Mostrando postagens com marcador PETROLÃO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PETROLÃO. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Presidente da Câmara Eduardo Cunha será denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro

Denúncia deve ser apresentada ainda nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal deverá apresentar denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda nesta quarta-feira, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha o caso de perto. O presidente da Câmara será acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia a ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) tem como base a acusação do empresário Júlio Almeida Camargo, que confessou em juizo ter pago US$ 5 milhões em propina para o deputado. Cunha nega participação nos crimes. Se o STF aceitar a denúncia, o parlamentar passará a ser réu no escândalo de corrupção. O GLOBO mostrou também hoje que o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), deve constar na lista apresentada ao Supremo como outro denunciado.

Um dos principais delatores da Operação Lava-Jato, Camargo teria pago o suborno para facilitar a assinatura de contratos de afretamento de navios-sonda entre a Samsung Heavy Industries e a diretoria de Internacional da Petrobras. Pelo aluguel de dois navios, o Sonda Petrobras 100000 e o Vitoria 10000, a Petrobras teria desembolsado US$ 1,2 bilhão. O pagamento de propina para Cunha e outros envolvidos nas transações seria superior a US$ 40 milhões.

À época da assinatura do primeiro contrato, no valor de US$ 586 milhões, a diretoria Internacional estava sob o comando de Nestor Cerveró, condenado no início da semana a 12 anos e 3 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O negócio teria sido intermediado pelo lobista Fernando Soares, o Baiano. No mesmo processo, o lobista foi condenado a 16 anos e 1 mês de prisão no mesmo processo, que resultou na condenação de Cerveró.

Camargo foi condenado a 14 anos de prisão, mas como fez acordo de delação premiada, ficará em regime aberto diferenciado. A parte relacionada a Cunha foi enviada a Procuradoria Geral da República e deu origem a abertura de um inquérito contra o deputado no STF no início deste ano. Cinco meses depois desta nova etapa da investigação, o grupo de trabalho que auxilia o procurador-geral Rodrigo Janot, concluiu a apuração.

MP DA SUÍÇA AJUDOU NA OBTENÇÃO DE PROVAS

A denúncia contra o presidente da Câmara está sendo redigida. Os procuradores concluíram pela responsabilização criminal de Cunha por corrupção e lavagem. Na investigação da primeira instância, liderada pela força-tarefa de Curitiba, procuradores obtiveram provas da movimentação do dinheiro da propina no exterior com a ajuda do Ministério Público da Suíça.

"A cooperação jurídica com a Suíça foi fundamental para a comprovação do fluxo do dinheiro no exterior e comprovação documental dos fatos. Por meio dela, obteve-se documentos irrefutáveis que comprovaram a transferência do dinheiro da Samsung para as empresas de Julio Camargo e, em seguida, para as de Fernando Soares e Cerveró, bem como para a contas de terceiros indicadas por eles", informou a força-tarefa em nota divulgada na segunda-feira.

As acusações contra Cunha surgiram num depoimento do doleiro Alberto Youssef, o principal operador da propina no esquema de corrupção na Petrobras. Youssef disse que ajudou Julio Camargo a repassar propina para Cunha e outros políticos para facilitar o contrato com a Samsung.

Youssef disse ainda que, o presidente da Câmara até usou requerimentos de informação de uma das comissões da Câmara para pressionar Camargo a liberar parcelas do suborno, que estavam atrasadas por conta de desacertos com a Samsung. Os requerimentos da chantagem teriam sido apresentados em nome da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita de Rio Bonito.

Nos primeiros depoimentos da delação premiada, Camargo nada disse sobre as transações com Cunha. Ele se limitou as acusações contra Cerveró e Fernando Baiano. Depois, quando confrontado com depoimentos de Youssef, decidiu abrir o jogo. O empresário confirmou e ainda ofereceu mais detalhes sobre o suposto suborno de Cunha. 

Via O Globo

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Em nome da prisão - "lava jato"

O uso de uma "fórmula mágica" para resolver problemas complexos traz como resultado a criação de mais problemas. Na busca por atalhos para atingir o tão alardeado "fim da impunidade" no Brasil, atropelos têm colocado em risco o direito de defesa, essencial para que o cidadão não seja um refém do Estado e da "vontade popular" — que clama por punições mais graves a cada nova notícia de crime hediondo.

O cenário é apontado por advogados que, sob condição de anonimato, apontam o descumprimento de prerrogativas na famosa operação “lava jato”, que completa 15 meses na próxima quarta-feira (17/6).

O próprio Supremo Tribunal Federal já concluiu que ao menos uma parte das prisões preventivas determinadas pelo juiz federal Sergio Fernando Moro — responsável pelos processos da “lava jato” em Curitiba — foi irregular, mandando soltar dez acusados. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região também já derrubou outras duas prisões decretadas pelo juiz.

Advogados do caso dizem que o juiz atua como se fosse um representante do Ministério Público — em uma das situações apontadas como graves, o responsável por julgar o caso começou a responder uma pergunta destinada a um delator.  Moro negou acesso de advogados a provas e a audiências e rejeitou perícia para avaliar se houve, afinal, superfaturamento em obras da Petrobras. Ele nega agir para prejudicar os réus.

As defesas apontam ainda que a Polícia Federal fez interceptações telefônicas de autoridades com prerrogativa de foro. Os grampos mostraram trocas de mensagens entre o doleiro Alberto Youssef e os então deputados André Vargas (ex-PT-PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA). Assim, a investigação deveria ter sido encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

O ministro Teori Zavascki, relator do caso no STF, manteve os autos na primeira instância, acatando o argumento de que os envolvidos com prerrogativa de foro não haviam sido identificados durante as investigações. Advogados, no entanto, apontam que Argôlo trocou mais de 1,4 mil mensagens com Youssef, pivô da operação, e insistem que a PF sabia da identidade dos deputados.

Também não se compreende o fato de o foro da causa ser Curitiba, quando os crimes apontados ocorreram no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Faz a lembrar coincidências parecidas em que todos os casos clamorosos, em São Paulo, iam parar na 6ª Vara Criminal Federal, quando lá estava o juiz Fausto De Sanctis.

Quem acompanha o caso já brinca com o "voluntarismo" de Moro. No fim de maio, quando dirigentes da Fifa foram presos em um hotel em Zurique, na Suíça, correu em conversas e mensagens pelo celular o comentário de que o juiz ia chamar para si as investigações, porque alguma conexão deveria haver com o caso de corrupção mais citado no Brasil nos últimos meses.

Veja as situações mais criticadas:

Antecipação de pena

Sem julgamento, réus foram ou são mantidos presos em caráter preventivo por mais de cinco meses. As decretações de prisões e recebimentos de denúncia já concluem que houve a atuação de um grupo criminoso.

Para justificar a prisão de executivos de empreiteiras, o juiz avaliou ser necessário “advertir com o remédio amargo as empreiteiras de que essa forma de fazer negócios com a Administração Pública não é mais aceitável”. No caso do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, baseou-se na possibilidade de que fugisse do país, “por pretensamente possuir recursos financeiros no exterior, não declarados”.

As decisões também usam como justificativa a necessidade de manter a ordem pública e evitar novos crimes. Mas, nas duas situações, o STF já declarou que medidas cautelares seriam suficientes. “Decretar ou não decretar a prisão preventiva não deve antecipar juízo de culpa ou de inocência, nem, portanto, pode ser visto como antecipação da reprimenda nem como gesto de impunidade”, declarou o ministro Teori Zavascki.

Prisão baseada na imprensa

Com base em recortes de jornal, o juiz decretou a segunda prisão preventiva de três réus. Motivo: uma notícia de que advogados de empresas tiveram um encontro com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

“Embora os episódios ainda não tenham sido totalmente esclarecidos, trata-se, a ver deste juízo, de uma indevida, embora mal sucedida, tentativa dos acusados e das empreiteiras de obter uma interferência política em seu favor no processo judicial”, afirmou Moro.

Para o TRF-4, porém, não há provas de que reuniões tentaram interferir no processo, colocando risco ao seu andamento ou às investigações. Mesmo que existissem, o colegiado avaliou que a solução não seria prender alguém. E, ainda que isso fosse eficiente, os réus não poderiam responder por atos de terceiros.

Disparidade de armas

Defensores alegam não ter as mesmas ferramentas que o Ministério Público Federal: apontam tratamento desigual nos prazos, ausência nos autos de provas produzidas na investigação (inclusive delações) e dificuldade de localizar documentos citados nas denúncias (as acusações falam em procedimentos que não eram acessíveis).

