Nomes como Erick
Silva, Rodrigo Damm, Vitor Vianna, Fábio Defendenti e Giovani Almeida comprovam
bom momento do município no esporte
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Erick Silva no UFC |
Foi-se o tempo em que
Vila Velha exportava apenas chocolate. Com a febre do MMA se espalhando pelo
país inteiro, a cidade se firma de vez no cenário nacional como um grande
celeiro de lutadores. Desde que Anderson Silva virou ídolo brasileiro, os
vilavelhenses puderam acompanhar a ascensão de Erick Silva e outros sete
lutadores da cidade.
Hoje, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, os capixabas querem reconhecimento
por meio do esporte. O maior objetivo, além das vitórias no octógono, é trilhar
um caminho de sucesso e se tornar referência de superação para os moradores dos
bairros onde cresceram, aprenderam a lutar e se tornaram campeões.
Além de Erick Silva, outros novos representantes desse grupo, que desponta no
cenário esportivo, é composto pelos lutadores Fábio Defendenti, Vitor Vianna,
Giovani Almeida, Rodrigo Damm, Carina Damm e o veterano Gilmar Andrade. Um
prato cheio para inspirar os canelas-verde e botar os adversários na lona.
“Realmente, o Espírito Santo se tornou referência mundial, principalmente por
causa dos lutadores que saíram de Vila Velha. Estamos bem representados.
Começamos praticamente juntos e a galera tem um coração grande, gosta mesmo da
luta. Por isso, tem feito sucesso”, acredita o lutador de MMA profissional,
Giovanni Almeida, 29 anos.
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Rodrigo Damm também está no UFC |
Profissionalismo
Para Erick Silva, o profissionalismo que o esporte vem apresentando e o alto
nível dos atletas da cidade têm sido os principais motivos para o boom no
número de adeptos. “Hoje, os torneios são verdadeiros shows e isso cativa muito
o público. As regras também fazem com que as pessoas vejam o MMA como esporte.
Antigamente, ligava-se muito o MMA à briga de rua, coisa que não condiz com a
realidade”, afirma.
Na opinião de Vitor Vianna, a organição do MMA também favorece o bom, momento que
o esporte vive. “Acho que o MMA está mais organizado. Os lutadores são
assessorados por grandes equipes. Isso tudo ajuda para o crescimento do
esporte”, acredita.
Desafios
Ao mesmo tempo que brilham nos ringues e levam o nome da cidade e do Estado para
o mundo, os lutadores precisam enfrentar um desafio de peso: a falta de
patrocínio. “Uma dificuldade aqui no Brasil é a falta de apoio do empresariado.
Se tivessem mais empresas dispostas a investir no MMA poderíamos ter, ao invés
de dez, 200 campeões”, critica Vitor Vianna.
A falta de apoio, infelizmente, também atrapalha que novos talentos nasçam.
“Nossa maior dificuldade, sem dúvida, é o patrocínio. As empresas não investem.
Quase não fomos para um mundial de jiu-jistu, em São Paulo, há alguns dias. Se
não fosse a ajuda dos amigos, a gente não conseguiria hospedagem e passagem. É
uma luta diária”, diz Thalia Oliveira, 14 anos, vice-campeã da competição.
Apesar disso, a persistência dos lutadores pode garantir um futuro ainda mais
promissor. “Isso é só o começo. O Espírito Santo sempre teve e sempre terá
grandes campeões em todos os esportes. Em Vila Velha, temos boas academias, o
que acaba virando um incentivo para as pessoas começarem a prática”, prevê
Vitor Vianna.
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Gilmar Andrade |
Gilmar Andrade
A popularização do MMA no Estado não teria alcançado tanto sucesso se não fosse
pela atuação do veterano Gilmar Andrade, 42 anos. Ele foi o pioneiro na prática
dessa luta em solo capixaba.
Atualmente, Gilmar mora em Ataíde. Desde que chegou à cidade, ainda quando
criança, ele já se interessava por artes marciais. “Eu morava em Baixo Guadu
quando comecei a treinar. Mudei para Vila Velha com dez anos, quando comecei a
praticar kung fu. Segui treinando até os 14 anos, quando consegui minha
primeira faixa preta. Desde então, não parei mais”, lembra.
