28
de setembro de 2017 às 12:54 // tv 247 no
youtube
Responsável
pelo golpe que destituiu uma presidente legítima, arrasou a economia brasileira
e instalou no poder o governo mais impopular da história, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) recebeu ontem, com a nota do PT, que condenava seu afastamento, uma
surpreendente boia de salvação de onde menos se esperava; em troca, o Brasil
não terá de volta o governo legítimo da presidente Dilma Rousseff nem a
garantia de que o ex-presidente Lula estará livre de novas arbitrariedades; e
por mais que o PT aponte ter agido em defesa do estado de direito, a leitura da
sociedade será outra: a de um acordão para que todos se salvem
O
senador Aécio Neves (PSDB-MG), hoje rejeitado por 89% dos brasileiros, segundo
a mais recente pesquisa Ipsos, recebeu uma boia de salvação de onde menos
se esperava: o Partido dos Trabalhadores.
Numa polêmica nota, a presidente do partido, senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), afirmou que Aécio merece o desprezo do povo brasileiro, mas
não pode ser afastado do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Aécio
é aquele que, como todos hoje já sabem, foi o principal responsável pela
destruição da Nova República e da própria democracia brasileira. Inconformado
com sua derrota nas urnas, o senador mineiro iniciou, um dia após as eleições,
o movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Como não havia
motivo, fabricou-se uma tese fajuta – a das pedaladas fiscais.
Ao
longo desse processo, Aécio firmou uma aliança com o ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e sabotou o país com suas pautas-bomba e com a política do
"quanto pior, melhor". Afinal, era necessário criar as condições para
o golpe.
Como
muitos também se lembram, Aécio dizia ter perdido a eleição presidencial para
uma "organização criminosa". No entanto, a verdadeira organização
criminosa foi aquela que se instalou no poder. Michel Temer, sócio de Aécio na
empreitada golpista, foi denunciado por corrupção, obstrução judicial e por comandar
uma quadrilha que teria desviado R$ 567 milhões. Se não bastasse, o próprio
Aécio foi pego em flagrante, nos grampos da JBS, negociando propinas de R$ 2
milhões. Nos áudios, ele fala até em matar o primo.
Evidentemente,
havia motivos para que Aécio fosse não apenas preso, como também cassado pelo
Senado. Nada disso aconteceu, mas, na noite da última terça-feira, por três
votos a dois, o Supremo Tribunal Federal impôs penas alternativas ao político
mineiro: afastamento do mandato e recolhimento noturno.
Ainda
que pequena, diante do estrago causado pelo tucano, essa foi a maior vitória do
PT desde o início da empreitada golpista – o líder do golpe, afinal, estava
publicamente desmoralizado.
O
que faz o PT, no entanto, no dia seguinte? Divulga uma nota em que afirma que
Aécio merece o desprezo do povo, mas não pode ser afastado pelo Supremo
Tribunal Federal. Alega o partido ter agido em nome da defesa da constituição e
do devido processo legal, muito embora diversos juristas não tenham apontado
nenhuma agressão constitucional na decisão dos ministros Luis Roberto Barroso,
Luiz Fux e Rosa Weber. Até porque Aécio não foi preso. Apenas foi alvo de
medidas cautelares alternativas.
Cálculo político desastroso
Independe
da questão jurídica, há que se fazer a análise política do caso. O que o PT
ganha ao defender seu principal algoz? Um discurso coerente contra eventuais
abusos contra o ex-presidente Lula? A proteção a alguns parlamentares contra
futuras investidas judiciais? A simpatia de adversários no parlamento? Um muro
de contenção contra o general Mourão, que cobrou do Judiciário ações contra
determinados "elementos"?
Se
foram essas as motivações, a nota do PT não se presta a nenhum desses papeis –
até porque foi feita sem que nenhum acordo prévio tivesse sido negociado com
tucanos ou peemedebistas.
O
resgate de Aécio, agora vitimizado pelo próprio PT, que considerou
"esdrúxula" a decisão do STF de afastá-lo, em nada impedirá o avanço
do estado de exceção judicial contra o ex-presidente Lula. Também não impedirá
nenhuma ação no STF contra parlamentares investigados. E o mais importante é
que não será lida pela população como uma defesa da constituição e do estado de
direito.
Será,
sim, percebida como parte de um acordão – ainda que inexistente – da classe
política para que todos consigam se salvar.
O que esperar de Aécio?
Em
sua gangorra existencial, um dia depois de defender a manutenção do mandato de
Aécio, o PT foi ao conselho de ética e protocolou o pedido de sua cassação –
uma batalha que todos já sabem perdida.
As
consequências disso tudo tendem a ser dramáticas. No Senado, Aécio continuará
articulando pela sobrevida do golpe, ainda que Michel Temer seja aprovado por
apenas 3% dos brasileiros, no pior resultado já apontado desde a
redemocratização (saiba mais aqui).
E
se o ex-presidente Lula vier a ser impedido de concorrer nas próximas eleições
presidenciais por uma canetada judicial qualquer, que ninguém espere de Aécio
qualquer gesto de solidariedade.
O
traço que distingue sua personalidade é e sempre será a hipocrisia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi