sexta-feira, 2 de junho de 2017

Tabocas - ST – big bem – o início


Por Antonio Luiz Carlini escrito em 14/09/1997 publicado em 02/06/2017

Tudo era mata, MATA ATLÂNTICA maculada apenas por algumas picadas, por onde passaram os agrimensores e seus auxiliares. Sendo que já se passavam quinze anos, desde os primeiros lotes de terras, já estarem ocupados no Município, em Caldeirão por Carlini, duas famílias, Corteletti, três famílias, Zanotti, três famílias, Degásperi uma família e, em Tabocas só a Ziviani, mas ainda pensando estar em Caldeirão, devido terem acessado aos lotes, subindo pelo Vale do Rio Santa Maria e seus afluentes, quando Giácomo Corona, também vindo por aquela direção, recebeu e ocupou seu lote, seis quilômetros abaixo da nascente do Rio do Vale das Tabocas.

Foram informados, Giácomo e esposa, serem os primeiros a entrar naquele baixio do Vale, entre a primeira e a segunda cachoeira das Tabocas. 

Passaram-se quase três meses, desde a ocupação dos lotes, quando começou escassear demais os víveres para a sobrevivência, com alimentos, que combinados com caça e pesca, duraram mais, além de que, palmitos, ajudaram muito. Porém, nos dias sagrados, quando não trabalhavam na derrubada ou plantio de vegetais, como hortaliças e cereais, cuja colheita era planejada para menos de seis meses, a alimentação deles corria perigo, dada a distância que estavam do Patrimônio dos Polacos – Hoje Santo Antonio do Canaã – ou Boapaba, ou então Itapina, lá na margem direita do Rio Doce. Naquelas circunstâncias, caçar e pescar mantinha-os, mas a busca por palmito melhor, inclusive frutos de palmeiras, aos quais sabia o patriarca Corona serem comestíveis, por que observava os porcos selvagens, as cutias, os primatas, além das gordurosas antas e capivaras, deles se alimentarem. 

Em uma daquelas entradas pela MATA, seguindo na direção sul, depois que deixou seu barraco, naquela época, moradia, afastou-se da clareira já aberta, mais do que das vezes anteriores que o fizera. Estando no Alto de encosta, onde atualmente, esta a Capela de Nossa Senhora Auxiliadora – Tabocas -, Giácomo Corona ouviu o canto de um galo doméstico. Som vindo de um ponto mais baixo, mas bem próximo donde estava a concentração das Tabocas – taquara extinta no local -. Resolveu que almoçariam frango, pois, em sua concepção, alguém, dentre os colonizadores, havia perdido um galo, picadas afora. Foi se aproximando de onde vinha o som produzido pelo galo e ouviu um latido de cão. Irritou-se ao lembrar que ao receber o lote, as autoridades imperiais brasileiras lhe garantiram não haver lobos ou cães selvagens nas florestas capixabas. Empunhou a espingarda. Engatilhou, pois, sabia que agora teria que disputar aquele galo com os possíveis caninos, espreitando-o sob a árvore, onde ao certo o galo perdido se havia empoleirado para escapar aos predadores selvagens.

Aproximando-se mais, sem ter ainda localizado o galo pretendido, foi descoberto pelo cão doméstico que mais o recepcionava do que ameaçava. Tendo o cão seguido em retorno para a direção de onde viera, Corona o seguiu e visualizou a clareira, um barraco semelhante ao seu e crianças italianas naquele terreno sem vegetação o observando. O galo correu esconder-se no outro lado da cabana e foi acompanhado por umas galinhas. Quando uma das crianças gritou chamando pelo pai que no momento estava fora da clareira, aumentando a estradinha de acesso à margem do Rio Tabocas, ainda servindo-lhes de área de serviço e água para uso doméstico. Por uma abertura na cabana, à guisa de porta, saiu uma senhora jovem, que lhe acenou em cumprimentos italianos e do outro lado apareceu aquela caricatura de Bandeirante, só que muito mais jovem do que Domingos Borba Gato - O ANHANGUERA -. 

Era o encontro de Giuseppe Baptisti com seu primeiro vizinho de Tabocas, o pioneiro Giácomo Corona, este que depois de atravessar dois lotes, os quais, posteriormente couberam a Henrique Ferrari e Giocondo Zamprogno.
Por longo tempo conversaram. E entre os assuntos, surgiu a necessidade de ambos em mais encontros para as rezas, juntando as duas famílias, enquanto que ainda não se ajeitavam para planejar uma Capela, que só foi possível quando mais famílias chegaram, tais como os Loss, (quatro clãs), Zamprogno, Ferrari, Thommasini, Passamanai, Sperandio, Stinghel e outra vinda de Coser, por que os pioneiros estavam em Caldeirão. 

Entretanto, dedicaram algum tempo fora de suas roças, para abrir a picada, subindo o Vale do Rio, transpor o Divisor de águas e acessar mata adentro, as cabeceiras do Rio São Lourenço, para chegarem mais fácil ao Núcleo Antonio Prado, onde já havia concentração de italianos querendo também, melhorias como eles nas condições de vida, já que as autoridades brasileiras os desassistiam por completo.
Giuseppe Baptisti, um dos pioneiros de Tabocas, fez muito esforço físico para a existência da Estrada Velha de Tabocas, pois, para alimárias de tropas, tinha que ser mais larga, agilizando a passagem dos lotes de café, ligando-a com Santa Teresa – Antigo Núcleo Antonio Prado ou Núcleo THIMBUHI. Porém, menos de trinta anos depois, estava ele ás voltas com esforço físico e financeiro para realizar uma estrada para caminhões, já que a de Santa Teresa e Figueira de Santa Joana –Itarana – se concluía. 

TABOCAS = Espécie de taquara. Origem do nome= Tupi-guarani. O Vocábulo compõe-se de uma frase dos aborígenes, unindo taba, coletivo de casas e oca, a casa, pois, o Padre José de Anchieta escreveu que no original, seria o certo dizer tabaóca! Por que aquelas taquaras abrigavam inúmeras espécies dos animais silvestres do Vale.

ANHANGUERA = Diabo Velho! Anhangá, o espirito mau, que existe há muito tempo!

DOMINGOS BORBA GATO = Bandeirante Paulista que incendiou aguardente para amedrontar os silvícolas reticentes em lhe mostrar onde se iniciava o filão de Ouro nas Minas Gerais!


Quer queira ou não, os historiadores que passaram por Universidades, por mais que trabalharam em suas pesquisas, não conseguiram ver o brilho da alma, nos olhos de nossos colonizadores chorando a saudade da Itália ou Alemanha, com especial atenção aos pais que lá ficaram, por que não aguentariam a fatídica viagem!

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Dag Vulpi

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