Defensor de Roberto Jefferson diz que Joaquim Barbosa confundiu datas e fatos |
O
advogado do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), Luiz
Francisco Corrêa Barbosa afirmou que "houve um equívoco do relator"
do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, "que pode ter induzido ao erro
os demais ministros". Segundo ele, o relator "confundiu fatos e
datas" relacionados aos réus ligados ao PTB. "Espero que
ele mesmo perceba isso e altere o seu voto", disse Corrêa Barbosa ao Terra logo
após a sessão desta segunda-feira, quando os ministros concluíram seus votos e
condenaram Jefferson por corrupção passiva, por unanimidade, e por lavagem de
dinheiro, pelo placar de oito a dois.
"Nós
estamos sempre numa situação condicional. É possível que isso se altere a
partir do próprio ministro relator, de outros ou de uma discussão. E, se isso
não ocorrer e seguir a linha que vem se desenhando, então teremos que aguardar
mais que o término do julgamento, a publicação do acórdão", afirma Corrêa
Barbosa, que não fala com seu cliente desde sexta-feira passada. O advogado do
presidente licenciado do PTB diz que, após a publicação do acórdão, deverá
entrar com recurso de "embargo de declaração para suprir a contradição que
eu estou apontando". Roberto Jefferson trata um câncer e deixou a
presidência do partido por 180 dias.
"A
partir do relator e, a partir dali, aquilo virou, digamos, 'verdade', mas de
fato é uma confusão de datas e fatos", insiste o defensor. Para ele,
"ainda não há o que tratar", pois é preciso "aguardar o término
do julgamento" para, "se for o caso, (ingressar com) a interposição
de embargo de declaração". Corrêa Barbosa afirma que está confiante numa
reviravolta até o final do julgamento.
O
mensalão do PT
Em
2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto
esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB)
e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada
recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do
governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José
Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo
cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até
2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como
operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-
presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por
formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção
ativa.
Em 2008,
Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não
ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer
750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40
réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar
na denúncia.
O
relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema
era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso,
Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B
Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes:
formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A
então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto
Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de
quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda
Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de
dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação
(Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do
Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por
peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda
parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator,
Roberto Jefferson.
Em
julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do
processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora
o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro
do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de
provas.
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