Terceira a votar, a ministra Cármen
Lúcia condenou nesta quinta-feira dez réus da base aliada do primeiro mandato
de Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva durante o julgamento do
mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
A ministra acompanhou o
entendimento da colega Rosa Weber e absolveu todos os oito acusados do crime de
formação de quadrilha neste capítulo 6. Quanto à lavagem de dinheiro, ela
livrou o réu José Borba, ligado ao PMDB, e Antonio Lamas, que foi absolvido de
todos os crimes.
Por ser presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia pediu para adiantar seu voto e falar
antes do ministro Dias Toffoli. A dez dias da eleição, Cármen comentou a
tristeza de condenar políticos eleitos pelo povo e pediu para que os eleitores
não tenham descrença na política.
"Este é um julgamento de processo
penal que nós julgamentos pessoas que eventualmente tenham errado e contrariado
o Direito Penal, mas que isso não significa que a política seja necessária ou
sempre corrupta. Pelo contrário. A humanidade chegou ao momento que chegamos,
porque é ou a política ou a guerra", disse.
A ministra condenou os réus Pedro
Corrêa (PP - corrupção passiva e lavagem de dinheiro), Pedro Henry (PP ¿
corrupção passiva e lavagem de dinheiro), João Claudio Genu (PP ¿ corrupção
passiva e lavagem de dinheiro), Enivaldo Quadrado (Bonus Banval - lavagem de
dinheiro), Breno Fischberg (Bonus Banval - lavagem de dinheiro) Valdemar Costa
Neto (PL - corrupção passiva e lavagem de dinheiro), Jacinto Lamas (PL ¿
corrupção passiva e lavagem de dinheiro), Bispo Rodrigues (PL ¿ corrupção
passiva e lavagem de dinheiro), Roberto Jefferson (PTB ¿ corrupção passiva e
lavagem de dinheiro), Romeu Queiroz (PTB ¿ corrupção passiva e lavagem de
dinheiro), Emerson Palmieri (PTB ¿ uma corrupção passiva e lavagem de dinheiro)
e José Borba (corrupção passiva).
Cármen Lúcia absolveu José Borba,
ligado ao PMDB, por considerar que ele não tentou ocultar o dinheiro recebido
como corrupção. "Não considero ter ocorrido a lavagem de dinheiro. Considero
não ter uma tentativa de dissimular a dissimulação. Ele estava recebendo o
dinheiro de Simone Vasconcelos, que estava praticando a corrupção", disse.
De formação de quadrilha, os absolvidos foram Pedro Corrêa, Pedro Henry, João
Cláudio Genu, Valdemar Costa Neto, Jacinto Lamas, Enivaldo Quadrado, Breno
Fischberg e Antonio Lamas.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra
os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo
então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido
como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos
periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula
da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de
chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e
perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a
Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do
esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex- presidente do PT José Genoino, o
ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio
Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e
Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo
com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito
sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em
até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP,
morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo
publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos
Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além
das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles
respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e
lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural
Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna
Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e
lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar
Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é
processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo
Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL),
PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral
da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36
dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz
Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas,
Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
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