O procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, informou que não pedirá o impedimento do ministro
Antonio Dias Toffoli no julgamento do mensalão. Até ontem (1), ele ainda
estudava a hipótese de questionar a participação do ministro e disse que só
decidiria hoje que atitude tomar.
Gurgel disse que
descartou a ideia porque seu pedido poderia atrasar o andamento do processo.
“Achei que não deveria o MP [Ministério Público] tomar uma iniciativa que iria
provocar necessariamente a suspensão do julgamento e, talvez, até a inviabilização
da realização do julgamento, pelo menos em um horizonte próximo”.
Indicado ao STF pelo
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009, Toffoli tem forte ligação
com o PT, do qual foi advogado, e com o ex-ministro José Dirceu, que foi assessorado
por ele quando chefiava a Casa Civil da Presidência da República. Dirceu é um
dos 38 réus do processo do mensalão. Toffoli também foi sócio do escritório de
advocacia que defendeu três acusados no processo – e sua companheira, Roberta
Rangel, defendeu dois dos réus, mas já deixou o caso.
Dada a proximidade com
o PT, o Ministério Público esperava que o ministro se declarasse impedido
participar do julgamento, o que ainda não ocorreu. A declaração de suspeição
por foro íntimo é uma ferramenta processual que permite ao julgador recusar a
análise de determinados casos quando há parentes ou amigos entre as partes ou
entre os advogados.
Perguntado se a
desistência do pedido de impedimento de Toffoli também envolve a convicção de
que o ministro não tem motivo para deixar o processo, Gurgel deu resposta
reticente. “Na verdade, optei por não fazer e, por isso, não devo me pronunciar
em um ou em outro sentido”.
Até o momento, Toffoli
não disse oficialmente se irá se declarar impedido de atuar no mensalão, mas as
dúvidas vão se dissipando à medida que ele acompanha as fases iniciais do
julgamento. Hoje, durante a votação da questão de ordem sobre o desmembramento
do processo apresentada por um dos advogados, a tese da permanência foi
reforçada quando o ministro disse que a análise preliminar estava contida
"no voto que preparei sobre esse caso".
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Dag Vulpi