A presidenta Dilma Rousseff
determinou a divulgação de uma uma nota, nesta sexta-feira, em resposta às
declarações do ministro relator da Ação Penal (AP) 470, após ser citada no voto
do relator, Joaquim Barbosa. No processo conhecido como ‘mensalão’, Barbosa
afirmou que Dilma teria
ficado “surpresa” com a rapidez com que uma medida para o setor elétrico foi
aprovada no início do governo Lula. Em uma nova ilação, ele sugeriu – por
considerar óbvio – que a aparente desconfiança da então ministra das Minas e
Energia seria uma desconfiança quanto o uso de possíveis meios heterodoxos no
convencimento dos congressistas.
Longe das suspeitas expressas com
base na interpretação do relator, a presidenta apressou-se em eliminar
“qualquer sombra de dúvidas” quanto às declarações que prestou nos autos. Dilma
reafirmou ter ficado, sim, “surpresa, conforme afirmei no depoimento de 2009 e
repito hoje, por termos conseguido uma rápida aprovação por parte de todas as
forças políticas que compreenderam a gravidade do tema”. Assim, o argumento
usado pelo ministro para condenar os réus não passou de uma conjectura.
Leia a íntegra da nota presidencial:
Presidência da República
Secretaria de Comunicação Social
Secretaria de Imprensa
Nota oficial
Na leitura
do voto, na sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal, o senhor ministro
Joaquim Barbosa se referiu a depoimento que fiz à Justiça, em outubro de 2009.
Creio ser necessário alguns esclarecimentos que eliminem qualquer sombra de
dúvidas acerca das minhas declarações, dentro dos princípios do absoluto
respeito que marcam as relações entre os Poderes Executivo e Judiciário.
Entre
junho de 2001 e fevereiro de 2002, o Brasil atravessou uma histórica crise na
geração e transmissão de energia elétrica, conhecida como “apagão”.
Em
dezembro de 2003, o presidente Lula enviou ao Congresso as Medidas Provisórias
144 e 145, criando um marco regulatório para o setor de energia, com o objetivo
de garantir segurança do abastecimento de energia elétrica e modicidade
tarifária. Estas MPs foram votadas e aprovadas na Câmara dos Deputados, onde
receberam 797 emendas, sendo 128 acatadas pelos relatores, deputados Fernando
Ferro e Salvador Zimbaldi.
No Senado,
as MPs foram aprovadas em março, sendo que o relator, senador Delcídio Amaral,
construiu um histórico acordo entre os líderes de partidos, inclusive os da
oposição. Por este acordo, o Marco Regulatório do setor de Energia Elétrica foi
aprovado pelo Senado em votação simbólica, com apoio dos líderes de todos os
partidos da Casa.
Na sessão
do STF, o senhor ministro Joaquim Barbosa destacou a ‘surpresa’ que manifestei
no meu depoimento judicial com a agilidade do processo legislativo sobre as
MPs. Surpresa, conforme afirmei no depoimento de 2009 e repito hoje, por termos
conseguido uma rápida aprovação por parte de todas as forças políticas que
compreenderam a gravidade do tema. Como disse no meu depoimento, em função do
funcionamento equivocado do setor até então, “ou se reformava ou o setor
quebrava. E quando se está em situações limites como esta, as coisas ficam
muito urgentes e claras”.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
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