Felipe
Pontes
A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal
(STF) que sejam impostas medidas cautelares contra o deputado Lúcio Vieira Lima
(PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ambos foram denunciados ontem (5) por lavagem de dinheiro e
associação criminosa.
Dodge
quer que Lúcio Vieira Lima seja obrigado a ficar em casa durante a noite,
quando não estiver exercendo suas funções na Câmara dos Deputados, e que também
seja proibido de deixar sua residência durante os dias de folga. Segundo a
procuradora-geral da República, o deputado continua a tentar manipular provas e
obstruir as investigações.
A
denúncia está relacionada à apreensão de R$ 51 milhões em espécie, feita pela
Polícia Federal (PF), em um apartamento em Salvador. O pedido será analisado
pelo ministro Edson Fachin, relator do inquérito no Supremo.
A
imposição de medidas cautelares contra parlamentares foi alvo de julgamento no plenário do STF em outubro.
Na ocasião, a maioria dos ministros entendeu que qualquer cautelar que
atrapalhasse o exercício do mandato deveria ser submetida ao aval do Congresso
antes de se tornar efetiva.
O
tema chegou ao plenário do STF após a Primeira Turma da Corte ter imposto o
recolhimento noturno contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), mesma medida agora
solicitada por Dodge contra Lúcio Vieira Lima.
Ontem
(4), a procuradora-geral da República pediu ainda a prisão domiciliar de
Marluce Vieira Lima, mãe de Geddel e Lúcio e denunciada junto com eles pelos
mesmos crimes. O ex-assessores parlamentares Job Brandão e Gustavo Ferraz e o
empresário Luiz Fernando Machado Costa Filho também foram denunciados.
Geddel
está preso em Brasília desde o dia 8 de setembro, três dias depois que a PF
encontrou as malas com dinheiro no apartamento de um amigo do político. Os
valores apreendidos foram depositados em conta judicial. Dodge pediu que seja
imposta uma multa no mesmo valor contra a família Vieira Lima, a título de
indenização por danos morais coletivos.
Corrupção
passiva e peculato
Segundo
a denúncia apresentada ontem (4), o dinheiro apreendido seria resultante de
diferentes esquemas de corrupção investigados nas operações Lava Jato, Cui Bono
e Sépsis. “Para os investigadores, não há dúvidas de que o dinheiro localizado
no imóvel é resultado de práticas criminosas como corrupção passiva e
peculato”, disse a PGR em nota divulgada nesta terça-feira.
Um
dos principais esquemas seria a fraude na liberação de créditos da Caixa
Econômica Federal no período entre 2011 e 2013, quando Geddel era vice-presidente
de Pessoa Jurídica da instituição. Os R$ 51 milhões apreendidos não ficariam
parados, mas seriam aplicados em imóveis de alto padrão, de acordo com a
denúncia.
Dodge
solicitou ainda que seja aberto um novo inquérito para investigar se a família
Vieira Lima se apropriou dos salários de secretários parlamentares lotados no
gabinete de Lúcio, mas sobre os quais há a suspeita de que não tenham exercido
as funções públicas para as quais estariam designados.
A
reportagem tentou contato com a defesa dos denunciados, mas até o momento não
obteve retorno.
tinham que estar tudo preso
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