O motivo do nome do
ex-deputado federal José Genoino estar entre os acusados de envolvimento no
mensalão é apenas o fato dele ter sido presidente do PT, afirmou hoje (6) o
advogado Luiz Fernando Pacheco, ao apresentar a defesa de seu cliente no
Supremo Tribunal Federal (STF). Genoino é um dos réus do processo do mensalão,
ação que está sendo julgada desde a última quinta-feira (2).
De acordo com a
denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, ele negociava concessão
de vantagens pessoais com parlamentares em troca de apoio para o governo.
Segundo Pacheco, o
ex-presidente do PT nunca tratou de finanças dentro do partido, pois cuidava
apenas das relações da legenda com a militância e com as bases do governo no
Congresso Nacional. O advogado disse ainda que Genoino era avalista dos
contratos de empréstimos do Banco BMG, confiando na legalidade do que era
negociado pelo então tesoureiro Delúbio Soares, no início de 2003.
“O PT estava com as
finanças em frangalhos, por dívidas das eleições de 2002 e porque os diretórios
estaduais estavam todos inadimplentes. São dois contratos dos que foram
firmados para que o Partido dos Trabalhadores saldasse suas dívidas. Esses dois
contratos são absolutamente legítimos”, argumentou.
Para Pacheco, é
impossível dizer que o Genoino tenha integrado uma quadrilha, pois ele não
praticou crime algum. “O Genoino não conhece ninguém do núcleo financeiro e
ninguém do núcleo operacional. Associou-se por um projeto político e não para
praticar qualquer crime”.
Durante a defesa, o
advogado também citou a trajetória política de Genoino e afirmou que o réu nunca
usou a política para obter ganhos pessoais. “Era um homem generoso e solidário.
Sempre com ética e integridade, um homem pobre, que jamais teve qualquer ganho
pessoal na vida pública O mensalão é algo que nunca existiu.”
Na última sexta-feira
(3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36
dos 38 réus do processo do mensalão. Segundo ele, foi o “mais atrevido e
escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público” da política
nacional. Os réus foram divididos em três núcleos: político, operacional e
financeiro.
Genoino é citado no
processo como integrante do núcleo político, ao lado do ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e do
ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares, além dos parlamentares dos partidos
beneficiados pelo esquema – PL (hoje PR), PTB e PP.
O procurador-geral
pediu a condenação de Genoino, que atualmente é assessor especial do Ministério
da Defesa, pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.
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