segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Crianças sem esperança

 
"Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais."

Isso é o que diz a Unicef, em  um dos artigos do Estatuto da criança e do adolescente, mas que na realidade está longe de ser cumprido. Atualmente, segundo pesquisa da Organização Internacional do Trabalho, mais de 215 milhões de meninos e meninas, muitos com apenas três anos de idade, são forçados a trabalhar em muitos países.

O estudo denuncia também a exploração sexual infantil. Ao redor desses campos de trabalho, por exemplo, meninas  começam como prostitutas já aos nove anos de idade, correndo o risco de contrair Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Governantes dos países que ainda exploram crianças  tentam justificar o trabalho escravo infantil,  alegando que isso faz parte de uma tradição para garantir o sustento das famílias desde cedo.
Mas não é bem isso o que a OIT denuncia, quando afirma   que já  denunciou empresas multinacionais como a Benetton (na Turquia) e a Primark (na Índia), que “utilizam mão de obra infantil para baratear seus custos”.
O fato é que quando se fala em criança, pensa-se logo em justiça, esperança, alegria e sonhos,  tudo o que esses jovens seres humanos que vivem nos campos de trabalho nunca conheceram e, provavelmente, nunca irão conhecer. Não há previsão alguma de um programa efetivo das Nações Unidas que os proteja dessa exploração, apesar das inúmeras denúncias sobre essa  prática.
Agora, o que mais revolta é que o tema criança é sempre explorado por candidatos a algum cargo eletivo  em seus discursos eleitoreiros para inglês ver.  Prometem mundos e fundos em prol dos direitos infantis, dizem que as crianças são o futuro do mundo e que “o que fizermos a elas hoje, repercutirá mais tarde na sociedade”.  Tudo balela, enganação.
Será que é por isso que cada vez mais vemos a violência crescer no planeta, a qualidade de vida piorar, o conceito de amor e amizade ser relegado a segundo plano em prol dos interesses materiais?
Será que estamos vendo o reflexo das palavras de efeito dos políticos que, na sua ânsia de votos com discursos populistas, acabaram acertando que as crianças maltratadas do passado serão os adultos revoltados e marginais do futuro?
É, sem dúvida, uma realidade triste e indigna, algo que condena os países que escravizam e sodomizam suas crianças.
E diante disso vale a pena citar mais um artigo do estatuto da criança e do adolescente que, por si só, já diz tudo:
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”
Na prática a teoria é outra.

Por Leila Cordeiro

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