Em 17 de novembro de 2014, um grupo de advogados solicitou acesso a todos os termos de delações premiadas. Ficou sem resposta ao menos até 23 de janeiro. No dia 18 de novembro, a PF pediu a prorrogação da prisão temporária de alguns suspeitos. Fez o protocolo às 16h05 e recebeu a primeira resposta em 14 minutos. Às 20h38 do mesmo dia, Moro decretou as prisões.

Na oitiva das testemunhas de acusação, que são praticamente as mesmas para as cinco ações penais relacionadas às empreiteiras, só puderam entrar os advogados que constavam na lista de acusados, e não aqueles que atuam nos processos correlatos. O MPF, porém, participou de todas elas; teve cinco oportunidades diferentes de formular questões, enquanto a defesa teve apenas uma chance.

Conhecimento prévio de deputados

Interceptações de telefones celulares de Alberto Youssef mostram mais de mil conversas com André Vargas e Luiz Argôlo (que era identificado como LA nas mensagens). Apesar de as conversas com Argôlo terem começado em setembro de 2013, a PF disse que só conseguiu descobrir quem era o dono da linha em maio de 2014, dois meses depois que a operação foi deflagrada. Para advogados, a afirmação “não parece crível”.

Limitação da verdade

O juiz do caso proibiu que os principais delatores — Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa — citassem nomes com prerrogativa de foro, durante audiência em outubro. Para  defensores, isso mostra como ele tentou impedir a remessa dos feitos ao Supremo.

Investigações limitadas

O juiz rejeitou pedido de perícias para que fosse checado se houve ou não superfaturamento nos contratos da Petrobras — o que advogados apontam como essencial para saber se houve ou não um esquema de corrupção. O procedimento, segundo Moro, “refoge à capacidade da Polícia Federal”, sendo necessário “contratar empresa especializada, com trabalho para meses ou anos”.

Complemento ao trabalho do MPF

As perguntas feitas por Sergio Moro nas audiências também foram alvo de críticas. Embora juízes tenham o direito de fazer questionamentos às testemunhas, advogados afirmam que boa parte do que Moro fazia servia para complementar o trabalho do MPF.

“Como funcionava esse ‘clube’ [de empreiteiras]?” “Essa vantagem que era paga aos diretores [da Petrobras] então era necessária para que fossem convidadas as empresas [escolhidas]?” “A propina era paga para que eles respeitassem a indicação das empreiteiras?” “Nos aditivos tinha mais propina?” “Então era burlada a licitação da Petrobras, na prática?”, foram algumas das perguntas.

Quando um delator admitiu nunca ter presenciado a entrega de uma lista de empreiteiras que deveriam vencer contratos da Petrobras, um dos advogados questionou como ele sabia que essa indicação existia. Moro interrompeu com um “porque...”. O advogado não gostou: “Vossa Excelência vai responder por ele?”

O juiz também já fez uma espécie de “homenagem” aos responsáveis pela operação. Ao decretar a prisão de executivos, disse que a organização que fraudava a Petrobras “só foi descoberta após grande esforço de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, com auxílio da Receita Federal, e, em parte, em decorrência da colaboração de criminosos”.

Como pensa o juiz


O juiz Sergio Fernando Moro já respondeu às críticas nas próprias decisões que vem proferindo. Sobre as prisões preventivas, nega tentar antecipar penas. “Encontra-se evidenciado risco à ordem pública, caracterizado pela prática habitual e reiterada e que se estende ao presente, de crimes de extrema gravidade em concreto, entre eles lavagem e crimes contra a Administração Pública, o que impõe a preventiva para impedir a continuidade do ciclo delitivo e resgatar a confiança da sociedade”, afirmou em novembro de 2014.

Moro nega ainda conceder privilégios ao MPF. “Tributo, não obstante, tais alegações mais uma vez como mero excesso retórico das defesas”, escreveu em janeiro. Ele também disse que os advogados tiveram acesso integral a todos os documentos e que o conteúdo das delações só demorou a ser disponibilizado quando estava no STF. Ao impedir que advogados participassem de audiências, usou como justificativa “o tamanho físico da sala”.

O juiz afirmou que os grampos de deputados só foram feitos “fortuitamente” e encaminhados ao STF assim que se identificou quem eram os citados. “Repudio (...) a especulação fantasiosa da defesa de que teria havido ‘deliberada ocultação da identidade de deputados federais no curso das investigações’.”

Sobre o impedimento de que relatores citassem agentes como prerrogativa de foro, diz ainda que “comete a defesa vários equívocos de interpretação”, pois apenas preservou a autoridade do Supremo, que decretara sigilo em colaborações citando políticos.

Para ele, a perícia de preços em contratos da Petrobras é desnecessária pois a denúncia só fala  em crimes de lavagem de dinheiro, corrupção, associação criminosa e uso de documento falso, que continuariam existindo “quer os preços sejam ou não compatíveis com o mercado”. E, sobre as perguntas feitas nas audiências, disse que “o papel do juízo é esclarecer contradições”.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Gabrielli nega existência de corrupção sistêmica na Petrobras

Por Marcelo Brandão - da Agência Brasil
O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem (12), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, na Câmara dos Deputados, que não acredita na existência de um esquema de corrupção sistêmica na companhia petrolífera. Para ele, os pagamentos de propina são fruto da ação de “alguns corruptos”. Ele reconheceu, no entanto, que a empresa deve aprimorar os controles internos para descobrir atos ilegais.

“Não há corrupção sistêmica na Petrobras. Isso não quer dizer que não haja corrupção na empresa. Mas não é sistêmica, é individualizada, por causa de alguns corruptos. Mas precisamos avançar nos controles internos, que não conseguem detectar [esquemas de corrupção]”, enfatizou.

Gabrielli ressaltou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um bom negócio. “Com certeza absoluta. Não tenho dúvida disso”, disse. A afirmação provocou risadas no plenário, uma vez que a refinaria gerou prejuízo de US$ 792,3 milhões à Petrobras.
 O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades na estatal (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades na estatalFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O depoimento de Gabrielli serviu de palco para um embate entre a oposição e a base governista. Depois de uma série de explicações técnicas sobre o desempenho da empresa ao longo dos anos, em resposta às perguntas do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), parlamentares de oposição tomaram a palavra e acusaram frontalmente Gabrielli. Eles questionaram o fato de o ex-presidente da empresa não conhecer os repasses de propina.

“Ou o senhor é um incompetente de mão cheia ou é um dos capos. [Pedro] Barusco devolveu 97 milhões [de dólares] que não eram dele. Eram seus?”, perguntou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). “O senhor tinha que ter vergonha. O senhor é cúmplice de um assalto de proporções gigantescas”, completou Lorenzoni.

Durante a fala do deputado Carlos Sampaio (SP), lídero do PSDB na Câmara, os ânimos se exaltaram. Sampaio disse que hoje a empresa vale um terço do que valia. Gabrielli, então, interveio exaltado: “Eu entrei e ela valia 15 bilhões [de dólares], e agora vale 60 bi[lhões de dólares]. Vale quatro vezes mais que no tempo do senhor”.

Em seguida, Sampaio acusou Gabrielli de mentir em seu depoimento. “O depoente não veio aqui para ajudar ninguém a não ser a si mesmo. Ele faz mau a essa CPI, fez mal ao Brasil, veio dizer inverdades”. O deputado, então, foi interrompido por uma discussão generalizada.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) reclamou do tom utilizado por Sampaio e questionou o tratamento acusatório dispensado a Gabrielli. “Vocês foram muito bons com Barusco aqui. Respeito!”, referindo-se ao depoimento ocorrido no dia anterior, do ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco. O deputado Afonso Florence (PT-BA) pediu que a CPI abordasse também atos de corrupção praticados em 1997 e 1998, conforme havia explicado Barusco.

“Essa cronologia começou em 1997, 1998, disse um réu confesso. Se há tantos indícios de que houve corrupção entre 1997 e 1998, temos que investigar esse período também”. Já o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) defendeu Gabrielli e criticou os colegas de oposição. “O senhor saiba que existem deputados aqui que defendem os criminosos confessos, que dilapidaram a Petrobras. Tem uns aqui que trataram muito bem o senhor Barusco, faltou colocarem gelinho na água dele. E hoje tentam hostilizar o senhor aqui, que fez uma ótima gestão na Petrobras e não está sendo acusado de nada."

Gabrielli iniciou seu depoimento fazendo a defesa da Petrobras e um balanço da sua gestão frente à empresa, que ele qualificou como positiva, pois a companhia ampliou sua produção e exploração. “Com a descoberta do pré-sal, temos uma produção nessa área superior a 800 mil barris por dia. Para você produzir a mais de 6 mil metros de profundidade é preciso ter estrutura para isso. Uma estrutura tecnicamente desafiadora, de sucesso para a Petrobras”.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Cardozo acha protestos democráticos, mas não vê razões jurídicas para impeachment



Ivan Richard - da Agência Brasil
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (11) ser próprio dos regimes democráticos as pessoas se manifestarem, mas acrescentou que não há “quaisquer razões jurídicas” para falar em impeachment, ao comentar os protestos contra o governo programados para o próximo domingo (15). Ele defendeu a liberdade de expressão, mas ponderou que os protestos devem ocorrer “dentro da lei, da ordem, do respeito às autoridades constituídas e afastando-se quaisquer posturas golpistas”.

“O governo prega a tolerância. Ser tolerante com as pessoas que não pensam como nós é uma virtude democrática, e o governo tem essa tolerância com essas pessoas que o criticam. Gostaríamos que as pessoas que criticam o governo não fizessem uma ação de ódio ou de raiva. Que expressem suas ideias democraticamente e, dentro do possível, busquem convergências. Essa é a postura que uma pessoa democrática deve ter”, argumentou Cardozo após cerimônia no Ministério da Justiça.

Perguntado sobre os pedidos de impeachment, Cardozo afirmou que não há motivação legal para o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. “Tivemos uma eleição legitimamente feita. A democracia existe no país. Não existem quaisquer razões jurídicas para que se mude o quadro que está posto. Portanto, diria para que as pessoas expressem aquilo que devem expressar. Quem concorda [com o governo], que se manifeste, e quem discorda, manifeste-se dentro da ordem e da lei e dentro dos princípios democráticos. Isso é que é realmente algo importante.”

Para o ministro, no país não pode existir uma “ação de ódio”, em que pessoas sejam estigmatizadas pela forma como pensam ou por suas identificação partidária. “Posso viver muito bem com as pessoas que não pensam como penso, até porque ninguém é dono da verdade. O que não podemos ter, jamais, é uma ação de ódio, em que pessoas são, efetivamente, atacadas pelo simples fato de pensarem de acordo com linhas ideológicas e políticas.”

PGR anuncia repatriação de R$ 139 milhões de ex-gerente da Petrobras





André Richter - da Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou hoje (11) a repatriação de R$ 139 milhões pertencentes ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. O dinheiro estava depositado em contas na Suíça e foi transferido para uma conta-corrente da Justiça Federal em Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato.

Mais R$ 43 milhões ainda serão transferidos para a Justiça Federal, elevando o total de valores repatriados para R$ 182 milhões, o maior da história do país.  O total é o equivalente em reais da soma de US$ 12,4 milhões, 222 mil euros e 1,11 milhão em francos suíços. 

De acordo com os investigadores, o valor é oriundo de propina paga ao ex-gerente em contratos da Petrobras. A quantia é referente a apenas uma parte dos valores a serem repatriados. Após a conclusão do processo, o dinheiro será devolvido à Petrobras. 

Em depoimento prestado ontem (10) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Barusco disse que está colaborando com o processo de repatriação do dinheiro. O ex-gerente firmou um acordo de delação premiada como o Ministério Público Federal (MPF) em troca de redução de pena. 

Segundo a investigação, a propina foi recebida no exterior, em contas nos bancos HS Republic, HSBC, Safra, Cramer, Royal Bank of Canada e Delta.

domingo, 8 de março de 2015

Partido Progressista, o ‘filho’ da ditadura que coleciona escândalos



Por Afonso Benites no brasil.elpais.com
De filho da ditadura militar (1964-1985) a para-raios de escândalos, esse é o Partido Progressista, a sigla que teve mais políticos citados na Operação Lava Jato até o momento, 31 dos 49. Oriundo da Arena, a agremiação de direita que deu suporte ao regime militar brasileiro, o PP sempre apoiou os governos, independentemente de quem fosse. Sua principal diferença do PMDB, que também costuma ser um fiel aliado do Palácio do Planalto desde a redemocratização, é o tamanho: os progressistas são menores.

A relação dos membros do PP investigados por desvios de recursos da Petrobras é eclética. Vai de um padre baiano, o ex-deputado José Linhares da Ponte (Padre Zé), a um evangélico paulista que está na cúpula da Igreja Mundial, o missionário José Olímpio. Há ainda mensaleiros, como Pedro Henry e Pedro Corrêa, um ruralista gaúcho anti-índios, Luiz Carlos Heinze, e o vice-governador baiano que diz estar “cagando e andando” para a investigação, João Leão.

Ter a maioria dos políticos implicados no escândalo da Petrobras até agora não significa necessariamente que o PP foi o principal articulador do esquema. Conforme o Ministério Público Federal, os nomes dos progressistas apareceram mais porque os dois delatores-chave das fraudes, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, eram vinculados a esse partido por indicação do então deputado federal José Janene (morto em 2010). As figuras ligadas ao PT, o ex-diretor da petroleira Renato Duque e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, assim como os relacionados ao PMDB, o ex-diretor Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares, não assinaram termos de colaboração com a Justiça. Ou seja, não entregaram quem eram os petistas e peemedebistas envolvidos nos desvios de até 20 bilhões de reais da maior empresa estatal do país.

“Evidentemente que essa lista tende a aumentar assim que as investigações se aprofundarem”, avalia o cientista político Paulo César Nascimento, professor da Universidade de Brasília.

Raio-X
Com 1,4 milhão de filiados o PP é o quarto maior partido brasileiro, está atrás de PMDB, PT e PSDB. Nos Governos de Dilma Rousseff e de Luiz Inácio Lula da Silva ganhou relevância ao comandar ministérios importantes, como o das Cidades (que agora é do PSD), entre 2005 e 2014, e desde janeiro passado o da Integração Nacional. Duas pastas com orçamentos gigantescos e programas considerados chaves para o Planalto, como o Minha Casa, Minha Vida e a obra de transposição do rio São Francisco. Atualmente, além de cargos na gestão Rousseff, os progressistas contam com a governadora de Roraima, Suely Campos, e seis vice-governadores, entre eles o do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, e o da Bahia, João Leão.

Com 40 deputados federais e cinco senadores, o PP tem uma bancada de baixo clero que já foi pega em vários escândalos. No mensalão petista, em 2006, lá estavam os deputados José Janene, Pedro Henry e Pedro Corrêa. No superfaturamento de obras em São Paulo, em 2004, aparecia o deputado federal Paulo Maluf e o filho dele, o empresário Flávio – ambos estão na lista de procurados pela Interpol e não podem deixar o país. Na máfia dos Fiscais paulistanos, em 1998, surgiu um afilhado de Maluf, o prefeito Celso Pitta (já morto).

Mais recentemente, o PP viu seus quadros envolvidos em um escândalo nacional e dois regionais. O primeiro foi em 2011, quando o então ministro das Cidades, Mario Negromonte, do PP da Bahia, foi acusado de oferecer uma mesada de 30.000 reais a seus correligionários para apoiar sua permanência no cargo. A propina não foi comprovada, mas o ministro caiu. O segundo caso foi em Campo Grande (MS), no ano passado, quando o prefeito Alcides Bernal foi cassado acusado de nove crimes, inclusive lavagem de dinheiro. O mais atual é no Governo de Roraima, comandado por Suely Campos. Eleita após a Justiça impedir a candidatura de seu marido, Neudo Campos, Suely terá de suspender a nomeação de 19 funcionários do primeiro e segundo escalão por causa de nepotismo. Eram todos seus familiares.

O PP tem uma bancada de baixo clero que já foi pega em vários escândalos

Na avaliação do cientista político Nascimento, os membros do PP costumam aparecer em escândalos porque geralmente são políticos com a velha prática clientelista, que foi mesclada com técnicas de corrupção do PT. “Há no PP políticos corruptos contumazes e isso se espalha pelo próprio partido. Mas essa prática não é exclusiva dele. O PMDB também vai no mesmo sentido. Só não surgiram tantos nomes ainda”, diz o estudioso da política brasileira.

"Cagando e andando"
Ao contrário de outras legendas que viram seus quadros citados no escândalo da Petrobras, o PP ainda não se manifestou oficialmente. Alguns de seus membros citados fizeram declarações de defesas isoladas, sempre negando qualquer irregularidade em suas prestações de contas eleitorais ou em relação à atividade parlamentar. Um deles foi o senador Ciro Nogueira, o presidente nacional da legenda. Em sua conta do Twitter, Nogueira diz que as acusações contra ele são “absurdas e sem fundamento” e criticou a imprensa brasileira.

Outro que falou sobre o assunto foi o vice-governador baiano, João Leão. Em nota oficial, ele disse que não estava nada preocupado com as acusações. “Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa”, afirmou. 

Leia também:




Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook