Lideranças
do PSDB reuniram-se na noite de ontem (10), no Palácio dos Bandeirantes, sede
do governo paulista, para discutir os rumos do partido diante da atual
conjuntura política. O senador e presidente em exercício do partido,
Tasso Jereissati (CE), disse que não existe um consenso dentro do partido sobre
a permanência no governo do presidente Michel Temer. “O que eu estou observando
é que o partido [PSDB] por si mesmo está desembarcando [do governo Temer],
independente do controle ou da minha vontade”, disse Jereissati.
Questionado
se este fato poderia enfraquecer a posição do PSDB em relação à reforma
trabalhista, que será votada nesta segunda-feira (11), Jereissati negou. “A
reforma trabalhista nós vamos votar integralmente amanhã [hoje]. Está resolvida
e encerrada essa questão”. Sobre a reforma da Previdência, ele não foi
otimista. “No meio dessa crise, eu acho muito difícil votar uma reforma da
Previdência no segundo semestre”.
O
senador José Serra também acredita que a Reforma da Previdência seja adiada
devido à crise política. “[O avanço da reforma da Previdência] tem dificuldade,
porque ela tem que ser votada primeiro na Câmara. Já vinha andando devagar e
agora com essa situação política, a tendência, a nosso ver, é que vá ser mais
postergada ainda, porque não chegou sequer ao Senado. É diferente da reforma
trabalhista, que deve ser votada amanhã [hoje]”, disse.
Votação na CCJ
O
presidente interino do partido disse que o PSDB está acompanhando as notícias e
a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados,
da denúncia do procurador da República, Rodrigo Janot, contra o presidente
Michel Temer. “Estamos acompanhando, hoje nós tivemos a notícia da CCJ, e
notícias desencontradas, que parece que vai ser votado na quinta-feira, e nós
vamos acompanhar de perto essa votação”, disse Jereissati.
Líder
da bancada do PSDB na Câmara, o deputado Ricardo Tripoli, disse que a bancada
já definiu na CCJ, por maioria, votar pela admissibilidade da denúncia contra
Temer. “Foi uma solução da bancada, deve se votar 5 a 2. Eu disse que eles
votariam de acordo com a consciência de cada um”, disse.
Tripoli
disse que há maioria também para votação no plenário. “Na questão do plenário,
nós vamos convidar a bancada, provavelmente amanhã ou depois em uma reunião,
para definirmos a postura da bancada [em relação à admissibilidade]. Há hoje
uma maioria no sentido da admissibilidade. Eu não sei quantificar ainda, porque
nós não tivemos a reunião”, disse Trípoli.
Perguntado
se isso não indica já uma ruptura com o governo Temer, o deputado respondeu que
esta é ainda uma questão processual na CCJ e não é uma questão de mérito.
“Mérito é em plenário. Depois disso ainda vai para o Supremo [Tribunal
Federal]. Ou seja, nós temos aí um caminho a percorrer pela frente”.
Futuro
O
senador Tasso Jereissati disse que este é o momento de o partido fazer uma
“grande reflexão sobre seu futuro”. “O partido tem que se revisitar, como foi
usado o termo, fazer uma reflexão sobre os seus erros, os erros que cometeu,
onde não está mais conectado como nós queríamos com a população. [Queremos]
fazer uma convenção, ou quem sabe, o mais cedo possível, eleger uma nova
executiva, talvez em agosto ainda, e discutirmos um novo programa”.
Questionado
sobre a saída de Aécio Neves do partido, ele disse que, nesta convenção a ser
realizada, não haverá apenas a eleição de uma nova executiva, mas “vai haver
também uma ampla discussão sobre o futuro do partido”.
Anfitrião
O
governador Geraldo Alckmin considerou a reunião “bastante proveitosa” e disse
que é importante que se discuta a questão da executiva do partido e também do
programa partidário, incluindo reformas macro e microeconômicas, reforma
política, voto distrital misto, parlamentarismo, além de formas de se deixar as
campanhas mais baratas, proibir coligação proporcional, entre outras. Segundo
ele, deve ser discutido “um conjunto de propostas ousadas do PSDB para a
sociedade”.
Sobre
o apoio do partido ao governo Temer e às reformas, ele disse que a reunião não
era para deliberar, porque não era uma reunião da executiva. "Acho que vai
ficando claro na consciência de todos os líderes qual o melhor caminho para o
futuro”. Questionado qual seria este caminho, o governador se retirou do local
sem responder.
Lideranças
A
reunião começou por volta das 19h30 dessa segunda-feira na ala residencial do
palácio e terminou por volta das 23h30. A assessoria de imprensa do governador
Geraldo Alckmin não confirmou o teor do que foi discutido no encontro.
Estavam
presentes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o prefeito de São Paulo,
João Doria; o senador José Serra (SP); o governador de Goiás, Marconi Perillo;
o governador do Paraná, Beto Richa; o governador do Mato Grosso do Sul,
Reinaldo Azambuja; o senador e presidente em exercício do partido, Tasso
Jereissati; o senador Aécio Neves (MG); o governador do Mato Grosso, Pedro
Taques; o senador Cassio Cunha Lima (PB); senador Paulo Bauer (SC); deputado
federal Ricardo Tripoli (SP); o deputado federal e secretário-geral do partido,
Silvio Torres (SP); o senador José Aníbal (SP); e o secretário da Casa Civil do
Estado de São Paulo, Samuel Moreira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi