Ex-deputado criticou a
postura dos ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello
Às vésperas de deixar
o hospital, depois de uma cirurgia para retirada de um tumor com "foco
maligno" no pâncreas e oito dias de internação, o ex-deputado Roberto
Jefferson está atento ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.
Embora, segundo sua assessoria, não tenha assistido à transmissão na TV,
acompanha e autoriza a publicação de comentários em seu blog e no Twitter.
Pivô do mensalão, o
presidente do PTB comentou a votação que rejeitou o desmembramento do processo
por 9 a 2 e chegou a arriscar uma previsão para o resultado final, nada
favorável aos réus. "Ficou longe do empate, apesar de, no fim, a impressão
que ficou foi de que a Corte está, sim, dividida. Não duvido que o placar, ou
algo próximo, se repita no julgamento do mérito das acusações. E, se assim for,
a grande briga está reservada para a discussão sobre as penas a serem impostas
aos réus", analisou Jefferson no blog.
O relator do processo,
ministro Joaquim Barbosa, recebeu novos ataques do petebista. "Os
ministros precisam de nervos de aço, mas na quinta-feira, 2, Barbosa
parecia estar com os nervos à flor da pele", disse Jefferson no Twitter e
no blog, na manhã desta sexta-feira, 3. "Não é porque ele acha que o jogo
está ganho que pode se eximir de jogar o jogo", completou.
Jefferson destacou o
voto de Marco Aurélio Mello, que seguiu o ministro revisor, Ricardo
Lewandovski, e foi favorável ao desmembramento do processo. O petebista
salientou o fato de que, apesar de lembrar a praxe de elogiar o ministro de
quem vai-se discordar, Mello não citou a manifestação de Barbosa contra a
divisão do processo. "O silêncio disse tudo sobre o clima que, já no
primeiro dia, Barbosa impôs ao julgamento", comentou.
"Mesmo
acreditando que o julgamento já está com condenação certa, na falta de um voto
preparado para decidir uma questão de ordem anunciada há tempos, Barbosa
precisa melhorar seu jogo. Afinal, até a novata Rosa Weber tinha mais
argumentos para rejeitar a questão levantada por MTB (o advogado e ex-ministro
da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que pediu o desmembramento do processo) e
mereceu elogios dos colegas, ao contrário de Barbosa, que ficou sem qualquer
menção honrosa. A continuar no ritmo de quinta-feira a tese de Barbosa
pode até, quiçá, ser vencedora em mais algum ponto, mas o próprio ministro
sairá perdedor", disse Jefferson no blog.
O ex-deputado, que
teve o mandato cassado em setembro de 2005, três meses depois de denunciar o
mensalão, deixará o Hospital Samaritano no próximo domingo e deverá começar a
quimioterapia para combater o foco cancerígeno no prazo de quatro a seis
semanas. O tratamento levará seis meses. No processo do mensalão, Jefferson
responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crimes que nega ter
cometido.
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