O contato de Gilmar com o que hoje chamamos de MMA aconteceu em 1991, quando
ele começou a praticar o vale-tudo. “Até então, conhecia cinco lutas
diferentes. Fui para Osasco, em São Paulo, participar do meu primeiro circuito
free style (estilo livre de luta). Até então, aqui no Espírito Santo, ninguém
conhecia esse tipo de arte marcial”, diz.
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Vitor Vianna |
Gilmar, então, trouxe
a modalidade para solo capixaba. “Aos poucos, fui chamando amigos para lutar em
campeonatos amadores. Uma vez, fui na cara do Erick Silva e dei R$ 50 para ele
fazer uma luta, em Cobilândia. Além de ter sido o pioneiro, muitos atletas
famosos hoje em dia passaram pelo meu treinamento. Sinto orgulho quando olho
essa história, que pude dar um empurrão para os novos campeões. Ainda hoje levo
uma vida regrada porque sirvo de exemplo para os moradores e futuros talentos”.
Hoje, Gilmar tem mais de 190 títulos reconhecidos no Brasil, incluindo título
sul-americano.
PERFIS
Vitor Vianna
O lutador sempre foi
incentivado a fazer esportes pelos pais. E já praticou até natação e volei.
“Depois, me apaixonei pelo jiu-jitsu e o desafio me levou a competir no MMA”.
Sobre ser referência para jovens talentos, ele diz: “É muito bom ver isso. Sempre
tento passar minha filosofia de vida e passar a mensagem que o esporte muda a
vida das pessoas”. Hoje, Vitor luta no Bellator, o 2º maior evento de MMA do
mundo.
Fábio Defendenti
Além de lutador, Fábio
também atua em jornada dupla como Guarda Municipal em Vila Velha. Começou a
treinar jiu-jitsu aos 13 anos, por influência do tio, e seis meses depois tinha
seu primeiro título estadual. Passou para a capoeira, onde também conquistou
inúmeras vitórias. Em 2002, foi morar no Canadá, quando conheceu as artes marciais
mistas (MMA), e não quis mais saber de outra coisa.
Carina Damm
Irmã do lutador
Rodrigo, Carina começou a praticar jiu-jitsu na adolescência, aos 15 anos.
Depois, também se interessou pela capoeira. Sua primeira luta profissional
ocorreu em 2004, aqui mesmo no Estado, vencendo por finalização. A primeira
luta no exterior ocorreu em 2006, no Japão, onde venceu a japonesa Miku
Matsumoto. Hoje, passa um tempo treinando nos Estados Unidos.
Rodrigo Damm
O lutador de MMA foi
recém-contratado pelo UFC, o maior campeonato do mundo na categoria. De
Aribiri, Damm também é conhecido pelo seu engajamento social fora dos ringues.
Ele frequenta grupos religiosos e faz palestras motivacionais. O capixaba vive
o melhor momento de sua carreira. Ele participou do reality da TV Globo, o “The
Ultimate Fighter Brasil”, e da edição 147 do UFC, em junho.
Giovanni Almeida
Ele tem 29 anos e é
profissional de MMA. “Comecei aos 8 anos. Meu pai era militar e sempre me
incentivou. Aos 12, fui parar no jiu-jitsu”. Ele nasceu e mora no mesmo lugar
de sempre: São Torquato. Na carreira, também já praticou luta olímpica. “Hoje,
a gente tenta manter um exemplo para os mais novos. Somos atletas e temos que
levar a sério. É bom você passar na rua e servir de referência”, diz.
Erick Silva
Começou na luta por
meio do jiu-jitsu e logo migrou para o MMA. Cobilândia é seu reduto. Lá, Erick
é visto como um herói. “Esse reconhecimento é um gás a mais, tanto que, algumas
semanas antes da luta, faço questão de vir passar uns dias e receber esse
carinho”. Para ele, o esporte, mesmo a luta, tem o poder de transformar vidas.
“Vivemos uma vida regrada. Isso influi em toda nossa vida”, afirma.