Por
Laila de Languiche* no site da DAHW Brasil
Sou
hansenologista , e dermatologista há 18 anos. Dar o diagnóstico de hanseníase
ainda é muito difícil para mim e certamente também para meus colegas de
profissão. O estigma que infelizmente esta doença ainda carrega dificulta muito
nosso trabalho em todas as áreas da saúde.
Confesso
que no inicio de minha carreira algumas vezes me deparei tentando encontrar
outros diagnósticos que justificaria tais sintomas. As vezes protelava um
diagnóstico evidente, com receio de precipitar-me. Solicitava e até repetia
exames complementares.
Imaginava as múltiplas consultas e acompanhamento que este paciente deveria se submeter nos próximos meses, nas possíveis reações adversas que porventura poderia comprometer o paciente e a dificuldade de abordagem social. A reação da sua família. O medo de rejeição e a incerteza da aceitação.
Sempre
apaixonada pela hanseníase, este assunto acabou sendo corriqueiro na minha
família, onde todos entendem e compartilham minhas frustrações e dilemas, se
surpreendem quando escutam mitos bíblicos desta doença, como perda de dedos
etc, são muito pro ativos contra a estigmatização e não tem medo algum de
contrair esta doença, já que tiveram a oportunidade de conhecê-la. Não hesitei
em perguntá-los o que eu poderia dizer de mais precioso a um paciente que acaba
de receber seu diagnóstico de hanseníase. E qual foi minha grande surpresa
quando escutei:” fale que tem cura!”
Eis
o que eu gostaria de enfatizar aos pacientes que acabam de receber seu
diagnóstico: saibam o quanto é e foi difícil seu médico chegar a seu
diagnóstico, saiba que o preconceito é oriundo da desinformação, saiba que é
normal ter medo e dúvidas. Voce deverá ser muito paciente. Conte com seu
médico, que é capacitado para explicar todas suas dúvidas e ouvir suas queixas.
A convivência será próxima e longa, seus encontros mensais ou mais curtos
ainda. Tome seus medicamentos corretamente pois será essencial para o sucesso
de seu tratamento, efeitos secundários podem existir mas serão perfeitamente
controláveis.
E
acima de tudo: saiba que a hanseníase tem cura.
*Laila de
Languiche (Dermatologista)
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