O
secretário da Hack Miami, Rod Soto, disse nesta segunda-feira (15) à Agência
EFE que não há dúvida de que a Rússia "é parcialmente
responsável" pelo ciberataque global que afetou mais de 200 mil
computadores desde a sexta-feira. A Hack Miami é uma comunidade de "hackers éticos"
do sul da Flórida, nos Estados Unidos (EUA),
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Soto
disse que foi o grupo The Shadow Brokers (Corretores das Sombras), piratas
cibernéticos "vinculados ao Kremlin", que usou um código que figurava
nos arquivos da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos
Estados Unidos e que foram divulgados no site WikiLeaks.
Uma
vez publicado esse código, os criminosos cibernéticos puderam baixá-lo e
adaptá-lo para seus propósitos de obter dinheiro para decodificar os sistemas
operacionais e arquivos dos computadores previamente infectados com o ransomware (tipo
de ciberataque que infecta os computadores e depois cobra um resgate) WannaCry
e que ficam inacessíveis para seus usuários, disse o especialista em segurança
cibernética.
"Abriram
a caixa de Pandora", afirmou Soto, em referência ao grupo The Shadow
Brokers.
Mutações e precauções
Em
resposta à afirmação do presidente russo, Vladimir Putin, de que a origem
primária da informação que levou ao ciberataque foi a CIA (Central Intelligence
Agency, a central de inteligência americana), Soto disse que, apesar de a
agência NSA ter parte do código há algum tempo, nunca aconteceu nada até sua
publicação pelo grupo The Shadow Brokers, que também estaria envolvido nos
vazamentos do WikiLeaks.
Soto
disse ter certeza de que haverá diversas mutações do vírus WannaCry e destacou
que os países do Terceiro Mundo, onde há maior número de usuários de programas
piratas, podem ser os mais afetados.
Como
primeira medida preventiva, ele recomendou a instalação da atualização MS17-010
para Windows que a Microsoft lançou em março e, sobretudo, ter "precaução
e bom senso" na hora de abrir mensagens de e-mail, pois o WannaCry
usa este caminho para infectar os computadores.
Seguir o dinheiro
Rod
Soto mostrou-se seguro de que os responsáveis pelo ciberataque serão
descobertos e disse que os "hackers éticos" podem ser de grande
ajuda nesse processo, pois estão na linha de frente da luta contra os
criminosos cibernéticos. Para o especialista em cibersegurança, “é preciso
seguir a pista do dinheiro” para encontrar os autores do ciberataque global.
O
FBI, a polícia federal investigativa dos EUA, em um comunicado de 2015, estimou
em US$ 18 milhões o custo da extorsão cibernética para os consumidores.
Geralmente
os chantagistas cibernéticos exigem de suas vítimas o pagamento em bitcoins (moedas
digitais criptografadas), que "não estão presas a regulamentos, não têm
limitações nas quantidades e são difíceis de ser rastreadas", disse Soto à
EFE em uma entrevista realizada em janeiro durante uma reunião do Hack Miami,
na qual foram discutidos vários crimes cibernéticos.
O
Hack Miami realizará nos próximos sábado e domingo (20 e 21) sua quinta
conferência anual da qual devem participar de cerca de 250 especialistas em
segurança cibernética e que deve ter o WannaCry entre os assuntos destaque,
informou Soto.
Resgates
Apesar
de mais de 300 mil computadores em 150 países terem sido infectados desde
sexta-feira pelo ciberataque global, seus responsáveis arrecadaram menos de US$
70 mil com a chantagem sobre os afetados pelo vírus que pagaram para recuperar
seus dados, informou nesta segunda-feira o governo dos Estados Unidos.
Nenhum
dos sistemas do governo americano foi afetado até agora pelo vírus global,
disse aos jornalistas o assessor de Segurança Nacional do governo americano,
Tom Bossert. Ele negou que os EUA tenham "fabricado o vírus", como
sugeriu a Rússia.
O
ciberataque "estendeu-se a 150 países e afetou mais de 300 mil máquinas,
mas a boa notícia é que as taxas de infecção diminuíram ao longo do fim de
semana", afirmou Bossert em entrevista coletiva na Casa Branca.
Apesar
da ganância dos responsáveis pelo vírus, "parece que foram pagos menos de
US$ 70 mil em resgates", e que os que efetuaram esses pagamentos não
conseguiram "recuperar nenhum de seus dados", disse Bossert.
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