Morreu
no início desta semana, em Medellín, na Colômbia, o ex-árbitro Guillermo
Velásquez, aos 84 anos, celebrizado na história do futebol mundial por tentar
expulsar Pelé de campo e acabar ele próprio expulso para que o jogo pudesse
continuar com o craque brasileiro em partida do Santos contra a seleção sub-23
colombiana, em Bogotá, conforme exigia o público que lotava o Estádio El
Campín.
O
fato aconteceu no dia 17 de julho de 1968, e o Santos era a equipe mais
poderosa do mundo, com Pelé no auge da forma, durante um dos inúmeros amistosos
que o time disputava pelo mundo naquela época. Era comum a equipe paulista
golear os adversários, mesmo os principais times do mundo, com Pelé marcando
gols em quase todos os jogos.
Guillermo
Velásquez era do quadro da Fifa e um dos principais árbitros do futebol
mundial, que durante a carreira apitou em quatro Jogos Olímpicos e na Copa do
Mundo de 1970, no México, na qual o Brasil foi tricampeão com Pelé como seu
principal destaque.
Durante
o jogo entre seleção colombiana sub-23 e Santos, pouco antes do final do
primeiro tempo, Pelé fez uma falta violenta, por trás, no zagueiro colombiano
Luis Eduardo Soto. Velásquez não hesitou: na época, não existia cartão vermelho
– nem amarelo – no futebol, e o árbitro simplesmente apontou o vestiário para o
craque brasileiro. Mas ele não chegou a sair de campo, e sim o árbitro.
Revolta da torcida
A
expulsão de Pelé provocou a revolta do time do Santos, que partiu para cima do
árbitro. Mas, pior ainda para ele, é que a torcida colombiana também começou a
protestar com gritos e vaias por todo o estádio e a situação começou a se
tornar perigosa para a segurança de todos. Afinal, os torcedores estavam lá e
pagaram ingresso exatamente para ver Pelé jogar.
Para
evitar que a situação se agravasse, a federação colombiana tomou uma atitude
inédita no futebol mundial: decidiu substituir o juiz e permitir que Pelé
continuasse em campo. Nos dias de hoje, seria como um autêntico cartão vermelho
para o árbitro, que alegou como motivo da expulsão, além da falta praticada por
Pelé, ter sido ofendido pelo jogador.
Conforme
Velasquez relatou anos mais tarde à imprensa colombiana, foi o assistente
número 1 da arbitragem (ou bandeirinha, como se dizia na época), Omar Delgado,
quem lhe levou o recado sobre seu afastamento da partida determinado pelos
dirigentes colombianos, e a ordem para que Delgado apitasse o restante do jogo.
Velasquez se conformou, deixou o gramado, e a partida continuou sem problemas,
terminando com a vitória do Santos por 4 a 2, com um gol de Pelé, que, naquele
ano, marcou 54 vezes com a camisa santista pelo mundo afora.
Surgimento
dos cartões
Os
cartões amarelo e vermelho no futebol, para advertir e expulsar jogadores, só
foram introduzidos no futebol pela Fifa no Mundial de 1970, sendo que nenhum
cartão vermelho foi aplicado durante o torneio. No mundial de 1930, na partida
entre Romênia x Peru, o árbitro chileno Albert Warren expulsou de campo, sem
cartão, o atleta peruano Garlindo, sendo esta a primeira expulsão registrada em
mundiais.
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