segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vila Velha vira celeiro e revela lutadores para o mundo do MMA


Nomes como Erick Silva, Rodrigo Damm, Vitor Vianna, Fábio Defendenti e Giovani Almeida comprovam bom momento do município no esporte

Erick Silva no UFC
Foi-se o tempo em que Vila Velha exportava apenas chocolate. Com a febre do MMA se espalhando pelo país inteiro, a cidade se firma de vez no cenário nacional como um grande celeiro de lutadores. Desde que Anderson Silva virou ídolo brasileiro, os vilavelhenses puderam acompanhar a ascensão de Erick Silva e outros sete lutadores da cidade.

Hoje, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, os capixabas querem reconhecimento por meio do esporte. O maior objetivo, além das vitórias no octógono, é trilhar um caminho de sucesso e se tornar referência de superação para os moradores dos bairros onde cresceram, aprenderam a lutar e se tornaram campeões.

Além de Erick Silva, outros novos representantes desse grupo, que desponta no cenário esportivo, é composto pelos lutadores Fábio Defendenti, Vitor Vianna, Giovani Almeida, Rodrigo Damm, Carina Damm e o veterano Gilmar Andrade. Um prato cheio para inspirar os canelas-verde e botar os adversários na lona.

“Realmente, o Espírito Santo se tornou referência mundial, principalmente por causa dos lutadores que saíram de Vila Velha. Estamos bem representados. Começamos praticamente juntos e a galera tem um coração grande, gosta mesmo da luta. Por isso, tem feito sucesso”, acredita o lutador de MMA profissional, Giovanni Almeida, 29 anos.

Rodrigo Damm também está no UFC
Profissionalismo

Para Erick Silva, o profissionalismo que o esporte vem apresentando e o alto nível dos atletas da cidade têm sido os principais motivos para o boom no número de adeptos. “Hoje, os torneios são verdadeiros shows e isso cativa muito o público. As regras também fazem com que as pessoas vejam o MMA como esporte. Antigamente, ligava-se muito o MMA à briga de rua, coisa que não condiz com a realidade”, afirma.

Na opinião de Vitor Vianna, a organição do MMA também favorece o bom, momento que o esporte vive. “Acho que o MMA está mais organizado. Os lutadores são assessorados por grandes equipes. Isso tudo ajuda para o crescimento do esporte”, acredita.

Desafios

Ao mesmo tempo que brilham nos ringues e levam o nome da cidade e do Estado para o mundo, os lutadores precisam enfrentar um desafio de peso: a falta de patrocínio. “Uma dificuldade aqui no Brasil é a falta de apoio do empresariado. Se tivessem mais empresas dispostas a investir no MMA poderíamos ter, ao invés de dez, 200 campeões”, critica Vitor Vianna.

A falta de apoio, infelizmente, também atrapalha que novos talentos nasçam. “Nossa maior dificuldade, sem dúvida, é o patrocínio. As empresas não investem. Quase não fomos para um mundial de jiu-jistu, em São Paulo, há alguns dias. Se não fosse a ajuda dos amigos, a gente não conseguiria hospedagem e passagem. É uma luta diária”, diz Thalia Oliveira, 14 anos, vice-campeã da competição.

Apesar disso, a persistência dos lutadores pode garantir um futuro ainda mais promissor. “Isso é só o começo. O Espírito Santo sempre teve e sempre terá grandes campeões em todos os esportes. Em Vila Velha, temos boas academias, o que acaba virando um incentivo para as pessoas começarem a prática”, prevê Vitor Vianna.

Gilmar Andrade
Gilmar Andrade
A popularização do MMA no Estado não teria alcançado tanto sucesso se não fosse pela atuação do veterano Gilmar Andrade, 42 anos. Ele foi o pioneiro na prática dessa luta em solo capixaba.

Atualmente, Gilmar mora em Ataíde. Desde que chegou à cidade, ainda quando criança, ele já se interessava por artes marciais. “Eu morava em Baixo Guadu quando comecei a treinar. Mudei para Vila Velha com dez anos, quando comecei a praticar kung fu. Segui treinando até os 14 anos, quando consegui minha primeira faixa preta. Desde então, não parei mais”, lembra.

O contato de Gilmar com o que hoje chamamos de MMA aconteceu em 1991, quando ele começou a praticar o vale-tudo. “Até então, conhecia cinco lutas diferentes. Fui para Osasco, em São Paulo, participar do meu primeiro circuito free style (estilo livre de luta). Até então, aqui no Espírito Santo, ninguém conhecia esse tipo de arte marcial”, diz.
Vitor Vianna
Gilmar, então, trouxe a modalidade para solo capixaba. “Aos poucos, fui chamando amigos para lutar em campeonatos amadores. Uma vez, fui na cara do Erick Silva e dei R$ 50 para ele fazer uma luta, em Cobilândia. Além de ter sido o pioneiro, muitos atletas famosos hoje em dia passaram pelo meu treinamento. Sinto orgulho quando olho essa história, que pude dar um empurrão para os novos campeões. Ainda hoje levo uma vida regrada porque sirvo de exemplo para os moradores e futuros talentos”.

Hoje, Gilmar tem mais de 190 títulos reconhecidos no Brasil, incluindo título sul-americano.

PERFIS

Vitor Vianna
O lutador sempre foi incentivado a fazer esportes pelos pais. E já praticou até natação e volei. “Depois, me apaixonei pelo jiu-jitsu e o desafio me levou a competir no MMA”. Sobre ser referência para jovens talentos, ele diz: “É muito bom ver isso. Sempre tento passar minha filosofia de vida e passar a mensagem que o esporte muda a vida das pessoas”. Hoje, Vitor luta no Bellator, o 2º maior evento de MMA do mundo.

Fábio Defendenti
Além de lutador, Fábio também atua em jornada dupla como Guarda Municipal em Vila Velha. Começou a treinar jiu-jitsu aos 13 anos, por influência do tio, e seis meses depois tinha seu primeiro título estadual. Passou para a capoeira, onde também conquistou inúmeras vitórias. Em 2002, foi morar no Canadá, quando conheceu as artes marciais mistas (MMA), e não quis mais saber de outra coisa.

Carina Damm
Irmã do lutador Rodrigo, Carina começou a praticar jiu-jitsu na adolescência, aos 15 anos. Depois, também se interessou pela capoeira. Sua primeira luta profissional ocorreu em 2004, aqui mesmo no Estado, vencendo por finalização. A primeira luta no exterior ocorreu em 2006, no Japão, onde venceu a japonesa Miku Matsumoto. Hoje, passa um tempo treinando nos Estados Unidos.

Rodrigo Damm
O lutador de MMA foi recém-contratado pelo UFC, o maior campeonato do mundo na categoria. De Aribiri, Damm também é conhecido pelo seu engajamento social fora dos ringues. Ele frequenta grupos religiosos e faz palestras motivacionais. O capixaba vive o melhor momento de sua carreira. Ele participou do reality da TV Globo, o “The Ultimate Fighter Brasil”, e da edição 147 do UFC, em junho.

Giovanni Almeida
Ele tem 29 anos e é profissional de MMA. “Comecei aos 8 anos. Meu pai era militar e sempre me incentivou. Aos 12, fui parar no jiu-jitsu”. Ele nasceu e mora no mesmo lugar de sempre: São Torquato. Na carreira, também já praticou luta olímpica. “Hoje, a gente tenta manter um exemplo para os mais novos. Somos atletas e temos que levar a sério. É bom você passar na rua e servir de referência”, diz.

Erick Silva
Começou na luta por meio do jiu-jitsu e logo migrou para o MMA. Cobilândia é seu reduto. Lá, Erick é visto como um herói. “Esse reconhecimento é um gás a mais, tanto que, algumas semanas antes da luta, faço questão de vir passar uns dias e receber esse carinho”. Para ele, o esporte, mesmo a luta, tem o poder de transformar vidas. “Vivemos uma vida regrada. Isso influi em toda nossa vida”, afirma.

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