Manifestantes
defendem melhorias na educação e na escola pública.
Grupo
de Goiânia articulou evento pela internet e diz ser apartidário.
Um
grupo de estudantes articulou via rede social o protesto “Não cotas, sim
educação” que acontece em frente à Assembleia Legislativa de Goiás, no Setor
Oeste, em Goiânia, neste domingo (19). O objetivo dos manifestantes, que se
vestiam de verde para representar o “Brasil e a esperança”, é protestar contra
a lei aprovada no senado federal que determina a reserva de 50% das vagas nas instituições federais para egressos de escolas públicas.
Um
dos organizadores do movimento é Heitor Crispim, 17 anos, estudante do 3º ano
do ensino médio de um colégio particular com elevado índice de aprovação no
vestibular. Heitor já prestou vestibular como treineiro na Universidade Federal
de Goiás (UFG) para direito e não passou. O projeto dele para este ano é tentar
uma vaga na Universidade de São Paulo (USP) e também na UFG.
“Ficamos
indignados com a lei aprovada no senado, pois não é com essa lei que se resolve
o problema da escola pública, que deve ser prioridade. Aliás, pelo Ideb [Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica], as particulares também não estão bem”,
observa o estudante.
Uma das críticas do jovem é em relação à destinação de vagas para cotas raciais em um país mestiço como o Brasil. Para ele, "o Brasil é um país muito miscigenado” e isso dificulta a concessão de cotas.
“A revolução tem que ser feita na escola. O governo tem que começar a investir na educação de base. As cotas nas universidades públicas não devem ser a solução”, defende o adolescente que destaca não ser totalmente contrário às cotas, mas que elas não devem ser a principal bandeira do governo para a educação.
Colégio
da irmã
A
estudante do terceiro período do curso de direito da Pontifícia Universidade
Católica de Goiás (PUC-GO), Ana Laura Teles, 17 anos, soube da manifestação por
meio da irmã e de amigos que estudam em um colégio particular de Goiânia.
“Também me informei sobre o evento na internet”, contou.
Com uma bandeira do Brasil sobre os ombros, a universitária afirmou ser a favor da educação, mas acredita que as cotas não são a solução para o problema. “O governo tem que mexer na base, no ensino fundamental. O que nós pedimos é uma escola pública de qualidade”, discursou.
Ana Laura comentou que não é radicalmente contra as cotas, e reforçou que essa medida não é o único caminho. “Os beneficiados pelas cotas não têm culpa, mas o governo tem de parar de tapar o sol com a peneira”, criticou a jovem.
Participantes
De acordo com Heitor Crispim, cerca de mil pessoas participavam da manifestação pacífica. Ele afirmou também que o protesto é apartidário e que as despesas foram bancadas com recursos dos próprios participantes. Até às 12h30, a Polícia Militar ainda não tinha uma estimativa do número de adeptos do protesto.
Crispim comentou que outras capitais também estão se mobilizando pelas redes sociais para protestar contra as cotas. Segundo o manifestante, passeatas como essa, que saiu da Assembleia Legislativa e iria até a Praça Cívica, também foram articuladas em cidades como Brasília e São Paulo. Belo Horizonte e Rio de Janeiro também estariam se programando para realizá-las.
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Dag Vulpi