Que a globalização
mudou o mundo, não restam dúvidas, mudou, e como mudou o mundo. Mas nem todas
as mudanças propiciadas pelo progresso e a tal da globalização foram benéficas,
ao menos a meu ver.
A tal da tendência
da globalização corrobora decisivamente motivando os atos comuns principalmente
entre os mais jovens, e as vezes nos nem tão jovens assim, mas, moderninhos.
Estes últimos com certo esforço, não conseguem ser autênticos, tentam, ir na
onda como dizem os verdadeiros moderninhos.
O resultado
desta mudança de postura não autêntica, mais copiada, por vezes os coloca em
situações embaraçadoras.
Não que seja o
caso, pois a personagem que virá a seguir é uma autêntica jovem, e não se
colocou em nenhuma situação embaraçosa, eu a tomarei como um simples exemplo
para justificar talvez o título da postagem.
Pois bem, hoje
recebi um conselho de uma jovem, destas jovens antenadas que participam dos
fóruns na internet postando e comentando sobre assuntos mais diversos.
Comentando a
mesma postagem de minha autoria pela segunda vez, essa jovem me fez um alerta
para a desnecessidade do meu agradecimento a cada comentário feito. Transcrevo
aqui na íntegra o comentário feito por ela:
“Dagmar, me
desculpe o conselho, mas você não devia agradecer ninguém por comentar. A gente
comentou porque se interessou pelo tema, é a lógica do Portal... Abs”.
E, antes que
eu respondesse o comentário da jovem, outra participante deste mesmo fórum, com
um diferencial por tratar-se de uma jovem senhora, escreveu como resposta ao
comentário daquela o seguinte:
“.....eu acho
que o Dagmar está certo. É questão de delicadeza com quem comenta no post que a
gente coloca …. È tão bom ver comentários nos posts que se coloca, como acho
que a pessoa que faz o comentário também gosta de se ver reconhecida....É o que
penso.”.
Depois de ler
os dois comentários, primeiro o da jovem e na sequencia o da jovem senhora, e
responder a ambas (agradecendo ainda que desnecessariamente) comecei a
refletir: Estaria eu ali presenciando que tipo de desencontro? Para logo na
sequencia me vir na memória alguns fatos corriqueiros do nosso dia a dia.
Como se tornou
comum vizinhos coabitarem o mesmo condomínio por décadas, e inexplicavelmente
não conseguirem nutrir uma simples amizade, ou, ao menos terem a gentileza de
desejar um simples bom dia mutuamente.
Gestos simples
como segurar a porta do elevador são evitados, muitas das vezes finge-se não
ver o outro para não correr o “risco” de dividir aquele espaço confinado com um
“estranho”, no caso o “estranho” pode ser um vizinho de longa data, mas sabe-se
lá, melhor evitar, vai que falta energia elétrica e você ficará obrigado a
ficar ali enclausurado com um “estranho”. Nunca se sabe, na dúvida é bom
evitar, como diziam os não jovens, é melhor prevenir.
Fiz uma experiência,
sem embasamento científico, mas por pura curiosidade mesmo.
Acordei com o
propósito de cumprimentar “quase” todos aqueles que estivessem ao alcance dos
meus olhos, primeiro para praticar o hábito da boa educação, e depois para
analisar a reação daqueles que eu me dirigia.
Logo cedo no
caminho até a padaria, passei por uma senhora, esta foi a minha primeira
“vítima”, ao cumprimentá-la com um cuidadoso bom dia, digo cuidadoso, pois, do
jeito que as coisas estão ultimamente, não se sabe qual seria a reação, mas,
não para minha surpresa, mas satisfação recebi como resposta um largo sorriso e,
com uma voz baixa e gentil, a retribuição de um “bom dia”, seguido de um: “Como
você está?” Foi impossível ignorá-la mantendo o ritmo dos passos, acabei
acompanhando-a até à padaria.
Sempre
mantendo o propósito da minha pouco comum caminhada matinal até a padaria.
Passei a dividir minha atenção entre a senhora, e os cumprimentos aos
transeuntes. Consegui com isso despertar sua admiração, num dos seus
comentários elogiou minha atitude, dizendo ser raro ver pessoas comportando-se
assim ultimamente, fato que era comum até alguns anos atrás (mau educadamente
eu não revelei para ela que tudo aquilo tinha um propósito).
Observei as
mais variadas reações. Houve aqueles que respondiam prontamente e sorrindo,
alguns respondiam assustados, outros respondiam com as palavras entre os
dentes, muito possivelmente pensando “quem será esse cara? Ele deve ter me
confundido com alguém!”. Houve casos de algumas crianças que caminhando para o
colégio acompanhados por suas mães, e ao verem suas mães respondendo ao meu
cumprimento não conseguiam segurar o riso, outras ficavam sérias e seguiam seus
trajetos, mesmo sem dizer nada continuavam voltadas para trás fitando-me, sabe-se
lá o que passava naquelas cabecinhas.
O cumprimento
da moça da padaria foi normal, aliás, existem também este tipo de cumprimento,
aquele obrigatório com o único objetivo de agradar o freguês, este é norma da
casa.
Mais tarde,
após ler o jornal e dar uma olhadela nas publicações e comentários feitos
durante a madrugada nos grupos Documento Ditadura e no Consciência Política
Razão Social no Facebook, (mais tarde voltarei a olhar os demais grupos e os
blog que administro e alguns que sigo) voltei à minha “pesquisa”. Á esta altura
já eram outros os transeuntes, agora muitos jovens e alguns adultos.
Agora sim pude
presenciar a reação dos autênticos jovens influenciados pela “modernidade” da
globalização.
Mas mesmo
entre estes não existe unanimidade, pois foram variadas as reações, do tipo: “E
aí véi beleza?”, “ dia como vai o senhor?”, “Olha o comédia rsrsrsr”, e por aí
vai.
Mas, um
detalhe em especial me chamou a atenção, os jovens tendem a serem menos
receptivos, chegando algumas vezes a partir para o deboche, e infelizmente até
para a ofensa verbal, quando estão em grupo, ou dupla. Quando sós, tendem a ser
educados, mostrando que determinado comportamento não é natural, mas provocado
pelas circunstâncias. Neste caso a preocupação deles está em, o que o meu amigo
pensará caso eu seja educado? Certamente não se encaixará no perfil desta nova
geração, onde, ser educado, as vezes pode ser interpretado pejorativamente.
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Abração
Dag Vulpi