Advogados dos réus do
mensalão criticaram as acusações feitas pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Gurgel
citou o papel de cada integrante do esquema, dando destaque à atuação do
ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, que o considerou como
"mentor" da ação.
Segundo o defensor de
José Dirceu, José Luís de Oliveira Lima, o Ministério Público “fechou os olhos”
para a Ação Penal 470. “[Gurgel] desprezou os mais de 500 depoimentos do
inquérito. Não há nenhuma menção que o incrimine. Ele fala que a prova são
exatamente as testemunhas da ação penal. Só que não apresentou nenhum
testemunho, porque não há de fato nenhuma prova”.
Para Luiz Fernando
Pacheco, defensor do ex-presidente do PT, José Genoíno, Gurgel se fixou apenas
nos indícios produzidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos
Correios, de 2005, e na fase judicial do processo. Segundo Pacheco, a
argumentação de Gurgel pode fortalecer a defesa do cliente dele. “Não há
qualquer prova da efetiva participação de José Genoíno no esquema de corrupção
ativa”.
O advogado do
ex-deputado federal Paulo Rocha, João dos Santos Gomes Filho, acredita que a
acusação do procurador-geral teve cunho político. “[Esse] jogo aqui não vale, o
que vale é a questão jurídica, técnica. Ele ficou duas horas falando de Genoíno
e de Dirceu. É muito holofote em cima de uma ação penal só e isso torna
medíocre o debate técnico porque não está dentro do processo”.
De acordo com Luiz
Fernando Corrêa Barbosa, defensor do então deputado e ex-presidente nacional do
PTB, Roberto Jefferson, Gurgel fez denúncias vazias. Ele acredita ainda que o
final do julgamento vai resultar em um “festival de absolvições”. O advogado
também disse que pretende insistir na inclusão do nome do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como réu no processo. “Ele não só sabia como ordenou. Já
era para ter sido [incluído o nome de Lula no processo]”.
A voz dissidente entre
os advogados foi a de Márcio Thomaz Bastos, defensor do ex-dirigente do Banco
Rural, José Roberto Salgado, que considerou a sustentação de Gurgel
“competente”. “Acredito que se prejudicou um pouco por ter sido lida”.
Na próxima
segunda-feira (6), está previsto o início das sustentações das defesas dos
réus. De acordo com o cronograma, cada advogado terá uma hora para expor seus
argumentos. Serão cinco exposições por dia. A conclusão dos advogados deve
terminar no dia 14 de agosto.
O segundo dia de
julgamento foi encerrado com o indeferimento da questão de ordem proposta pelo
advogado do publicitário Marcos Valério, que pediu uma hora a mais para defesa.
"Vossa excelência [Gurgel] pronunciou o nome de Marcos Valério 197 vezes.
Cumprir o cronograma é cumprir a Constituição. Por isso, entendo que, mais
importante que cumprir o cronograma, é respeitar a paridade legal e duplicar o
tempo concedido à defesa", afirmou Marcelo Leonardo, que será o quarto a
fazer sustentação oral na próxima segunda-feira.
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