
Pacheco
afirmou que não cabe “fatos novos” no processo que analisa a denúncia pelo
crime de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer apresentada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR), em análise na CCJ. Após explicar que
cabe ao colegiado apenas a análise da admissibilidade ou não da denúncia,
Pacheco indeferiu diversos requerimentos para que Janot, responsável pela
acusação, se manifestasse na comissão, assim como os advogados do presidente,
que terão direito a dois momentos de fala.
“O
entendimento é que não se admite a sustentação oral, ou qualquer tipo de
esclarecimento do procurador-geral da República, no âmbito da Câmara dos
Deputados. O que a Câmara deverá fazer é opinar sobre aquilo que existe no
Supremo Tribunal Federal (STF), ou seja, a denúncia escrita do PGR, o inquérito
policial em que se baseou essa denúncia, a defesa escrita do presidente. A
denúncia não tem que ser nem mais nem menos daquilo que está escrito, não admite
qualquer tipo de incremento”, afirmou.
Apesar
da decisão, os deputados poderão recorrer ao plenário da CCJ contra a negativa
dos requerimentos. Parlamentares da oposição não descartam a possibilidade de
ir ao STF contestar a decisão do presidente da CCJ, o que na avaliação de
Pacheco ocorreria sem “fundamentação jurídica”.
"O
próprio Regimento Interno em seu econômico tratamento do assunto prevê que seja
apresentada defesa no âmbito parlamentar, mas não prescreve o mesmo diploma
sustentações ou esclarecimentos no tocante à denúncia”, argumentou. Segundo
ele, o processo penal impõe o chamado “limite da acusação”, que já deve vir
“ampla e suficientemente” explicitada na peça acusatória.
Requerimentos
Além
de Janot, os requerimentos apresentados pelos deputados solicitavam a oitiva de
outras pessoas ligadas às investigações. Desde que o processo chegou à Câmara,
na última quinta-feira (29), 22 requerimentos foram apresentados à CCJ. Parte
deles solicita o comparecimento dos executivos do grupo J&F, Joesley
Batista e Ricardo Saud, que firmaram acordo de delação premiada, além dos
ex-assessores de Michel Temer, José Yunes e Rodrigo Rocha Loures. Um
representante da equipe de peritos da Polícia Federal que analisou o áudio da
conversa entre Temer e Joesley, os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, e
o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi preso nesta semana pela Operação
Greenfield, também foram listados como possíveis depoentes do processo.
“Há
outros requerimentos e questões de ordem, relativamente a oitiva de pessoas,
para que se transformasse a CCJ num palco de instrução probatória. […] Não cabe
esse tipo de explicação. Se houvesse uma necessidade de aclaramento da denúncia
por algum motivo, e esse não é um fundamento razoável, é porque a denúncia não
é suficientemente clara, então é inepta”, justificou Pacheco.
A
maioria dos requerimentos foi protocolada por integrantes da oposição. Alguns
parlamentares pediam ainda a realização de audiência pública com a participação
do próprio presidente Temer.
Denúncia
No
inquérito, Temer é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
de ter aproveitado da condição de chefe do Poder Executivo e recebido, por
intermédio do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, “vantagem indevida” de R$
500 mil. O valor teria sido ofertado pelo empresário Joesley Batista, dono do
grupo JBS, investigado pela Operação Lava Jato.
A defesa
do presidente Michel Temer argumenta que as provas contidas na denúncia
não são concretas e que o presidente não cometeu nenhum ilício. Temer fez um
pronunciamento em que classificou a denúncia de "peça de ficção" e
questionou a atuação de Janot.
Tramitação
A
partir da apresentação da defesa do presidente, a CCJ terá cinco sessões da
Câmara para a apresentação, discussão e votação do parecer, concluindo pelo
deferimento ou indeferimento do pedido de autorização para a investigação.
Concluída essa etapa, o parecer será lido e votado no plenário da Câmara. Para
que a Casa autorize a investigação contra o presidente Michel Temer são
necessários os votos de, no mínimo, 342 deputados favoráveis à autorização, o
que representa dois terços dos 513 deputados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi