mostrou "forte e enraizado" e Fernando Haddad já pode se considerar eleito.
Dirceu fez menção de gratidão ao ex-ministro de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi. Na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, Vanucchi disse que a partir de agora o PT vai acompanhar "com lupa" cada voto dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Vera Rosa e Felipe Frazão, de O Estado de S.Paulo

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