Senadores
de governo e de oposição atrasaram em mais de 40 minutos hoje (12) a sabatina
da subprocuradora Raquel Dodge na Comissão de Constituição e Justiça da Casa
para repudiar uma manifestação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), sobre a reforma trabalhista. Após a aprovação do texto no
Senado, na noite de ontem (11), Maia disse, pelo Twitter, que a Câmara não
aceitará mudanças na lei. “Qualquer MP [medida provisória] não será reconhecida
pela Casa”, escreveu o deputado.
Revoltados,
os senadores lembraram a carta enviada a eles pelo presidente da
República, Michel Temer, pedindo apoio para aprovação da reforma trabalhista e
se comprometendo a vetar e reenviar ao Congresso por meio de medida provisória
alguns pontos polêmicos da proposta que foram alvo de inúmeras emendas de
parlamentares. Muitos senadores só concordaram em manter o texto aprovado pela
Câmara depois desse acordo.
“Quero
aqui reafirmar o compromisso de que os pontos tratados como necessários para os
ajustes e colocados ao líder do governo, senador Romero Jucá, e à equipe da
Casa Civil, serão assumidos pelo governo, se esta for a decisão final do Senado
da República. Reputo esse entendimento como fundamental para melhorar a vida de
milhões e milhões de brasileiras e brasileiros e sempre estarei aberto ao
diálogo e ao entendimento, vetores fundamentais para o fortalecimento da
democracia no nosso Brasil”, disse Temer na carta que à época foi lida na CCJ
pelo líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR).
Companheiro
de partido de Maia, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) destacou que o
entendimento foi feito publicamente. “O líder leu o acordo aqui na comissão.
Todos nós assinamos as modificações para decidir que a não inclusão seria a
acrescida peça MP. É inadmissível que o presidente da Câmara venha agora,
depois da matéria votada, dizer que é retrocesso aquilo que foi acrescido. O
Senado saberá reagir fortemente e exigir que acordo seja cumprido. Resposta
grosseira, inoportuna e deselegante. Acredito que terá a humildade de se
pronunciar e retroceder de uma atitude que nada acrescenta a um momento tão
grave como este”, criticou.
A
senadora Simone Tebet (PMDB-MS) classificou a declaração de Maia de “infeliz”.
“[Maia] não tem poder de barrar qualquer acordo firmado entre o governo e a
base aliada”, ressaltou.
O
senador Lasier Martins (PSD-RS) disse que, com essa atitude, Maia se mostra um
ditador. “Atribuo à essa declaração uma atitude esquizofrênica”, acrescenta.
Armando
Monteiro (PTB-PE) também atacou Rodrigo Maia e disse que a manifestação parece
mais de alguém que já se via na cadeira do presidente da República do que
propriamente do presidente da Câmara.
Derrotados
ontem na votação da reforma trabalhista, senadores de oposição também
engrossaram o coro dos governistas contra a atitude de Rodrigo Maia. O senador
Jorge Viana (PT-RJ) considerou que Maia "desmoralizou o Senado" ao se
pronunciar "pelo Twitter, como Donald Trump".
As
manifestações dos senadores sobre a declaração do presidente da Câmara
ocorreram antes da sabatina da subprocuradora Raquel Dodge, indicada para
assumir como procuradora-geral da República no lugar de Rodrigo Janot, que
termina o mandato em setembro.
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